“Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como cegos, e não o reconheceram. Então Jesus perguntou: ‘Que ides conversando pelo caminho?'” (Lucas 24, 15-17)
Jovens de todo o Brasil, quem lhes têm escutado diante dos altos e baixos da vida? Quanto vocês se conhecem e se deixam conhecer? Quanto tens sido acolhidos e fortalecidos em seus grupos de jovens e comunidades? Do que é que vosso coração anda cheio? Hoje, em 2023, como nos últimos anos, desde 2015 no Brasil, celebramos em setembro uma bela e poderosa campanha contra o suicídio e a valorização da vida, e, para tanto, Cristo nos convida a uma real e concreta mudança.
É fato e todos nós sabemos que o suicídio é matéria de um problema grave de saúde pública, e, que além disso infelizmente se apresenta hoje como uma das cinco principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo. Mas falta-nos também ainda destacar que o suicídio pode ser pensado como terrível e possível consequência e reflexo de uma história de vida marcada por dores e sofrimentos descomunais, ao invés de ser considerado pura e simplesmente, como um problema em si mesmo. Pois as vítimas do suicídio não são pessoas que querem matar a vida, mas pessoas que não suportam mais a dor de não se estar vivendo; e muitos de nossos jovens padecem dessa dor, mesmo sem nunca terem morrido.
A dor de não se estar vivendo se alimenta da pobre qualidade de nossa escuta no cotidiano, e de nossa dificuldade para acolher aquilo de que clamam os corações; se alimenta de nossa indiferença e de nossa resistência para tratar de maneira humanizada e solidária a saúde mental. Portanto, que possa todo aquele que tem ouvidos, ouvir! (Mateus 8, 43); e como o Cristo que caminha ao lado dos jovens que rumam cegos pelo caminho, acolhe-los, para promover e valorizar a vida, que emana em Jesus, nosso Divino Salvador.
Neste sentido, em 2023 não só nos levantamos uma vez mais em defesa da vida neste “Setembro Amarelo”, mas com o novo plano de pastoral juvenil da Igreja no Brasil pela cidadania no cuidado com a casa comum e a dignidade humana. A fim de que, feito jovens apóstolos, nos unamos para “incentivar iniciativas e parcerias em vista do cuidado da saúde mental das juventudes atuando de forma preventiva com relação à dependência química, suicídio e todo tipo de violências” (AO SEU LADO, Eixo 4, p.41).
Jovens de todo o Brasil, queiram carregar no coração a exortação do Bem-Aventurado Francisco Jordan: não obstante as dificuldades, procurem escutar e seguir sempre a voz da graça, pois a confiança é a homenagem mais gloriosa que podeis prestar a Deus. E façam tudo por amor a Ele. Sejamos protagonistas de uma pastoral juvenil que caminha ao lado das juventudes e abrasa seus corações.
Confira os demais artigos da série:
[Artigo] “Um caminho de escuta ao lado dos jovens” (Confira aqui)
[Artigo] “Adolescência e Prevenção ao Suicídio” (Confira aqui)
por, Jonathan Igor da Silva
psicólogo e representante das Juventudes das Congregações Religiosas
na Coordenação Nacional da Pastoral Juvenil/CNBB.