Religiosos e detentos: em Anápolis, Símbolos da JMJ são recebidos pelos enclausurados

Religiosos e detentos: em Anápolis, Símbolos da JMJ são recebidos pelos enclausurados

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Porém, o povo nunca se esqueceu que o maior desenvolvimento advém da fé e como no início da construção de sua identidade, os anapolinos recebem em peregrinação nos dias 30 e 31 de maio, os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), doados aos jovens pelo papa João Paulo II, em 1985 e desde setembro do ano passado tem percorrido todas as dioceses do Brasil rumo à JMJ, no Rio de Janeiro.

A frase tema do Bote Fé Anápolis é profética, “Anápolis nunca mais será a mesma” . A cidade tem experimentado momentos de profundidade e fecundidade em todos os locais por onde a Cruz e o Ícone passam.

Nas ruas, durante a carreata de boas vindas, que percorreu as principais avenidas e reuniu cerca de 150 automóveis, as pessoas que trabalhavam, esperavam ônibus, ou transitavam pelas ruas corriam para ver a movimentação e a mera curiosidade se transformava em manifestação de fé, onde eles saudavam os símbolos com um sinal da cruz e acenos.

No horário de almoço, jovens e pessoas de toda a diocese lotaram a Catedral do Senhor Bom Jesus, que possui capacidade para mais de duas mil pessoas sentadas. Na ocasião, o bispo de Anápolis, Dom João Wilk ressaltou que a Cruz é um novo motivo e um sinal de esperança para o jovem, e que a diocese por esses dias é o centro do mundo, por acolher tão importantes marcas da fé católica . “A opção afetiva e efetiva da igreja é pelo jovem e isso se revela através da peregrinação da Cruz e do Ícone”, defende.

O Cristo crucificado no sofredor

Cruzanapolisdet1A música “Nova Geração”, de padre Zezinho, têm como personagem central o jovem de Nazaré que foi crucificado por ter ensinado o povo a viver. Esse mesmo jovem, vivo e ressuscitado quis visitar outros jovens que se encontram crucificados pelas drogas, nas grades da prisão, ou nos leitos do hospital.

Na antiga escola agrícola, atual “Viva Vida”, meninos com idade máxima de 18 anos, cumprem por decisão judical, internação para a recuperação no vício das drogas e para pagarem por infrações cometidas na sociedade.

Na ocasião, os adolescentes rezaram o terço da Misericórdia e cantaram diversas canções, entre elas, “abraço de pai”. Em procissão eles levaram a Cruz e o Ícone, para conhecerem todos os locais frequentados da unidade e até o chiqueiro, foi visitado pelas presenças de mãe e filho, tornando-se família de Nazaré com cada um.

A cadeia pública de Anápolis, é alvo de diversas crises, sobretudo de superlotação e falta de estrutura mínima para que os direitos humanos sejam garantidos. Há menos de seis meses a crise carcerária foi intensa, presos foram algemados nos corredores da Delegacia Geral da Polícia Civil, por falta de vagas em Anápolis e Goiânia.

Nesse ambiente de descaso do poder público, o rosto do Cristo sofredor, e da mãe das dores quiseram se fazer presentes. O diretor espiritual do Setor Juventude, padre Willian Delfino, refletiu sobre a importância do ser humano, mesmo que este tenha cometido erros e seja excluído. “Jesus não esquece os detentos, os excluídos da sociedade, porque Ele também passou por toda essa exclusão quando estava na cruz desfigurado, Cristo conhece o sofrimento e o abandono, mas depois dessa morte, vem a glória da ressurreição e essa ressurreição deve ser a esperança dos detentos”, alenta.

As detentas são, em sua maioria, mães, e perceberam na presença de Maria, uma amiga, que por passar pela maternidade e ter sofrido ao ver o filho morto na cruz, as entendia e amava, sem preconceitos. Muitas se emocionaram, pedindo à Mãe que as libertasse e conduzisse por um novo caminho.

Já na Santa Casa os símbolos peregrinaram nos corredores e quartos da instituição, levando alento aos marcado pela doença e sofrimento.

Alegria da minha juventude

Eles deixaram pais, trabalhos, riquezas e muitas vezes até a própria pátria. Decidiram doar a Deus o dom da juventude e fazer dela oferenda, a serviço do Reino. Eles mudaram as vestes, a aparência e assumiram as vestes e a aparência do esposo.

Nesta semana, as irmãs clarissas de todo Brasil, se reúnem em Anápolis para celebrar os 800 anos, de Santa Clara. Como crianças, elas pulavam, dançavam e cantavam de alegria ao receberem atrás das grades de clausura, os símbolos da JMJ. Uma a uma beijava a cruz, sob o entusiasmo das demais, que vibravam com cada gesto das companheiras para com a Cruz e o ícone.

Já o seminário maior, abrigou toda a comunidade religiosa advinda de diversos mosteiros. Os seminaristas prepararam tapetes feitos de cerragem colorida, para esse momento especial. A cruz e o Ícone foram recebidos com fogos de artifício, e com os hinos da JMJ, entoados pelos religiosos.

O diácono Daniel Oliveira Alves, membro da Ordem Santa Cruz, se emocionou ao falar do sentimento ao receber “em casa”, a Cruz e o Ícone. “Tenho o sentimento de gratidão! pois em 2000 fui até a Cruz em Roma, ontem ela entrou na minha casa: o mosteiro! DEUS é bom demais da conta”, alegra-se.

Pra te adorar

Ao sair do momento com as comunidades religiosas, a Cruz e o Ícone, seguiram para uma vigília que lotou a Catedral, com vários movimentos eclesiais e durou toda aos símbolos

Por Maria Amélia Saad

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