Diplomacia da Cruz

Diplomacia da Cruz

“A juventude não é apenas um período de vida (…), mas uma qualidade de alma que se caracteriza precisamente por um idealismo que se abre para o amanhã” (Beato JP. II). 

Diversas mãos carregam a cruz peregrina, todos os idiomas, e dialetos fazem o som, bandeiras dos países colorem o caminho. É a comunhão para carregar a cruz, que nasce da imaginação e, sugerem idealismos que contenham paz, bem, justiça, solidariedade, para questionar e vencer as mazelas do mundo, sem fundamentalismos radicais.

Jovens da Somália, e da região denominada de “Chifre da África”, clamam por ajuda. São cerca de 12 milhões de pessoas que estão ameaçadas pela fome na região, 3,6 milhões só na Somália, segundo a ONU, isso sem falar no campo de refugiados de “Dadaab” no Quênia, super lotado (em crise humanitária).

A velha, e conhecida matemática da divisão do bolo, realidade no mundo, ajuda aumentar o peso da cruz, riquezas concentradas nas mãos de poucos, regras do mercado financeiro (incentivo ao consumo exagerado) lucros sobre lucros, (destruição da natureza).

No continente africano, no Haiti e em nações esquecidas do planeta, os países mais ricos e parte da comunidade internacional revelam-se primitivos, apáticos, quando o problema é humanitário.

Caminhando com a multidão que carrega a cruz, em ecumênico grito de paz, como verdadeira comunidade do Oriente Médio (“Terra Santa”), israelenses, palestinos, sírios, líbios, iranianos, iraquianos, afegãos, paquistaneses, árabes, egípcios, e muitos em guerra.

A realidade dos povos do Oriente Médio não é a que imaginamos. Então aos “pés da cruz” rezemos pelos governantes e povos, sonhemos, com a “boa nova das boas novas”, quem sabe um dia, essa boa imaginação, se torne realidade. “Bem-aventurados os que trabalham pela paz, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).).”

Ajudando a sustentar um dos lados da cruz que peregrina, norte-americanos, em maioria de fé protestante, acenam com bandeiras da pátria de origem, tão conhecidas no mundo (tantas guerras), buscam respostas para os gargalos da economia, e terrorismo, unidos a eles: gregos, portugueses, espanhóis, italianos.

Cubanos, e tibetanos, no exílio, que caminham próximos da cruz, relembram, e partilham as palavras do Papa João Paulo II, quando visitou Havana em 1998. “Que Cuba se abra ao mundo com todas as suas magníficas possibilidades e que o mundo se abra a Cuba”.

Um polonês de muitas vocações, dentre elas a diplomática, certa vez disse: “a cruz veio ser para nós a Cátedra suprema da verdade de Deus e do homem.  Todos devemos ser alunos desta Cátedra em curso ou fora de curso.  Então compreenderemos que a cruz é também berço do homem novo”. (Beato JP. II).

Vamos caminhando, partilhando, e aprendendo, com os mistérios da Santa Cruz, que carrega as dores, e esperanças do mundo.  No trajeto que percorre a cruz um grupo de mexicanos tira de suas cabeças o famoso “sombrero” (chapéu), em sinal de respeito, para contemplar paz, e justiça, no sangue que foi derramado na cruz, pedem o fim da matança promovida pelo cartel do tráfico de drogas no México.

Unidos a mexicanos, e outros povos, brasileiros, colombianos, bolivianos, venezuelanos, paraguaios, argentinos, clamam na jornada da cruz, pelo fim da violência urbana, criminalidade, tráfico de drogas, armas, e seres humanos, além do combate a todo tipo de corrupção, em especial na política.

Milhares de flashs fotográficos são disparados, está passando a Santa Cruz, os japoneses registram tudo, e clamam a Deus, pelas vitimas dos desastres naturais, respeito pela natureza, e por uma sociedade que consuma com responsabilidade.

Chineses sonham com democracia, liberdade religiosa, respeito aos direitos humanos, assim como os norte-coreanos, que esperam na cruz o abraço da paz das pátrias irmãs.

A multidão segue iluminada pela cruz, quando de repente, seres humanos da “nação dos desempregados”, formada por trabalhadores de todas as idades, e pátrias, começam a reivindicar: “queremos emprego!” São imigrantes, gritam, e protestam, em seus respectivos idiomas, ecos da periferia inglesa, e francesa (sem violência, e conflitos urbanos).

Noruegueses ainda assustados com a “violência sem fronteiras” deixam na cruz um manifesto de paz, por um mundo sem terrorismo, guerras, covardias, e ideologias, que propaguem o ódio.

Seres humanos unidos, mazelas locais, e globais, batem à porta, precisamos ser perseverantes na caminhada. A Cruz faz, e exige em especial da Igreja Católica Apostólica Romana, mesmo quando perseguida, ou na clandestinidade, sob o símbolo da Santa Cruz, ser por vocação natural, embaixadas da esperança (farol onde brilha luz).

Ao clero (“diplomatas”) da “casa terra”, a missão de serem como nunca, “luz de partilha” embaixadores da paz, propagadores do bem, patrulheiros da justiça social.

Independente da fé que professemos, como católicos, cristãos, ou não, é missão praticarmos cidadania, no local que habitamos (fazer a nossa parte), “carregar a cruz, ser localmente o que queremos ver globalmente”, para juntos iluminarmos o mundo, e construir uma “casa” melhor.

“A cruz se transforma também em símbolo de esperança. De instrumento de castigo, passa a ser imagem de vida nova, de um mundo novo” (Beato JP. II)

Nós somos o mundo! O mundo necessita de luz.

Por Dado Galvão (documentarista, ativista)

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