Viva Santo Inácio de Loyola! Conheça mais sobre a espiritualidade inaciana

Viva Santo Inácio de Loyola! Conheça mais sobre a espiritualidade inaciana

Dia de Santo Inácio de Loyola

31 de julho, festa do fundador da Companhia de Jesus

Certa vez, ouvi dizer que não escolhemos nosso santo ou santa de devoção, mas são eles/as que nos escolhem. Hoje isso se tornou verdade pra mim. Até meados de 2012, eu achava muito bonito pessoas dizendo que tinham um/a santo/a de devoção, porque eu mesmo não tinha essa ligação forte com ninguém. Até vivenciar algumas experiências que, consequentemente, me proporcionaram ter uma pessoa a quem se aproximar e fortalecer minha caminhada junto a Deus, e é sobre ele que vim partilhar.

Hoje, 31 de julho, é dia da festa de Santo Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus. Os jesuítas, reconhecidos oficialmente pelo Papa Paulo III, em 1540, possuem mais de 480 anos de história e presença em todo o mundo. A ordem religiosa conta hoje com mais de 16 mil companheiros atuando em torno de 100 países dos cinco continentes, colaborando com a transformação da sociedade por meio da espiritualidade, da promoção social, do diálogo intercultural e inter-religioso, se destacando pelo trabalho missionário, junto às fronteiras das dificuldades sociais e atuando diretamente no desenvolvimento humano.

Temos alguns jesuítas que podemos citar aqui para nos contextualizar, como São José de Anchieta, que, além de ser missionário, professor, poeta, teatrólogo, gramático, botânico e fundador de cidades, também foi considerado Padroeiro do Brasil, junto com Nossa Senhora Aparecida. Ou até mesmo o nosso amado e revolucionário Papa Francisco, primeiro latino e primeiro jesuíta a se tornar Papa na história da Igreja. O argentino Jorge Mario Bergoglio entrou para o noviciado da Companhia de Jesus em 1958 e até hoje, com simplicidade e carisma, amor e serviço, transborda a espiritualidade que Inácio nos convida desde séculos atrás.

Mas não viemos aqui falar sobre Inácio de Loyola? Sim. Porém, acredito eu, falar do seu legado, vivo e transformador até hoje, é a melhor maneira de mostrar quem ele foi. Inácio nasceu no Castelo de Loyola, em Azpeitia, norte da Espanha, em 1491. Filho de família cristã e nobre, caçula de 13 irmãos e irmãs, foi batizado como Iñigo. Mais tarde, na busca de se conhecer e conhecer mais a Deus, mudaria seu nome para Inácio. Numa batalha, a bala de canhão que atingiu sua perna mudou sua vida para sempre. Enfermo, na casa de parentes, com apenas alguns livros de santos à disposição, Inácio começou a perceber que havia uma outra vida possível, e que essa vida o faria muito mais realizado. Se tornou, então, um guerreiro do Reino, mudando completamente seu projeto de vida para algo antes inimaginável. Mas, como ele mesmo disse, “quem quiser reformar o mundo, comece por si mesmo”. Ele, então, começou sua peregrinação por diversos países, buscando sair de si mesmo e ser mais. Mais do que ele mesmo, mais para os outros, mais de Deus. Em latim, ele chamava essa busca de magis. E viveu até seus últimos dias em serviço e missão, fazendo “tudo para maior Glória de Deus.”

Inácio deixou um bem para a Igreja e toda humanidade, os Exercícios Espirituais. O que antes eram pequenas anotações em um livro pessoal das suas experiências humanas e espirituais, se tornou um guia do que chamamos de espiritualidade inaciana. Estes Exercícios Espirituais são práticas que nos convidam a aprofundar na Palavra e colocar nossa vida diante de Deus, para mais conhecer, amar e servir Aquele que nos criou. Com eles, podemos estabelecer uma relação de Criador e criatura, entendendo nossas forças e fraquezas, nossas potencialidades e necessidades, ordenando nossos afetos, fazendo escolhas que constroem nosso projeto de vida à luz de um Cristo encarnado, para que possamos “amar a Deus em todas as coisas e todas as coisas n’Ele”.

A espiritualidade inaciana é essa tríade que nos instiga a ter uma relação de amor comigo mesmo, com o outro e com Deus. Para amar o outro como a si mesmo eu preciso me amar. Para amar a Deus eu preciso me amar. E para amar a Deus eu preciso amar a mim e aos demais, porque somos todos imagem e semelhança. E não é criar relações superficiais ou política de boa vizinhança, pois Inácio traz mecanismos que nos dão a chance de promover relações profundas, sinceras, de cuidado e serviço, para construir pontes e derrubar muros, afinal “o Amor consiste mais em obras do que em palavras”, já diria o peregrino.

Hoje, após poucos anos vivenciando essa espiritualidade inaciana, posso dizer que tenho meu santo de devoção! Inácio sabe quanto sou grato pelas experiências que vivi, sejam os momentos de espiritualidade, peregrinações, voluntariados, conexões, formações humanas e sociais. Muitas destas experiências foram fundantes para minha fé, que me fizeram começar a conhecer um eu que não sabia que existia, conhecer o outro de forma rica e profunda, vislumbrar e viver com Deus de uma maneira linda e eterna, tudo em companhia de Jesus.

E trago, para finalizar, a oração de Santo Inácio, para rezarmos e refletirmos, pedindo a graça de sermos mulheres e homens livres em Deus, pedindo o entendimento de que “não é o muito saber que sacia e satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente”.

Tomai, Senhor, e recebei

Toda a minha liberdade, a minha memória também

O meu entendimento e toda a minha vontade

Tudo o que tenho e possuo, vós me destes com amor

Todos os dons que me destes, com gratidão vos devolvo

Disponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade

Dai-me somente, o vosso amor, vossa graça

Isto me basta, nada mais quero pedir

Amém

Para saber mais sobre Santo Inácio de Loyola ou sobre a Companhia de Jesus no Brasil, acesse jesuitasbrasil.org.br.

Sobre o autor:

Bruno Victor é Coordenador de Comunicação do Programa MAGIS Brasil, ação apostólica dos jesuítas, de espiritualidade e formação para as juventudes, presente no país inteiro. Saiba mais em magisbrasil.com.

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