Adeus: a história da jovem que deixou pegadas na vida dos amigos

Adeus: a história da jovem que deixou pegadas na vida dos amigos

 

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Nascida em Niterói, engenheira, olhos azuis e católica: conheça casos de quem conviveu com a jovem Glaucia e experimentou o amor de Cristo por meio de seu testemunho de vida

Aos 28 anos, Glaucia Azevedo recebeu um convite irrecusável de Nosso Senhor Jesus Cristo: deixar tudo e segui-lo. Ela faleceu no segundo dia  deste ano, quando ia mergulhar na Região dos Lagos (RJ) com amigos. Poucos dias antes, havia ido a missa para agradecer a vida e encomendar o ano que viria – a vida eterna que ela alcançaria. Um acidente de carro antecipou seu sonho, que sempre foi estar nos braços do Pai.

Formada em engenharia civil, mesmo jovem, ela trabalhou nas principais capitais do país, como Rio de Janeiro e São Paulo, na região Centro Oeste e nos Estados Unidos. Era uma exímia profissional. Mas o que mais chamava atenção das pessoas a sua volta era o modo como ela vivia sua fé católica e como gostava de ajudar os demais.

Nascida na cidade de Niterói e membro do movimento Regnum Christi desde 2000, Glau, assim chamada carinhosamente pelas pessoas, foi voluntária e coordenadora da ONG Sonhar Acordado, fazia missões e ajudava na formação de valores para jovens e adolescentes.  Era o que a jovem mais gostava de fazer: estar com amigos, sorrir e propagar o bem, sempre a serviço da Igreja e do próximo. Seu último ato de generosidade foi aceitar coordenar os trabalhos do movimento na cidade do Rio de Janeiro.

“Meus pais sempre deram uma educação católica para nós, mas em 2001  durante suas primeiras missões, foi quando ela se apaixonou por Cristo. Tudo começou no Ecyd (denominação dada aos adolescentes do movimento Regnum Christi), aos 14 anos, quando conheceu um grupo que se reunia em Niterói. A generosidade dela era tão grande que sempre pensava nos outros em primeiro lugar. Ela viveu para o próximo e isso fez valer sua vida”, lembra o irmão mais novo, Luiz Flavio Azevedo.

O céu na terra

O velório da jovem católica aconteceu no dia três de janeiro, em Niterói, ao lado de vários sacerdotes, familiares e centenas de amigos. Para todos, a certeza e a fé eram únicas: Glaucia já estava com o Pai. Neste dia, como forma de homenageá-la, amigos de todo o Brasil e de países colocaram a imagem de Nossa Senhora que ela usava em sua capa do Facebook em seus perfis da rede social.

Mesmo carismática e extrovertida, Glaucia sempre era a quem os amigos recorriam nos momentos mais difíceis. Broncas, conselhos e sugestões eram com ela. Segundo Aline Paggy, do Rio de Janeiro, o exemplo de vida da amiga é uma inspiração para que todos busquem o céu.

“Se hoje o meu coração dói de saudade em saber que não a encontrarei mais nos retiros, no Sonhar Acordado, nos encontros com os amigos, dormindo lá em casa ou em qualquer outro lugar, ao mesmo tempo, uma luz lá no fundo, vem clareando tudo e me lembrando que ela alcançou a sua meta, completou a sua corrida e hoje está ao lado Daquele que ela sempre dizia que queria que a escolhesse: Deus! Agora, o que nos resta é sempre que a saudade apertar, lembrarmos que temos uma intercessora no céu. Temos a missão de levar adiante o exemplo que ela nos deixou… Sua disponibilidade, fé, alegria e atenção que fazia com que cada um que passasse no seu caminho, se sentisse único”.

