“O melhor de Deus ainda está por vir”, testemunho de um jovem pai de quatro filhas

“O melhor de Deus ainda está por vir”, testemunho de um jovem pai de quatro filhas

Ser pai é uma vocação sagrada, que provém do amor, dos sonhos de Deus. Papa Francisco diz que “esse amor familiar faz milagres, compensando lacunas, feridas e vazios, realizando milagres”. Nesse Dia dos Pais, o Jovens Conectados traz o testemunho do jovem pai, Caio Lima (30), que é casado com Alanna Alves e juntos, eles têm quatro filhas: Marília, Clara, Teresa e Agnes. Confira:

Caio Lima e sua família

Eu fui pai aos 23 anos de idade. Eu e minha namorada tivemos relação sexual antes do casamento e, desta relação, veio Marília, minha filha mais velha, hoje com quatro anos.

Descobrir aquela gravidez não foi, de primeira, a coisa mais feliz do mundo, como deveria ser. Daí a preocupação da Igreja com os jovens, em viver uma fase de cada vez, sem pular etapas. Saí de onde estava para ir ao encontro da minha namorada e ver com meus próprios olhos o resultado do exame. No caminho, fui fechado por um carro. Saí correndo atrás dele com raiva! Muita raiva. Quando consegui me aproximar, pude ler o adesivo colado no para-brisas traseiro do carro que dizia: “O melhor de Deus ainda está por vir!”. Acreditei.

Naquele momento, meu maior medo não era nem como Alanna se sentia, como eu me sentia ou como Marília se sentia no ventre dela, mas o que os outros pensariam de mim, afinal, eu era católico, pregava o namoro santo e estava ali, sendo protagonista de um contra-testemunho.

Alanna e eu fazíamos parte de uma outra nova comunidade e, diante disso, fomos convidados a interromper nosso caminho vocacional. Afinal, tínhamos agora uma criança da qual éramos responsáveis por cuidar e definir as bases de sua vida.

Ao contrário do que muitos apostaram, não nos casamos inicialmente. Não achávamos necessário naquele momento, pois, casamento é coisa séria. E se não desse certo? E se não fosse isso mesmo? Continuamos nosso namoro normalmente, mas, além dos nossos encontros, eram também consultas de pré-natal e exames. No quinto mês de gravidez, achei necessário que estivéssemos juntos para acompanhar estes primeiros passos. Mudei-me para a casa dela. Disse à minha mãe que iria passar o fim de semana lá e não voltei mais. Ela me entendeu.

Viver para aquela família passou a ser minha responsabilidade. Não era um peso. Passou a ser algo natural. A Igreja nunca me deixou. Era acompanhado por amigos e por sacerdotes amigos.

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Da esquerda para direita: Agnes, Teresa, Clara e Marília.

Em janeiro de 2011, Marília nasceu e eu tive a experiência mais bela de todas: eu vi minha filha nascer! E não desmaiei contrariando a equipe médica. Chorei muito! De felicidade! Sentia uma gratidão muito grande por fazer parte da história de alguém, sendo coautor com Deus. Era mágico. A gente não era pobre, mas também não éramos ricos. Foram aparecendo presentes: roupas, meias, agasalhos e outras coisas “rosinhas”.

Mas o que era mais importante para a Marília nós tínhamos assegurados: estávamos ali. Tive a chance de consertar o erro de meu pai. Entendi como ele se sentiu quando eu nasci. Ele fugiu. Eu fiquei. Me lembrava sempre de como o pecado entrou no mundo. Entrou pela desobediência. Saiu pela obediência. Eu fiquei. Fiquei porque meu pai voltou, reparou seu erro, me perdoou e foi perdoado. Somos grandes amigos.

No ano seguinte, agora com a Clara no colo, minha segunda filha – sobre a qual já escrevi um relato e você pode ler aqui – nos casamos. Éramos de fato uma família, com a benção de Deus e da Igreja.

Naquele mesmo ano, começamos o caminho vocacional na Comunidade Shalom. As formações caiam como luvas sobre nós. Era tudo o que precisávamos. Eu precisava ser um bom pai. Eu devia isso a mim mesmo. Precisava de um exemplo também. Já contava com a intercessão de João Paulo II, de quem aprendi ser amigo e amar a Igreja, com todas as minhas forças e até o fim.

Encontrei também a amizade de São José. Com seu exemplo, testemunho dos irmãos, foi aflorando o “Caio Pai”. Não era difícil ser pai. Era só amar. E valeu a Palavra de Mateus 6,33: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo mais vos será acrescentado”.

Vieram outras responsabilidades, trabalhos, serviços. Veio muito mais. Estávamos guardados em Deus. Ele sempre vence aqui em casa. Agora são quatro meninas! Cada uma veio com um presente para a família: um presente de Deus.

Ser pai é uma graça muito grande. A cada dia, Deus vai revelando suas surpresas. Talvez não fôssemos capazes de acolher tudo de uma vez. Talvez por isso, esse abraço incompleto, vindo de braços tão pequenos seja tão bom. É retribuição, gratidão ao abraço que Deus nos dá todos os dias.

E meu desejo, mais sincero, é que, se for esta a tua vocação, você possa ser pai e ter a graça de colaborar com o crescimento do Reino e dos filhos de Deus, e mesmo que você queira isso e não seja possível, saiba esperar e confiar no Deus que nunca te deixou faltar nada.

Se você já perdeu seu precioso filho, saiba que ele está num lugar lindo, em ótima companhia. Se você precisa perdoar seu pai, faça isso, hoje. E se você acha que mesmo tendo tido tudo isso, já é muito feliz, saiba: “O melhor de Deus ainda está por vir!”.

Feliz Dia dos Pais! Shalom!

Caio Lima

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