A Igreja no mundo inteiro, celebra no dia 1º de janeiro, a Solenidade de Maria Mãe de Deus. Mas o que é comemorado nesta festa solene? Confira cinco pontos que explicarão a maternidade Divina de Nossa Senhora, retirados da homilia do Cardeal Cantalamessa, proferida em 20 de dezembro de 2019.
1. Mistério e paradoxo da vida cristã:
Mãe de Deus: título que expressa um dos mistérios e, para a razão, um dos paradoxos mais altos do cristianismo. Mãe de Deus é o mais antigo e o mais importante título dogmático de Nossa Senhora, definido pela Igreja no Concílio de Éfeso, no ano de 431, como verdade de fé que todos os cristãos devem crer. É o fundamento de toda a grandeza de Maria. É o princípio mesmo da mariologia; por ele, Maria não é apenas objeto de devoção no cristianismo, mas também de teologia; entra no discurso mesmo sobre Deus, porque Deus está comprometido diretamente na maternidade divina de Maria.
2. Título que garante a grandeza de Maria:
Por si só, o título “Mãe de Deus” é suficiente para fundamentar a grandeza de Maria e justificar a honra a ela prestada. Às vezes, os católicos são acusados de exagerar na honra e na importância atribuídas a Maria; e, às vezes, é preciso reconhecer, a acusação é justificada, pelo menos no tocante ao modo. Mas nunca se pensa no que Deus fez. Fazendo Maria sua Mãe, Deus honrou-a tanto que ninguém pode honrá-la mais, ainda que tivesse, como diz Lutero, tantas línguas quantas são as folhas da relva.
3. Reação excepcional entre Maria e Jesus:
A maternidade física ou real de Maria, criando uma relação única e excepcional entre ela e Jesus, entre ela e toda a Trindade, de um ponto de vista objetivo é e permanece a realidade maior e um privilégio sem igual; isso, porém, porque, do ponto de vista subjetivo, existe a humilde fé de Maria. Para Eva, certamente era um privilégio único o fato de ser a “mãe de todos os viventes”; mas, como não teve fé, isso de nada lhe adiantou nem lhe deu felicidade.
4. Maria, a Theotókos:
Na fase mais antiga, surge o título de Theotókos. De agora em diante, o uso deste título levará a Igreja à descoberta de uma maternidade divina mais profunda, que poderíamos chamar de maternidade metafísica. Isto aconteceu na época das grandes controvérsias cristológicas do quinto século, quando o problema central sobre Jesus Cristo já não era o de sua verdadeira humanidade, mas o da unidade da sua pessoa. A maternidade de Maria não é mais considerada só em relação à natureza humana de Cristo, mas, o que é mais correto, em relação à única pessoa do Verbo feito homem. E como esta única pessoa que Maria gera segundo a carne é exatamente a pessoa divina do Filho, consequentemente ela é verdadeira “Mãe de Deus.
5. Mãe pela fé:
Maria é Mãe de Deus não só porque o trouxe fisicamente no seio, mas também porque, pela fé, concebeu-o antes no coração. Nós não podemos, naturalmente, imitar Maria no primeiro sentido, gerando novamente Cristo, mas podemos imitá-la no segundo sentido, que é o da fé. Foi o próprio Jesus quem, por primeiro, aplicou à Igreja o título de Mãe de Cristo, quando declarou: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática (Lc 8,21; cf. Mc 3,31ss; Mt 12,49).
Fonte: vaticannews.va (https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2019-12/raniero-cantalamessa-terceira-pregacao-advento-2019.html).