Ao falarmos em perdão – especialmente durante o tempo quaresmal – facilmente nos veem à mente a Confissão (clique aqui). Sim, nossos pecados são perdoados pelo Sacramento da reconciliação, desde que tenhamos verdadeiramente nos arrependido, mas este é um “outro tipo” de perdão… o do pecador arrependido que busca se reconciliar com Deus…
Mas perdoar também significa amar, significa buscar ser melhor a cada dia… Perdoar e pedir perdão pelas vezes que erramos com os outros, pelas vezes que não temos tempo de dar atenção ao irmão ou ao amigo que precisa desabafar…
Perdoar nos renova!
O que nos renova é abrir o coração aos sentimentos novos, ao que é bom – e não ocupar espaço no coração com rancores e mesquinharias.
Papa Francisco ressalta na Exortação Apostólica “Christus Vivit” (120): Deus nos ama e nos abraça apesar de todas as nossas fragilidades e contradições:
“Nós somos salvos por Jesus, porque ele nos ama e não pode deixar de o fazer. Podemos fazer qualquer coisa, mas ele nos ama e nos salva. Porque somente o que se ama pode ser salvo. Somente o que se abraça pode ser transformado. O amor do Senhor é maior do que todas as nossas contradições, que todas as nossas fragilidades e que todas as nossas mesquinharias. Mas é precisamente através de nossas contradições, fragilidades e mesquinharias que Ele quer escrever esta história de amor. Abraçou o filho pródigo, abraçou Pedro depois das negações e sempre nos abraça, depois das nossas quedas ajudando a nos levantar e nos pôr de pé. Porque a verdadeira queda – atenção para isso – a verdadeira queda, a que é capaz de arruinar-nos a vida é a de permanecer no chão e não deixar-se ajudar”.
Que possamos a cada dia deixar que Deus nos cuide, deixar que o coração encontre espaço para os sentimentos melhores e que saibamos perdoar, seja nas pequenas ou nas grandes situações.
Por fim, lembremo-nos sempre:
“Christus Vivit” (121): Seu perdão e sua salvação não são algo que compramos ou que temos que adquirir com nossas obras ou com nossos esforços. Ele nos perdoa e nos liberta gratuitamente. Sua entrega na Cruz é algo tão grande que não podemos, nem devemos pagar, só temos que receber com imensa gratidão e com a alegria de ser tão amados antes que pudéssemos imaginar: “ele nos amou primeiro” (1Jo 4,19).

Em 13 de maio de 1981, dois tiros em plena Praça de São Pedro tinham levado o Papa à beira da morte num dia de N. Sra. de Fátima. Em 27 de dezembro de 1983 o Papa João Paulo II foi até o presídio de Rebibbia, em Roma, para se encontrar com o presidiário turco Mehmet Ali Ağca (o atirador); “Rezo pelo irmão que me feriu, a quem perdoei sinceramente”. Visita de JP II a Ali Ağca, na prisão de Rebibbia, em Roma (Vatican Media)
Por Juliana Cuani, da Redação do Jovens Conectados.