XIX Jornada Mundial dos Doentes

XIX Jornada Mundial dos Doentes

Se todos os homens são nossos irmãos, aquele que é debilitado, sofredor ou necessitado de cuidado deve estar mais no centro da nossa atenção, para que nenhum deles se sinta esquecido ou marginalizado. Com efeito, “a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. Isso vale tanto para o indivíduo como para a sociedade. Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido, mesmo interiormente, é uma sociedade cruel e desumana” (Carta enc. Spe salvi, 38).

Oportunamente, o Santo Padre Bento XVI coloca, neste ano, como tema para a nossa meditação: “Pelas suas chagas fomos curados”, retirado da 1Pd 2, 24. Lembrando de sua peregrinação a Turim para contemplar o rosto sofredor do Santo Sudário, nos recorda que Cristo levou consigo para a Cruz os nossos pecados, “carregou a paixão do homem de todos os tempos e lugares, inclusive os nossos sofrimentos, as nossas dificuldades e os nossos pecados”. Embora, para todos nós, o sofrimento, a dor, a enfermidade permaneçam sempre carregados de mistério, difícil de aceitar e suportar, tudo se torna possível na fé, dando um sentido ao sofrimento. Dentro do mistério pascal, nunca podemos nos esquecer de que não existe sexta-feira santa sem domingo de páscoa; não podemos chegar à páscoa sem que passemos pela paixão, cada um na medida que Deus concede!

Citando São Bernardo, o Papa recorda: «Deus não pode padecer, mas pode compadecer». Deus, a Verdade e o Amor em pessoa, quis sofrer por nós e conosco; fez-se homem para poder com-padecer com o homem, de modo real, em carne e sangue. Em cada sofrimento humano, portanto, entrou Aquele que partilha o sofrimento e a suportação; em cada sofrimento difunde-se a con-solatio, a consolação do amor partícipe de Deus para fazer surgir a estrela da esperança (cf. Carta enc. Spe salvi, 39).

Nosso amado Papa recorda aos queridos jovens, que se preparam para a Jornada Mundial da Juventude, que olhem para as chagas de Cristo e que, quer sadios, quer enfermos, não se esqueçam de contemplar que “só Ele é capaz de libertar o mundo do mal e de fazer crescer o seu Reino de justiça, de paz e de amor ao qual todos aspiramos”. Que a Eucaristia, Pão da Vida, seja para todo cristão o “remédio para a vida, o antídoto para não morrer”, como alimento e bebida de salvação nos ajude a reconhecer e servir Jesus também nos pobres, nos doentes, nos irmãos sofredores e em dificuldade que precisam da nossa ajuda.

Em nossa Arquidiocese, queremos fazer um apelo para que seja implementada em todas as Paróquias a Pastoral da Saúde ou Pastoral da Visitação aos Enfermos. Presente nas paróquias, principalmente deve ser presença nas casas de saúde, hospitais, casas geriátricas. Esse é um momento riquíssimo da presença amorosa e misericordiosa da Igreja junto aos que sofrem e padecem do corpo e da alma, levando os remédios necessários do consolo e da paz que provêm da Sagrada Comunhão.

Que Nossa Senhora da Saúde, a Consoladora dos Aflitos, nos conduza com sua intercessão a descobrir e cumprir, com generosidade e na força e unguento do Espírito Santo, a vontade do seu Filho, expressão da vontade do Pai, e a cumpri-la sempre, mesmo na dor e no sofrimento, tornando-nos solidários com aqueles que sofrem. Que “nos rostos dos doentes sabei ver sempre o Rosto dos rostos: o de Cristo.”

Por Dom Orani João Tempesta, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro

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