As redes virtuais ainda são úteis?

As redes virtuais ainda são úteis?

Não é de hoje que a tecnologia faz parte do cotidiano de pessoas de todas as idades pelo mundo afora. Há quase quinze anos estudando e atuando nos meios digitais, percebo um enfraquecimento quanto à usabilidade da ferramenta. É como se, de uma hora para outra, os conteúdos servissem apenas para entreter e não para formar e até mesmo gerar negócios. Talvez porque a diversão nunca tenha sido vista com seriedade, afastando qualquer possibilidade de novos empreendedores surgirem em nível nacional.

Vamos aos números: no Brasil, temos a assustadora marca de dois celulares por habitante; a totalidade da população tem pelo menos um aparelho de televisão; quase metade da população tem acesso à internet; e, neste cenário, somos um dos últimos países na produção de games e conteúdos para a internet.

Faço o registro de que precisamos imediatamente sair desta esfera de repetidores de conteúdos. Parece que estamos fadados a rir e observar o sucesso alheio enquanto pagamos assinaturas para não aprendermos absolutamente nada. Desta forma, o nome usuário bem se aplica neste contexto, onde o vício pelas novas ferramentas destrói vínculos afetivos, destrói a personalidade do usuário e o coloca num processo de sonolência diante de tanta informação e oportunidade.

Quem leu este texto até aqui, vai achar que tenho por finalidade demonizar os novos meios de comunicação. Mas essa não é minha intenção. Sou tremendamente apaixonado por novas tecnologias e por suas facilidades geradas para o nosso dia a dia. Na verdade, estou cansado de “especialistas” depreciando este novo tempo, sem nem ao menos testar qualquer uma das plataformas atacadas.

É impossível falar de mudança quando não entendemos que ela deve começar de dentro para fora. Amontoamos-nos pelas areias do Rio de Janeiro na visita do Santo Padre durante a JMJ, em Julho de 2013. Depois de tanto compromisso firmado naqueles dias, nós nos limitamos a compartilhar e curtir argumentos de terceiros. Estamos conectados através da virtualidade e cada vez mais desconectados da realidade.

Não tenho o interesse de criticar, e sim de constatar o perigo que nos espreita. O perigo de termos nossas vidas e criatividades roubadas. Eu gostaria de ver a juventude se manifestando de maneira contundente e não repetindo modelos que em nada agregam para sua vida ou de outrem. Está na hora de mudar.

Esta mudança pode vir do mundo virtual. Agora, se não acontecer imediatamente, desconecte-se um pouco e venha para a rua. No mínimo, você vai encontrar a vida real, que pode não ser totalmente prazerosa, mas, pelo menos, é verdadeira.

Por: Ricardo Quaresma Chagas – consultor educacional

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