Fernanda encontra o Papa durante JMJ 2013
Meses antes da JMJ 2013, Fernanda Sousa Ramalho de Abreu se preparava com seus amigos para a viagem de 1.320 quilômetros de Goiânia até o Rio de Janeiro. Em um de seus ensaios do ballet, a jovem de 18 anos deu um passo mal calculado e acabou quebrando o seu pé direito. O tratamento que deveria durar por volta de 25 dias já levava meses e o médico a proibiu de viajar, a menos que ela usasse uma cadeira de rodas para que as intensas atividades da viagem não afetassem sua recuperação.
“Quase todo mundo foi contra, porque eu teria que contar com a acessibilidade no Rio e em um evento de milhões de pessoas. As pessoas me chamaram de louca, irresponsável e tudo mais por querer ir para a JMJ. Mas eu não queria saber de como ia ser, pois sabia que Jesus ia providenciar tudo”, destaca Fernanda.
Amigos ajudaram Fernanda durante a JMJ
Com a ajuda dos amigos de sua caravana, em especial da amiga Suelen, as dificuldades não foram um problema e aqueles se tornaram os melhores dias de sua vida, em especial num momento: quando Fernanda encontrou o Papa Francisco e o abraçou. No último dia de evento, quando o Santo Padre andava pela avenida de Copacabana para celebrar a Santa Missa de encerramento, a jovem estava no caminho de Francisco com o coração cheio de esperanças pelo encontro que poderia nem acontecer.
“Nós vimos o papa chegando pelo telão e meu coração acelerou. Enquanto ele chegava percebi os seguranças correndo em minha direção e levei um susto (risos). Os seguranças pegaram a minha cadeira de rodas e me levantaram até o papa! Foi maravilhoso!!! Ele é muito lindo. Tem uma carinha muito fofa de vovô, e eu não sabia o que falar. Fiquei paralisada!”, descreve.
Após abençoar a jovem, Francisco afetuosamente a beijou no rosto e lhe deu um terço. O atencioso pontífice ainda abençoou e beijou a amiga, Suelen, que com caridade e misericórdia ajudou Fernanda com a cadeira de rodas em todos os dias em que esteve no Rio. Um momento que ela não deve esquecer.
Força para o que viria
Fernanda e a mãe durante o tratamento
A experiência com a providência e o amor de Deus que Fernanda viveu na JMJ a ajudaria a enfrentar um dos momentos mais difíceis de sua vida. Entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015, a jovem de 19 anos descobriu um cancêr chamado adenocarcinoma de ovário, o tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e o de menor chance de cura, já que cerca de 3/4 dos cânceres desse órgão apresentam-se em estágio avançado no momento do diagnóstico. As sessões de quimioterapia para o tratamento da doença começaram em 19 de março, no Dia de São José, recorda Fernanda.
“No início foi muito difícil. Não contei para ninguém nos três primeiros meses e só depois decidi contar para os meus amigos e foi maravilhoso. Recebi muita ajuda e carinho. Mas mesmo assim não foi muito fácil. O tratamento é bem pesado. Admito que houve momentos que eu cheguei a pensar que não ia conseguir, que até ‘briguei’ com Jesus porque meu sonho é ser mãe e existia uma chance muito grande de eu ficar estéril. Tudo foi se ajeitando com o tempo e, graças a Deus e por intercessão de Nossa Senhora, eu vou poder ter filhos!”, conta emocionada.
Para ela a experiência vivida na JMJ foi de fundamental importância para seguir o tratamento: “A JMJ me ajudou muito! Eu sempre falo que foi Deus me preparando pra receber essa notícia. Se não fosse essa experiência na JMJ eu acho que não teria metade da força que eu tive”.
A experiência de viver a JMJ em cadeira de rodas também marcou a jovem que, com uma deficiência temporária, pôde conhecer histórias de superação e fé que a inspiraram na luta contra o cancêr. “Da minha cadeira de rodas pude ver a luta das pessoas, o amor que um tem pelo outro, ver o quanto Deus ama todos nós e o quanto Ele cuida da gente. Lá eu pude ver de perto, ao conversar com outros cadeirantes, a força e a fé que eles têm, e isso me ajudou demais!”, acrescenta Fernanda.
Infelizmente Fernanda não poderá vir para a JMJ Cracóvia 2016. Mas o evento na Polônia está sempre em suas orações, feitas com o Santo Terço que o Papa Francisco deu a ela na JMJ 2013. Um “rodízio” foi feito para que o terço fosse utilizado também nas orações de amigos e assim rezar pela a JMJ, as intenções do Santo Padre e pela vida de Francisco.
Quem contou a história da jovem foi a mãe, Celma Maria Souza, que enviou uma mensagem privada na página oficial em português da JMJ no Facebook sem que Fernanda soubesse. A ela, só podemos agradecer por compartilhar essa linda história ao mundo.
Por Fabíola Goulart
