Aparecida: os jovens devotos da mãe de todos os brasileiros

Aparecida: os jovens devotos da mãe de todos os brasileiros

 

Quando o pescador João Alves retirou das águas do Rio Paraíba do Sul a imagem quebrada de Nossa Senhora Imaculada Conceição, em 1717, certamente não fazia ideia que aquele acontecimento transformaria a história do Brasil. São incontáveis as experiências de fé, amor e devoção à santa de face negra, surgida quando o país ainda estava dividido pela escravatura, e que tornou-se a Rainha e Padroeira do Brasil. Entre os jovens, muitas histórias mostram a devoção juvenil à Nossa Senhora Aparecida, a jovem Maria de Nazaré, que entregou sua vida para os planos de Deus.

Muitos jovens têm esta devoção à Nossa Senhora Aparecida por experiências de fé próprias e também de familiares. Quando o jovem Rodrigo de Lima tinha pouco mais de 5 anos, a visita à médica pediatra alertou que algo estava incomum com seu coração. O diagnóstico com um cardiologista confirmou que ele sofria de um sopro cardíaco. A mãe de Rodrigo desesperou-se com a ideia de uma indispensável cirurgia. Mesmo com o mundo desabando, ela buscou na oração do Terço o alento e pedia à Nossa Senhora para que intercedesse pelo filho. Não ficava um instante sequer sem o Terço nas mãos.

Rodrigo com a imagem de Nossa Senhora: promessa cumprida.

“Minha mãe fez uma promessa: se eu me curasse e não precisasse da cirurgia, me levaria ao Santuário de Aparecida e tiraria uma foto minha com a imagem de Nossa Senhora. O tempo passou e voltei ao médico para os exames pré-operatórios e marcar a cirurgia. O médico tinha no consultório, em cima de uma mesa, a imagem de Nossa Senhora Aparecida e ele percebeu que minha mãe sempre ia com o terço nas mãos. Neste dia, ele perguntou à minha mãe se ela acreditava em Deus e ela respondeu que muito. O médico então disse que a fé dela havia proporcionado um milagre porque eu inexplicavelmente não tinha mais nada e não precisava mais da cirurgia. Foi algo que não tem como não dizer que foi graças à intercessão de minha mãe na terra e da minha mãe do céu, Nossa Senhora Aparecida”, conta Rodrigo, hoje com 28 anos.

A jovem Camila Ribeiro recorreu à Mãe Aparecida quando, em janeiro deste ano, sua avó foi internada na UTI devido à uma obstrução intestinal. Depois de sete dias, ela teve uma piora e os médicos já cogitavam uma operação que retiraria aproximadamente um metro de seu intestino. Com 81 anos, ela poderia não resistir.

“No mesmo dia, no final da tarde, fui até a Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, próxima ao hospital, e acendi uma vela sob os pés de Nossa Senhora Aparecida, pedindo para que ela libertasse minha avó daquela situação. Quando chegamos para a visita da noite, o intestino havia desobstruído e a febre havia sumido. Foi um intervalo de três horas e o quadro foi revertido graças à intercessão de Nossa Mãe Aparecida”, testemunha.

As atividades promovidas pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB também colaboram para que os jovens tenham uma experiência de fé transformadora. Como aconteceu com a jovem Amanda Mandato Anacleto, de 21 anos. Em 2017, como parte das comemorações dos 300 anos do encontro da imagem, o projeto Rota 300 agitou os jovens e muitos participaram da Semana Missionária nas dioceses que são banhadas pelo Rio Paraíba do Sul. Amanda, da Diocese de Amparo/SP, participou como missionária na Diocese de Mogi das Cruzes/SP.

“A missão me fez sentir ainda mais próxima de Nossa Senhora Aparecida, nossa mãe. Em uma manhã de missão, uma senhora me contou sua história de devoção e me fez perceber o quanto Maria ampara a todos. Em um outro dia, rezando o  Terço, senti que me pegava na mão, que estava comigo e que podia confiar e contar com ela. Já no Santuário, quando o projeto terminou, sentia-me realmente no colo da mãe; passar diante de sua imagem é sinal de amor e gratidão. Não tem como não se emocionar”, conta Amanda.

O encontro da imagem

Era o ano de 1717 e o Brasil ainda uma colônia de Portugal. A vila de Santo Antônio de Guaratinguetá era uma região na rota de transporte do ouro de Minas Gerais. Qualquer passagem de autoridade naquela terra pobre e esquecida tornava-se um grande acontecimento. A ordem era clara: “Apresentar todo o peixe que pudesse haver para o governador”. Dom Pedro de Almeida Portugal passaria por lá e o banquete devia ser memorável. Muitos foram os pescadores que saíram pescar, entre eles Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso. Foram ao Rio Paraíba do Sul, que na língua tupi significa “rio imprestável”, nome dado pelos índios.

Os pescadores percorreram bastante distância até o porto de Itaguaçu sem tirar um único peixe do rio. Nas proximidades daquele porto, a cinco ou seis quilômetros do ponto de partida, João Alves jogou sua rede de pesca. Puxou para o barco depois de um tempo e peixe mesmo, nenhum. Apenas um corpo escuro de uma escultura sem cabeça. Continuou tentando pescar e, mais adiante, tirou da água a cabeça daquela mesma escultura. Não dá para saber se ele viu algo de milagroso nisso. O fato é que ele enrolou a imagem quebrada num pano e a colocou no barco. Reconheceram que se tratava de uma imagem de Nossa Senhora. Jogaram as redes novamente e após pouco tempo já mal conseguiam puxar a rede pela quantidade de peixe. A pescaria foi tão farta que voltaram para casa admirados com o sucesso e contaram aos moradores do vila o que havia acontecido.

João Alves entregou a Felipe a imagem encontrada, consertaram-a com cera e a levaram para casa. A partir de então, muitos queriam ver a imagem aparecida. O pequeno oratório particular com o tempo foi ficando pequeno e foi construída uma capela, depois uma igreja maior até chegarmos hoje no Santuário Nacional de Aparecida, maior santuário dedicado à Nossa Senhora no mundo.

Anualmente, 12 milhões de peregrinos visitam o Santuário Nacional de Aparecida, o segundo maior templo católico do mundo, atrás apenas da Basílica de São Pedro, no Vaticano. São inúmeras romarias feitas com ônibus, à cavalo ou até mesmo à pé através do chamado Caminho da Fé.

Falar de Aparecida é falar do coração de Deus. Nossa Senhora representa este lugar da ternura onde nos vemos, nos reconhecemos e nos identificamos. É um sinal fecundo que recorda a graça e força de uma mãe, de quem é missionário de Cristo. Ir até o Santuário é pedir colo de mãe, ter a certeza de que ela está lá a nos proteger, nos amparar e nos conduzir ao seu amado Filho, nos dizendo para ter coragem e não desistir porque Jesus está conosco.

(Fonte utilizada para história do encontro: “Aparecida”, de Rodrigo Alvarez)

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