O carinho por Glaucia era nítido em todos os cantos deste Brasil. Carol Mizuno, de Brasília, morou na capital carioca nos últimos anos e compara a amiga a uma flor preciosa. “No jardim da minha vida, Deus plantou várias flores incomparáveis por sua doçura, seu perfume e seu brilho. Únicas. De rara beleza. A Glaucia é uma delas. Difícil de esquecer. Um mulherão não só fisicamente, mas também espiritualmente. Altura e sorriso muito mais que marcantes, olhar penetrante e a gargalhada mais gostosa do mundo.  Distribuía seu perfume e doçura por todo o espaço. Sua missão era a de espalhar o amor de Cristo onde quer que ela fosse. Não media esforços para nada, para ajudar os amigos então, aí e é que não existiam barreiras. Que a beleza do seu sorriso e entusiasmo continue a impulsionar os nossos corações para podermos cultivar o amor e darmos prosseguimento a sua missão na terra:  levar o amor de Cristo a todos os cantos do mundo”.

Muito amiga e admiradora das consagradas do movimento Regnum Christi, Bianca Machado, consagrada carioca que foi sua catequista na infância, fala de seu grande amor por Cristo e conta como aquela criança se transformou em uma mulher de oração.

“Eu a conheci desde que ela tinha 10 anos. Fui sua catequista de primeira comunhão e a convidei para conhecer o que na época chamávamos MAC (melhores amigos de Cristo). Me consagrei e perdi um pouco o contato com ela, mas quando voltei ao Brasil, me encontrei com uma mulher incrível, que já havia entrado de cabeça no RC, foi colaboradora e via nela um apóstolo incansável. Isso é o que via nela, alguém que não se contentava com pouco, sempre tinha um desejo de mais, um desejo de infinito. Não bastava pra ela andar ou correr, ela necessitava voar. Vejo nisso o porque de Jesus ter levado ela tão cedo, era um coração que só se preencheria com o d’Ele. E, por mais que ela brincasse dizendo que Cristo não a quis só para Ele, no fim das contas, seu desejo foi realizado. Teve um coração só d’Ele e agora é para sempre só d’Ele”.

A senhora Aurea Favilla, mãe de três filhos, conta que Glaucia sempre estava sorrindo e a ajudava a cuidar das crianças nos eventos da igreja. “O interessante é que,  na última vez que a vi, no curso de dirigentes espirituais, ela me pediu para cuidar do seu irmão, de sua cunhada e sobrinhos, chamando e levando-os para fazer missões em família!!!! Acho que agora lá do céu, ela irá ajudar mais ainda na caminhada da família e dos amigos”, disse.

Os amigos sempre lembram a disponibilidade imensa de Glaucia na hora de ajudá-los, como conta a psicóloga Mariana Poubel. “Meu último contato pessoalmente com ela foi justamente quando precisei de um favor. Ela saiu de Niterói, dormiu na casa de amigos no Rio, só para estar cedo no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro para me ajudar na minha pesquisa de mestrado”.

Em um de seus cadernos de orações, a menina alegre de olhos azuis comprova o que os amigos disseram sobre ela: estava sempre em comunhão com Cristo e se preparava para viver a eternidade.

“Porque posso te entregar tudo isso, porque posso chorar tudo isso e porque posso me livrar de toda carga disso, te agradeço e me alegro. E me comprometo a me resguardar na tua paz e não negar alegria”, dizia um de seus escritos.

A amizade com Cristo era o diferencial

Após a canonização de São João Paulo II (27 de abril de 2014), o Papa Francisco convidou a todos os cristãos à santidade. “A diferença entre os heróis e os santos é o testemunho, a imitação de Jesus Cristo. Seguir no caminho de Jesus Cristo. É necessário que Cristo cresça e que cada um de nós diminua”, disse o vigário de Cristo na terra.

Em meio aos depoimentos e lágrimas de amigos, é possível uma constatação: a exemplo da beata Madre Teres de Calcutá,  Glaucia deixou uma mensagem clara a todos: “não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem sentir melhor e mais feliz”. A vida, a caminhada e a fé da jovem nos leva a valorizar a vida e a fazer o bem ao próximo no caminho diário, em busca da santidade.

Por Amandda Souza

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