A importância do Sínodo: Evangelizar promovendo a vida!

A importância do Sínodo: Evangelizar promovendo a vida!

A importância do Sínodo: Evangelizar promovendo a vida

As duas finalidades desse Sínodo apontam objetivamente para dois níveis de reflexões indissociáveis: o discernimento de novas propostas para enriquecer e dinamizar a presença da Igreja na Amazônia (uma questão interna consequente do seu dinamismo missionário naquela vasta região) e uma outra questão que diz respeito a um tema de interesse mundial, que é a questão ecológica.

Na encíclica Laudato Sí, o Papa Francisco nos convocou para o crescimento na consciência de que tudo está em relação, tudo está interligado; portanto, se destruirmos a natureza, todos pereceremos, pois o planeta terra é a nossa “casa comum” e está ameaçado por tantos males. Com esse maravilhoso e significativo evento, a Igreja quer aprofundar a reflexão entre evangelização, ética e meio ambiente.

O ponto de partida é a missão confiada por Jesus à sua Igreja. Para salvar a humanidade, o Filho de Deus se encarnou. Sem descer à realidade e assumi-la por inteiro, a Igreja não será fiel ao seu mestre. Onde não há encarnação na realidade, também não há profunda evangelização. A Igreja Católica na Amazônia, seguindo o princípio da encarnação, deve renovar esse desejo de ser presença significativa e encarnada em todos os contextos.

A evangelização é essencialmente comunicação, portanto, pressupõe diálogo! Visto que a Igreja não está sozinha na Amazônia, em tempos de grande complexidade e pluralidade de pensamento, somos chamados a dialogar com muitos interlocutores: povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, organizações governamentais e não governamentais, universidades, empresários, instituições de controle social, igrejas, movimentos sociais etc. Humildemente devemos reconhecer que a Igreja Católica não é a porta-voz da Amazônia.

A Igreja é sempre chamada a seguir a pedagogia de Jesus: profundamente encarnado em sua história, percebeu de perto os males humanos, a miséria, a violência, as injustiças, a fome, a desorientação do povo… Conviveu com as pessoas no templo, nas cidades, nas periferias, no deserto, no campo, nas famílias! Não só contemplou os dramas humanos, mas deu-lhes respostas e assim, no encontro com Ele, muitos cegos recuperaram a vista, paralíticos andaram, leprosos foram purificados, surdos começaram a ouvir, mortos ressuscitaram, endemoninhados foram libertos… (cf. Mt 11,4-5; Mc 3-5).

Atualmente, a região Pan-Amazônica sofre por causa de muitas ameaças: desmatamento, contaminação dos rios, lagos e afluentes; mineração ilegal, narcotráfico, extrativismo predatório, projetos agroindustriais agressivos à biodiversidade, desequilíbrio ambiental, grilagem de terras, conflitos agrários…

Os males humanos consequentes da degradação ambiental são dramáticos: pobreza e situações de miséria em alguns contextos; violência, alcoolismo, drogadição, desagregação familiar, prostituição infanto-juvenil, aumento da criminalidade, tráfico de pessoas, perda do protagonismo dos povos, corrupção e negligência na política governamental…

Caminhos novos para a Igreja

O tema do Sínodo pede a busca de “novos caminhos para a Igreja”; significa que se deve retomar a reflexão sobre a sua identidade e missão em terras amazônicas. Por isso, é importante evidenciar os diversos desafios internos que temos como Igreja na região. A proposição “caminhos novos para a Igreja” nos leva a pensar no dinamismo e na qualidade da sua missão e identidade.

Não haverá caminhos novos para a evangelização na Amazônia se não considerarmos as atuais fragilidades eclesiais internas. Com olhar crítico percebemos uma significativa lista de fragilidades, que deve ser analisada com sabedoria no próximo Sínodo.

Seria profundamente incoerente pensarmos numa “Igreja profética e guerreira” diante dos problemas sociais, mas internamente tímida e sempre perdendo mais espaço. Por isso o Sínodo deve também proporcionar uma profunda reflexão sobre as suas próprias fragilidades: pobreza de meios, vulnerabilidade dos católicos, carência de sacerdotes, proselitismo, comodismo, frágil sentido de pertença à Igreja, fraca solidariedade missionária do sul em relação ao norte… A promoção da conversão das estruturas sociais nos compromete, antes de tudo, na conversão eclesial.

Os “caminhos novos para a Igreja” são uma necessidade apontada pelo Espírito (cf. Ap 3,6); Ele é o portador das autênticas novidades para a fidelidade a Jesus, seu Senhor (cf. Jo 14,26). O Espírito da Verdade faz novas todas as coisas (cf. Ap 21,5) e nos infunde esperança, otimismo e alegria.

Dom Antônio de Assis Ribeiro, SDB,
Membro da Comissão Episcopal
Pastoral para a Juventude, da CNBB.

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