A arte e o Evangelho: os jovens e as dramatizações que levam todos a contemplar “a lógica do amor de Deus”

A arte e o Evangelho: os jovens e as dramatizações que levam todos a contemplar “a lógica do amor de Deus”

O jovem Vitor Pozzebon Scalari participa das encenações de Natal e da Paixão de Cristo na paróquia que habita desde quando tinha aproximadamente dez anos. A influência, porém, vem de algo ainda anterior: uma foto da primeira Semana Santa da paróquia, em 1957, traz sua vó materna, Zailde Pozzebon, como o apóstolo João, aos pés de uma cruz, e ao lado uma amiga vestida como Nossa Senhora. Ele cresceu em um ambiente que valorizava a participação de todos nas atividades da Igreja e a alegria.

Assim como o Vitor, centenas de jovens em todo o país respondem com sim generoso e criatividade em muitos momentos de dramatização nas paróquias, em especial durante a Semana Santa com a encenação da Paixão e Morte de Cristo, que, segundo o Papa Francisco, é a “lógica do amor de Deus”.

Em 27 de março, celebra-se o Dia Mundial do Teatro, expressão artística tão antiga quanto o desejo do ser humano de se manifestar, considerando o teatro que conhecemos como uma herança da Grécia Antiga.

Avó do jovem Vitor (à direita da cruz) em encenação em 1957. Nas fotos da direta, o jovem no natal de 2020 como José

“Em nossa paróquia, sempre surgia algo inovador em todas elas, como a mudança no estilo dos cantos na missa de Natal ou a realização de uma Via Sacra durante a Paixão de Cristo. Tais momentos marcam não somente a minha memória, mas também a de muitos paroquianos, pois essas pequenas alterações ajudam na evangelização e tornam cada momento peculiar e essencial para nossa vivência de fé e em comunidade”, conta o jovem.

Em 2019, como uma forma de acrescentar ainda mais dramaticidade e participação, Vitor e os outros jovens fizeram fotos para divulgar a programação da Semana Santa reproduzindo obras do pintor italiano Caravaggio. Foi mais um momento de unir a arte e a evangelização tendo como referência uma escola de pintura tão importante para a arte sacra, o Renascimento Italiano.

Fotografias dos jovens reproduzindo as obras do pintor Caravaggio: uma ideia nova para evangelizar

Dentro das paróquias, é fácil encontrar motivos para usar a arte a favor da evangelização, ainda mais quando consideramos que a Boa Nova é a maior história por excelência, além, claro, de tantos outros importantes relatos bíblicos. O teatro torna-se uma verdadeira catequese.

Para o Papa São João Paulo II, que se aventurou em um grupo de teatro e pretendia trabalhar como ator quando jovem, “toda forma autêntica de arte é, a seu modo, um caminho de acesso à realidade mais profunda do homem e do mundo. E, como tal, constitui um meio muito válido de aproximação ao horizonte da fé, onde a existência humana encontra a sua plena interpretação. Por isso é que a plenitude evangélica da verdade não podia deixar de suscitar, logo desde os primórdios, o interesse dos artistas, sensíveis por natureza a todas as manifestações da beleza íntima da realidade”. (São João Paulo II, Carta aos artistas – 4 de abril de 1999)

“Acredito que a dramaturgia leva o Evangelho de um modo diferenciado, pois além da Palavra que é narrada de várias maneiras, temos também o visual, o auditivo, o testemunho vivo, a interação e o emocional. O envolvimento daqueles que estão assistindo é muito grande”, testemunha o jovem Andrey Caique Granadier. Ele já teve a oportunidade de fazer diversos personagens, entre os que mais marcaram foi quando interpretou Pilatos e, seguramente o mais emocionante, Jesus.

O jovem Andrey como Jesus: “A interpretação mais emocionante”

Neste momento de pandemia, com a maior parte das paróquias fazendo apenas transmissões online, a impossibilidade de realizar as encenações, os jovens lamentam, mas buscam alternativas.

“Aos poucos fomos nos adaptando e adotando medidas para que a realização das missas fosse possível e, mesmo de forma remota, levar mensagens de fé e esperança a todos nesse momento difícil. No Natal de 2020, por exemplo, minha paróquia se adaptou para ter apenas José e Maria em um presépio na missa de Natal, um sinal de esperança para todos, e tive a honra de participar como São José, um momento muito marcante em minha vida. Tudo mais foi realizado com a projeção de diversas obras de artes, utilizando a tecnologia ao serviço da evangelização”, lembra o jovem Vitor Scalari.

Esta participação dos jovens é valorizada pelas paróquias como uma forma de envolvê-los ativamente das atividades e das ideias. Para o Pe. Carlos Roberto Panassolo, assessor eclesial do Setor Juvenil da Diocese de Amparo, os jovens colocam nas dramatizações uma forma de comunicar um testemunho também pessoal de adesão ao projeto de Deus.

“A grandeza da arte reflete o que trazemos ao coração. O jovem, cada vez mais ousado, criativo e provocador, quer revelar aquilo que traz no coração. Por isso mesmo usa a arte como caminho precioso. Louvo e bendigo a Deus por todos os jovens, que durante a Semana Santa, por meio da dramatização buscam traduzir a Paixão do Senhor. Cada um trazendo a essência daquilo que crê, buscando, assim, a aprofundar o mistério da fé e levando a tantos outros irmãos a compreender o amor de Deus. A arte ajuda a evangelizar. Por isso, aos jovens, protagonistas neste tempo em que vivemos, a arte se faz realmente um meio precioso de comunicar, revelar, ser conhecido e testemunhar”, reflete o assessor.

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