São José: no coração do Papa, no coração da Igreja

São José: no coração do Papa, no coração da Igreja

Em 19 de março de 2013, poucos dias após ter sido eleito Papa, Francisco inaugurava seu Pontificado na Praça São Pedro, diante de milhares de peregrinos. A data escolhida não poderia ser mais propícia. É como se a providência coroasse a devoção de Jorge Mario Bergoglio ao santo que o acompanhava desde o início de sua vocação. Naquela Missa, Francisco falava de José como o “homem a quem Deus confiou a missão do cuidado”. Cuidado que ele, como Bispo de Roma, teria a partir daquele dia para com a casa de Deus no mundo de hoje, a Igreja.

Neste Ano Josefino, convocado pelo Papa para celebrar os 150 anos da proclamação de São José como Padroeiro da Igreja, celebrar a Solenidade de hoje tem um caráter especial. Trata-se de uma oportunidade de contemplar aquele que cuidou de Jesus “com coração de pai”, como aponta Francisco na Carta Apostólica Patris Corde.

“Depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José, seu esposo. Os meus antecessores aprofundaram a mensagem contida nos poucos dados transmitidos pelos Evangelhos para realçar ainda mais o seu papel central na história da salvação: o Beato Pio IX declarou-o ‘Padroeiro da Igreja Católica’, o Venerável Pio XII apresentou-o como ‘Padroeiro dos operários’; e São João Paulo II, como ‘Guardião do Redentor’. O povo invoca-o como ‘padroeiro da boa morte’”, diz o Papa no início da Carta.

O santo de tantos títulos ocupa um lugar especial no coração do Santo Padre. A história começa na Basílica San Jose de Flores, em Buenos Aires. Foi lá que, durante uma confissão, o jovem Bergoglio sentiu que seria sacerdote. No livro “A vida de Francisco”, a jornalista argentina Evangelina Himitian transcreve um trecho de uma entrevista do então cardeal a uma rádio.

“Eu frequentava essa Igreja. E simplesmente entrei ali, senti que tinha de estar. Essas coisas que você sente por dentro. Que não se sabe como. E olhei. Estava escuro nessa manhã de setembro. E vi que um padre vinha caminhando. Não o conhecia. Não era da Igreja. Sentou-se no último confessionário, à esquerda, olhando para o Altar. E aí já não sei o que me aconteceu… senti como se alguém me agarrasse por dentro e me levasse ao confessionário. Não sei o que aconteceu ali. Evidentemente lhe contei minhas coisas, me confessei. Mas não sei o que aconteceu. (…) Ali senti que tinha de ser padre. Não hesitei, não hesitei.”

O Papa Francisco nunca escondeu a sua grande devoção a São José. De Buenos Aires a Roma, o acompanhou a imagem de São José dormindo, que ficou conhecida após ter revelado que coloca, abaixo dela, seus problemas escritos em bilhetinhos.

“Amo muito São José, porque é um homem forte e silencioso. Na minha escrivaninha, tenho uma imagem de São José que dorme e, quando tenho um problema, uma dificuldade, escrevo um bilhetinho e meto-o debaixo de São José, para que o sonhe. Este gesto significa: reza por este problema!”

O “São José dormindo” na Casa Santa Marta, com os papéis escritos pelo Papa Francisco.

A importância do “homem dos sonhos” para a história da salvação fez com que o Papa também incluísse, logo no início do Pontificado, o nome de São José na Oração Eucarística, logo depois da citação à Virgem Maria, Mãe de Deus. Desta forma, a invocação ao pai adotivo de Jesus passou a estar presente no coração da Igreja, a Santa Missa.

Ao convocar o Ano de São José, Francisco concedeu um novo presente: a carta apostólica Patris Corde, que exalta o Esposo de Maria como um pai amado, na ternura, na obediência e no acolhimento. Um pai com coragem criativa, trabalhador e sempre na sombra. No documento, o Santo Padre traça um paralelo entre a figura humilde e justa de José e os homens e mulheres de hoje, especialmente os que sofrem as consequências da pandemia.

Na décima nota da Carta, Francisco mais uma vez ressalta a sua devoção pessoal a São José, citando trechos de uma oração de um antigo devocionário francês, que, segundo ele, expressa devoção e confiança ao santo.

Reze a oração:

Ó glorioso São José, a quem foi dado o poder de tornar possível as coisas humanamente impossíveis, vinde em nosso auxílio nas dificuldades em que nos achamos. Tomai sob vossa proteção a causa importante que vos confiamos, para que tenha uma solução favorável.

Ó Pai muito amado, em vós depositamos toda a nossa confiança. Que ninguém possa jamais dizer que vos invocamos em vão. Já que tudo podeis junto a Jesus e Maria, mostrai-nos que vossa bondade é igual ao vosso poder.

São José, a quem Deus confiou o cuidado da mais santa família, sede, nós vos pedimos, o pai e protetor da nossa, e impetrai-nos a graça de vivermos e morrermos no amor de Jesus e Maria.

São José, rogai por nós que recorremos a vós.

 


Reze também a oração com a qual o Papa Francisco encerra a Carta Patris Corde:

Salve, guardião do Redentor
e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho;
em vós, Maria depositou a sua confiança;
convosco, Cristo tornou-Se homem.

Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós
e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,
e defendei-nos de todo o mal. 

 

Confira a íntegra da Patris Cordeclique aqui!

Leia também:

Ano de São José: O coração de um pai trabalhador
Ano de São José: O Coração de um pai amado
Ano de São José: O coração de um pai na ternura 
Ano de São José: o coração de um pai na obediência
Ano de São José: um pai que acolhe

Por Pedro Colatusso – da Redação Jovens Conectados

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Email