Cinco Filmes imperdíveis para serem vistos em tempo de Quarentena

Cinco Filmes imperdíveis para serem vistos em tempo de Quarentena

Um dos programas mais populares para garotos e garotas ao redor do mundo todo é ir ao cinema. Mas diante do grande risco do Convid 19, a melhor coisa é ficar em casa e evitar qualquer tipo de contato com outras pessoas, inclusive no cinema. Mais do que apenas diversão, assistir um bom filme podem entreter e também ser um meio poderoso para pensar de forma mais reflexiva e mudar a forma como se olha o mundo ao redor.

Vez ou outra, sempre desponta um filme bacana repleto de aspectos centrais da fé católica e que acaba virando clichê nos grupos de jovens, na catequese e na Igreja. Esse espaço não é para falar desse tipo de filme, que provavelmente você verá em grupo.

Pelo contrário, é para falar daqueles filmes que podemos ver sozinhos, em nossa casa, principalmente nesse tempo de recolhimento devido ao risco de contágio do novo coronavírus. Esses filmes, além de serem uma boa diversão, apresentam aspectos positivos para uma boa reflexão particular.

Por isso, prepare-se! Nas linhas a seguir está uma lista com cinco filmes que ficaram famosos recentemente. Nela não estão blockbusters (esse é o termo utilizado para um arrasa-quarteirões, ou seja, um filme com grande orçamento, grande campanha de mídia e grande apelo popular, que geralmente acaba se tornando um grande sucesso), mas sim filmes considerados Cult (termo para filmes que geralmente não possuem um grande orçamento, mas que conquistam o público por sua originalidade e conteúdo) todos cheios de coisas legais para você pensar e refletir nesse tempo de recolhimento.

5 – Nós
O diretor Jordan Peele costuma ser surpreendente e enigmático em suas obras. Em Nós não é diferente. Esse não é simplesmente um filme de terror, é um filme de terror com conteúdo, pois aborda diretamente questões sobre segregação, racismo ou privilégios e ainda consegue levar o expectador a refletir sobre seus próprios demônios interiores (já que é muito mais fácil perceber e apontar os defeitos dos outros do que aqueles que trazemos em nós mesmos). Uma sacada inteligente, relevante e muito bem contextualizada, capaz de dar substância para uma excelente reflexão nos grupos de jovens. Na trama, a família de Adelaide resolve passar um fim de semana na praia. Ela viaja com seu marido e filhos para um local divertido e ensolarado, mas a chegada de um grupo misterioso altera os planos da família, dando um rumo bastante inesperado à história. Falar mais que isso é estragar a sua diversão.

4 – Dois Papas
Esse não é um filme fácil de assistir, mas dosa bem seu roteiro entre tiradas divertidas e embates intelectuais. Acredite, ele não está aqui porque traz dois Papas e sim porque apresenta diálogos profundos e pertinentes sobre a humanidade, ou melhor, sobre ser humano, principalmente no que diz respeito à leitura de realidade e mudança de perspectiva, mudança de convicção e de opinião. O longa vai além do simples embate ideológico da Igreja entre o velho e novo a partir da figura dos papas. Ele explora a capacidade humana de perceber que, muitas vezes, para que ocorra um bem maior, é preciso rever os posicionamentos, engolir o orgulho e dar espaço para que o outro faça o que é preciso fazer e que possivelmente eu não possa, ou não consiga. Um filme que tem muito a acrescentar para a vivência de grupo, sobretudo de grupos juvenis, principalmente sobre protagonismo, ideologia, opinião e convivência.

3 – Perdi Meu Corpo
Essa animação francesa de Jérémy Clapin diz muito mais do que aparenta. A história da mão decepada em busca de seu corpo trata de temas profundos e pertinentes como, por exemplo, o conflito eterno entre o determinismo e o livre-arbítrio. A trama parece surreal, mas conforme a história se desenvolve você se familiariza com o protagonismo da mão, ao mesmo tempo que passa a perceber o mundo a partir do ponto de vista da mesma. Conforme as coisas avançam é possível perceber que a história tem mais dois protagonistas, um simplório entregador de pizza, dono da mão que foi decepada num acidente, e a bibliotecária triste, objeto de amor platônico do entregador. Uma trama que apresenta pessoas extremamente comuns, mas que despertam uma empatia imensa no público. Há outras mãos ao longo do filme, que chamam a atenção e que permitem inúmeras leituras. São as rápidas mãos dos bibliotecários, as mãos sofridas do carpinteiro, as mãos feridas do adolescente, ou as mãos angelicais do bebê que segura firme os dedos de um adulto. Tudo compõe história, tudo faz pensar. Tudo é uma metáfora, seja para a dor, seja para o luto, seja para morte ou seja para a forma como se constrói o próprio destino.

