[ARTIGO] Adolescência e Prevenção ao Suicídio por Pe. Lício do Vale

[ARTIGO] Adolescência e Prevenção ao Suicídio por Pe. Lício do Vale

A adolescência pode ser um período turbulento. Os adolescentes lidam com um número vasto de experiências novas durante este período de transição, tais como novos relacionamentos, decisões a respeito do futuro e as mudanças físicas que estão acontecendo em seus corpos. Adolescer é romper com o mundo da criança e adentrar no mundo desconhecido dos adultos, o que gera lutos, angústias e crises emocionais.

Alguns adolescentes podem se tornar oprimidos pelas incertezas da adolescência e sentir que não têm para onde recorrer. Sua busca por respostas pode levá-los a começar a se isolar, a se “automedicar”, a tentar aliviar sua dor através do abuso de drogas ou de álcool, se autolesionando. Ou podem expressar sua ira e frustração participando de atos de violência. Eles não querem falar sobre suas emoções e seus problemas com medo de serem incompreendidos. Ao invés disso, muitas vezes, esses adolescentes optam por tirar suas próprias vidas.

Os principais fatores de risco para a tentativa de suicídio na juventude são depressão, abuso de álcool ou drogas e comportamentos agressivos ou descontrolados. Se vários dos seguintes sintomas, experiências ou comportamentos estiverem presentes, um profissional de saúde mental deve ser consultado:
• Desânimo
• Tristeza
• Solidão
• Desesperança
• Baixa autoestima
• Irritabilidade
• Ansiedade
• Mudança no padrão usual de sono
• Perda de interesse em atividades que antes lhe eram prazerosas
• Desilusão amorosa/Término de relacionamento
• Queda no rendimento escolar
• Expressões de pensamentos suicidas, ou falar de morte ou da vida após a morte
• Afastamento dos amigos ou da família
• Dificuldades em lidar com a orientação sexual
• Gravidez não programada
• Comportamento impulsivo, agressivo; expressões frequentes de raiva
• Falta de perspectiva pessoais e profissionais
• Falta de diálogo entre membros da família
• Perda ou instabilidade familiar

Os adolescentes que consideram o suicídio geralmente se sentem sozinhos, desesperançosos e rejeitados. Eles ficam especialmente vulneráveis a esses sentimentos se passaram por uma perda, humilhação, ou algum tipo de trauma: mau desempenho em uma prova, rompimento de um namoro, pais com problemas com álcool ou drogas, ou uma vida familiar afetada pela discórdia entre os pais, separação ou divórcio. Contudo, um adolescente pode ainda estar deprimido ou com ideias de suicídio mesmo sem nenhuma dessas condições adversas.

Os adolescentes que estão planejando morrer por suicídio podem “arrumar a casa” dando seus pertences favoritos, limpando seus quartos ou jogando coisas fora. Depois de um período de depressão, eles podem também ficar repentinamente animados porque pensam que, decidindo terminar com suas vidas, eles “acharam a solução”.

Jovens que tentaram suicidar-se no passado ou que falam em suicídio estão correndo um risco maior de futuras tentativas. Preste atenção em frases como: “Eu estaria melhor morto” ou “Eu não vou ser um problema para você por muito tempo”.

ALGUMAS ESTATÍSTICAS SOBRE SUICÍDIO

O suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos de idade, no Brasil. Cerca de 90 a 98% das pessoas que morrem por suicídio sofrem de algum transtorno mental. Muitos dos jovens que morrem por suicídio apresentam depressão ou uso de substâncias. Algumas vezes eles podem ter mais de um transtorno mental concomitantemente, o(s) qual(is) podem ser tratados.

Tanto garotos quanto garotas morrem por suicídio, mas mulheres jovens tentam suicidar-se três vezes mais que homens jovens. O que pode ser feito?

A melhor maneira é ser afetuoso e dar apoio. O que precisam é a garantia de que têm a quem recorrer – seja a família, os amigos, um médico, um psicólogo ou um professor – para discutir seus sentimentos ou problemas. Deve ser uma pessoa que esteja bastante disposta a ouvir e que seja capaz de assegurar ao indivíduo que a depressão e as tendências suicidas podem ser tratadas.

Não tenha medo, nem vergonha de buscar ajuda. Não tenha medo nem vergonha de oferecer ajuda. Seja ACOLHE DOR. O tratamento é extremamente importante. Buscar um profissional de saúde mental, (psicólogo e ou psiquiatra) é fundamental. Simplesmente destinar um tempo para conversar com os adolescentes sobre suas emoções e seus problemas pode ajudar a evitar a tragédia do suicídio do adolescente. Deixe-os saber que a ajuda está disponível.

O adolescente que tenta o suicídio nem sempre quer morrer, ele pode desejar, na verdade, uma nova vida sem problemas ou angústias. Assim, uma atitude de ajuda pode mudar a escolha fatal de um jovem. Por fim, é importante lembrar: “Nunca tome uma decisão definitiva, para um problema que é temporário” (Edwin Schneidman – Pai da Suicidologia).

Confira os demais artigos da série:

[Artigo] “Um caminho de escuta ao lado dos jovens” (Confira aqui)
[Artigo] “Adolescência e Prevenção ao Suicídio” (Confira aqui)

 

por Pe. Lício Araújo do Vale,
Suicidólogo, Educador e Palestrante

Reconhecido como um dos maiores especialistas em prevenção e tratamento do suicídio, a partir de sua experiência familiar, tornou-se um estudioso e uma autoridade no assunto, um suicidólogo na ciência Suicidologia, tendo dirigido sua vida sacerdotal para estudar o tema, além de aconselhar, tratar e dividir seus conhecimentos com quem o procura, de forma que se fale e se debata um assunto considerado um “tabu” em nossas vidas e na sociedade.

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