Juventude e a caminhada a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II

Juventude e a caminhada a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II

A juventude é Igreja e tem uma presença efetiva na Igreja para a construção do Reino de Deus. É belo e profundamente questionador quando o Papa Paulo VI conclama os jovens e diz: “esperança da humanidade e os construtores de uma futura sociedade mais humana e mais justa”. Assim precisamos convocar a juventude para que também como Igreja e na Igreja celebre este tempo de graça proposto por nossa Igreja. Na abertura do concílio o Papa João XXIII nos alertou que gostaria com o Concílio Ecumênico Vaticano II  de “abrir as janelas da Igreja para que possamos olhar para fora, e para que as pessoas possam olhar para dentro”.

O Brasil sempre teve preocupação ímpar para com a evangelização da juventude, basta olharmos a caminhada da Igreja do Brasil, passando pela Ação Católica especializada (JAC, JEC, JOC e JUC) e de modo ainda mais presente através da organização e assumido compromisso da PJ – Pastoral da Juventude. Cada movimento é marcado pela sua riqueza e momento histórico.   A juventude é objeto de trabalho e de evangelização de vários ramos da Igreja e da sociedade brasileira. Ainda possuímos no Brasil uma fonte inesgotável de trabalhos que colocam a juventude como prioridade, a saber: temos alguns veiculados às Congregações tais como: Franciscanos (JUFRA), Jesuítas (CVX), Dorotéias, Salesianos, Dehonianos, entre tantos. Outros são ligados a movimentos ou associações diferentes. Alguns deles são os Focolares (GEN), os Vicentinos, a Renovação Carismática Católica (RCC), o Segue-me, o Emaús e outros ligados, principalmente, a encontros de casais, como o Encontro de Jovens com Cristo (EJC), e as Equipes Jovens de Nossa Senhora (EJNS). Percebemos assim, o quanto a Igreja do Brasil debruça-se sobre a juventude católica.

Um passo a mais nesta perspectiva de trabalhos com e pela juventude foi dado pela Igreja do Brasil, quando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cria o Setor Juventude. O Setor juventude articula, convoca e propõe orientações para a Evangelização da Juventude. Respeitando o protagonismo Juvenil, a diversidade de carismas, a organização e a espiritualidade para a unidade das forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns (CNBB, Doc. 85, n.193).
Tendo em vista que atualmente os trabalhos com a juventude se dão na esfera do Setor criado e organizado na maioria das dioceses do Brasil, é importante aprofundarmos um pouco o conceito e as particularidades. Percebemos que o setor não vem para substituir, acabar, mudar ou transformar as caminhadas iniciadas, mas sim para colaborar na busca e fortalecimento da identidade dos grupos existentes. Com o Setor Juventude os diversos trabalhos e experiências encontram local privilegiado para exercer seu carisma respeitando o trabalho das outras expressões existentes. O Setor busca com seu trabalho de articulação, despertar no coração de toda a Igreja a paixão pela juventude. Onde existe o setor juventude, embora possa no primeiro momento, devido à falta de esclarecimentos, existir alguns desconfortos, com a adequada caminhada e respeito às individualidades juvenis. Percebe-se o crescimento do respeito, dos trabalhos em conjunto, da participação coletiva, e assim, concluímos que com esta experiência uma nova maneira de trabalhar está surgindo. Estando no setor juventude podemos “levar nossos navios mar adentro, com o poderoso sopro do Espírito Santo, sem medo das tormentas, seguros de que a providência de Deus nos proporcionará grandes surpresas” (DAp, n. 551).

Podemos nos perguntar diante desta caminhada o porquê da criação de um Setor Diocesano da Juventude? Acreditamos que, na medida em que as forças estiverem integradas numa pastoral de conjunto, pode-se responder com mais capacidade e resultados a este clamor presente em nossa igreja de vida plena em todas as suas dimensões. Assim, o que motiva a criação do Setor Diocesano da Juventude é, em primeiro lugar, a realidade juvenil e a missão comum de evangelização que todos os segmentos têm diante do chamado de Jesus Cristo. A criação do setor favorece o diálogo entre os segmentos, através de reflexões comuns e algumas atividades assumidas coletivamente, em especial os eventos com caráter de massa (Cf. CNBB, Doc. 85, n.196).

Na introdução do Youcat (Catecismo dos jovens) o Papa Bento XVI vai lembrar que muitos dizem a ele que os jovens não se interessam por assuntos de Igreja, mas o Papa lembra que ele duvida, e diz que na verdade os jovens buscam saber o que realmente é a vida. Dentro de tantas maneiras de se evangelizar, olhando alguns artigos do Concílio Vaticano II, podemos verificar que o grande desafio, enquanto Igreja é justamente este, mostrar para a nossa juventude o sentido da vida, o sentido de estar na Igreja de ser Igreja, de buscar o que é eterno e não o transitório. E o que é eterno nós encontramos no Ressuscitado, no Cristo sempre Jovem. Por que Caminhando com Ele fazemos a experiência do sentido da vida e encontramos a verdade (cf. João 14,6)

Você jovem é chamado a ser sal e luz, para dar sabor e iluminar o caminho de outros jovens. É convocado a construir uma sociedade justa, fraterna e solidária. Com sua espiritualidade é desafiado tendo o Espírito Santo como fonte de discernimento e sabedoria a fazer nova todas às coisas. A Igreja está com suas janelas abertas para que você olhe para dentro, que você perceba este projeto de vida em abundância proposto pelo Cristo, e assim apaixonado, que você também se abra para que a Igreja faça parte de sua vida, de sua caminhada e de sua história. A Igreja confia em você! Encontramos-nos em tempo especial de missão. E tempo de missão é tempo de convocar a juventude para semear!

Deste modo ao concluir o Concilio Vaticano II em 08 de dezembro de 1965 o Papa Paulo VI dirige uma mensagem especial para toda a juventude, mensagem esta que direta para você jovem comprometido, que quer e pode renovar a face da terra: “sóis vós (…) que ides construir a sociedade de amanhã. (…)A Igreja deseja que esta sociedade que vós ides constituir respeite a dignidade, a liberdade, o direito das pessoas: e estas pessoas, sois vós. Deseja em especial que esta sociedade deixe espalhar-se o seu tesouro sempre antigo e sempre novo: a fé, e que as vossas almas possam banhar-se livremente nos seus clarões benéficos. Tem confiança que vós encontrareis uma força e uma alegria. (…)Possui o que constitui a força e o encanto dos jovens: a faculdade de se alegrar com o que começa, de se dar sem nada exigir, de se renovar e de partir para novas conquistas. Olhai-a, e encontrareis nela o rosto de Cristo, o verdadeiro herói, humilde e sábio, o profeta da verdade e do amor, o companheiro e o amigo dos jovens. É em nome de Cristo que nós vos saudamos, que vos exortamos e vos abençoamos (AAS 58 (1966), p. 8-18)”.

Padre Anderson Xavier Lopes
Assessor do Setor Juventude – Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP)

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Email