2 – Jojo Rabbit
O nome parece estranho, mas o filme tem uma pegada muito divertida para tratar uma série de questões extremamente sérias, tais como: semitismo, xenofobia, autoritarismo, bullying e muito mais. Ao retratar um dos períodos mais sombrios da humanidade – a 2ª Guerra Mundial –, o diretor Taka Waititi utiliza como abordagem o olhar inocente de uma criança. Bem por isso é possível perceber como a realidade, a partir desse olhar pouco crítico, acaba se tornando distorcida, tanto que a criança chega a construir seu amigo imaginário como sendo o próprio Hitler. Uma metáfora incrível e que obriga o expectador a pensar criticamente. Algo essencial para todas as idades, mas principalmente para os mais jovens, isso porque o filme permite uma discussão sobre o olhar imaturo e pouco crítico, que constrói mitos e que acredita em tudo como verdade. Amadurecer, enfrentar a perdas e as cruezas da vida, entender que o mundo é mais complexo do que queremos ou podemos compreender, algo inerente a vida de todo e qualquer ser humano, mas que pode ser refletido de forma crítica por meio dessa história. Um filme imperdível para assistir e discutir no seu grupo de jovens.

1 – Parasita
Esse é o queridinho do momento, por isso ficou em primeiro lugar. Cheio de qualidades, ele é tragicômico, sanguinário, flerta com gênero terror, mas acima disso tudo ele é, principalmente, uma profunda crítica social, daquelas bem complexas e pesadas. O diretor Bong Joon-ho – que levou dois dos Oscars mais cobiçados com esse filme na última edição da premiação – já é conhecido por esse tipo de narrativa em que há reviravoltas e mudanças de gêneros, mas sua fama nunca havia chegado ao ocidente. Com Parasita ele conquistou público e crítica ao estampar as mazelas da estratificação social de forma bruta, impondo de modo bastante incômodo a miséria e a ostentação como duas faces de uma mesma moeda.

Na trama, toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo num porão sujo e apertado. Por acaso, o filho adolescente da família começa a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe, filho e filha desenvolvem um plano mirabolante para se infiltrarem pouco a pouco na família burguesa, um de cada vez. Mas, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos.

Esse filme permite discussões profundas sobre a sociedade atual a partir de várias leituras, dentre elas: a forma como a pobreza impõe meios engenhosos para garantir a sobrevivência; a incapacidade dos ricos de perceberem os pobres como pessoas; a forma como ser humanos é visto como algo descartável pelos grupos sociais mais abastados; ou a água, como elemento transformador por meio da chuva, que alegra os ricos, mas desespera os pobres. Inúmeras leituras, infinitas reflexões a partir de um filme perturbador.

Bônus – Hair Love
Hair Love foi incluído como bônus porque não é um longa-metragem, mas um curta de animação com altas doses de fofura e uma temática pra lá de relevante. A animação traz um pai afro-americano e sua relação com os cabelos da filha, que precisam ser arrumados para uma ocasião especial. O cabelo é o elemento central na história, ele permite compreender a importância dos laços familiares, desconstrói a ideia de machismo – ou seja, certas tarefas não são para homens – e desfaz a visão negativa, construída ao longo de séculos, de que os cabelos crespos não são belos. Pelo contrário, ele enfatiza a beleza dos cabelos e realça sua relevância como um símbolo poderoso do orgulho afro. Emocionante, faz o expectador olhar por outro ângulo, faz valorizar o próximo com suas característica e desperta respeito. Um filme curtinho, cinco minutos que podem ajudar muito a galera do seu grupo de jovens a superar os preconceitos impostos pela sociedade.

Por Odailson Volpe

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