O que o Movimento Gen (Geração Nova) pode oferecer ao mundo hoje
Final da década de 60, Guerra Fria, conflito armado no Vietnã, surgimento de novas drogas sintéticas e movimentos culturais de contestação. Todos esses ingredientes borbulhavam o dia-a-dia dos jovens quando um apelo partiu da Itália: “Jovens do mundo inteiro, uni-vos!”. Mas uni-vos para quê? Para reconstruir o mundo através do amor concreto e da vida coerente dos valores cristãos inspirados no Evangelho.
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Créditos: Instagram @editoracidadenova/ @guga.monteiro
Era um chamado feito por Chiara Lubich, hoje em processo de beatificação. Ela, que havia fundado o Movimento dos Focolares em meio à Segunda Guerra Mundial, convidava os jovens a transformar a realidade não através do relativismo e da violência, mas da decisão radical de dizer sim à Vontade de Deus, como Maria, em cada momento presente. Através desse chamado nasceu o Movimento Gen (Geração Nova), expressão jovem do movimento dos Focolares.
Nesse convite, jovens como a beata Chiara Luce Badano, a Serva de Deus Cecilia Perrín, da Argentina, e os Servos de Deus e amigos Carlo e Alberto, de Gênova, na Itália, encontraram um norte. Hoje, assim como no final da década de 60, o chamado à santidade ressoa. A última exortação do Papa Francisco, Gaudete et Exsultate, é um convite a se manter firmes nessa meta, não obstante o ritmo acelerado da vida e os desafios sociais e tecnológicos.
Sobre os diversos anseios típicos da juventude, que muitas vezes encobrem aquilo que é essencial, Chiara Lubich escreveu aos Gen (Geração Nova), em 1967, um texto chamado “O que importa”:
Usava uma jaqueta vermelha.
Chamava-se Edna e viera do longínquo Brasil para a Itália a fim de doar-se completamente a Deus, deixando pais e pátria ainda na flor da idade.
Estava na região das montanhas havia um mês para recuperar a saúde. Devia passear, caminhar bastante. Tomara a direção de um desfiladeiro.
Naquela tarde, a escuridão descera rápida e os poucos centímetros de neve que caíra davam à paisagem um aspecto diferente.
Edna ficou meio desnorteada. Procurou localizar, à direita e à esquerda, as luzes da cidade que se acendiam aos poucos e para lá se dirigiu rapidamente. Mas se enganou. O povoado que vislumbrara não era aquele em que estava hospedada.
Caminhou. Pôs um pé no vazio de um abrupto precipício. No fundo do abismo, com a morte, o amor de Deus a esperava para levar sua alma ao Paraíso.
Durante dois dias e duas noites, o povo da região, que a amava, a procurou em vão. Eram mais de mil pessoas.
Finalmente, alguém avistou a jaqueta vermelha.
Edna, depois que o seu corpo foi transferido para Roma, repousa no cemitério de Rocca di Papa.
Gen, que me lê, ouça-me:
Não existe uma idade para morrer. Todo dia é dia. A vida se esvai. E vida temos uma apenas.
Como vivê-la?
Como Edna. Ela conhecia um único segredo: amar. Amar a Deus e, por Deus, o próximo.
Se, diante de todas as circunstâncias alegres ou tristes, diante de todos os deveres, diante de todas as pessoas, o coração dela tivesse podido soltar um grito, teria sido este: importa amar-te!
Sim, importa amar a Deus. Todo o resto é vaidade.
Edna sabia disso. Por esse motivo, a sua alma era rubra de fogo de amor por Deus e sua jaqueta permanecerá como símbolo de sua vida.
Também nós, Gen, façamos como Edna.
O que importa? Digamos uns aos outros, e antes de tudo, a nós mesmos.
O que importa na vida?
Amar-te, meu Deus, importa!
(Chiara aos Gen, Volume 1, p. 123)
Para aprofundar: esse texto foi publicado na coleção Chiara aos Gen, da Editora Cidade Nova. Os três livros reúnem as mensagens de Chiara aos jovens, desde a década de 60 aos anos 2000. A vida da beata Chiara Luce Badano também está disponível em duas biografias publicadas pela mesma editora.
Por Gustavo Monteiro