O dia 16 de julho de 1645 foi um domingo. Naquele dia, cerca de 70 fiéis estavam reunidos na capela de Nossa Senhora das Candeias, perto do Engenho de Cunhaú (a 65 quilômetros de Natal) para a missa. Quando o padre André de Soreval ergueu o Corpo de Cristo para adoração, as portas da igreja foram fechadas e começou um massacre que terminou com todos os fiéis mortos. O ataque, levado a cabo por uma tropa formada por holandeses calvinistas e por índios das etnias tapuia e potiguar, foi comandado por uma alemão chamado Jaco Rabe, que estava a serviço dos holandeses, que, na época, dominavam o Nordeste brasileiro.
Meses depois, em 3 de outubro, novo massacre aconteceu. Desta vez o cenário foi o Engenho do Uruaçu, para onde foram levados cerca de 80 católicos aprisionados na Fortaleza dos Reis Magos, em Natal, e em Potengi. Lá, comandados novamente por Jacó Rabe, duas centenas e índios canibais e alguns soldados holandeses se lançaram sobre os fiéis e os mataram com requintes de crueldade. Um deles, Mateus Moreira, teve o coração arrancado pelas costas enquanto exclamava: “Louvado Seja o Santíssimo Sacramento”.
Das cerca de 150 vítimas dos dois episódios, 30 foram identificados – dois padres e 28 leigos. Em 5 de março de 2000, o Papa João Paulo II beatificou os 30 mártires, que morreram em razão de sua fé católica. Na ocasião, o Santo Padre lembrou a evangelização do Brasil.
– Hoje, uma vez mais, ressoam aquelas palavras de Cristo, evocadas no Evangelho: “Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (Mt 10, 28). O sangue de católicos indefesos, muitos deles anónimos crianças, velhos e famílias inteiras servirá de estímulo para fortalecer a fé das novas gerações de brasileiros, lembrando sobretudo o valor da família como autêntica e insubstituível formadora da fé e geradora de valores morais – disse o Papa João Paulo II na missa de beatificação.
O Postulador da Causa de beatificação desses Mártires, Monsenhor Francisco de Assis Pereira (falecido em 2011), disse, pouco antes da beatificação, que “a memória dos servos de Deus sacrificados em Cunhaú e Uruaçu, em 1645, permaneceu viva na alma do povo potiguar, que os venera como autênticos defensores da fé católica”.
Com informações da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Natal