Teologia do Corpo: O pecado entra na nossa história

Teologia do Corpo: O pecado entra na nossa história

formacao_o-que-e-a-teologia-do-corpo-940x500Este é o 11º artigo da série Teologia do Corpo

Ao iniciarmos nossa meditação, procuraremos trazer aos nossos olhos a realidade de como o mal se nos apresenta. O convite feito, no Princípio, por Deus foi para vivermos na felicidade eterna. Talvez, não tenhamos hoje a real dimensão de como seria vivermos numa realidade onde a felicidade não teria fim. Por muitas vezes, vivemos pequenos lapsos de felicidade e, a partir deles, chegamos a nos considerar as pessoas mais felizes do mundo. E isso, sem levar em conta que tais entusiasmos são, invariavelmente, materialistas, consumistas etc, pois a noção de felicidade que temos é baseada nas coisas terrenas.

Pois bem, apesar do convite-proposta feito pelo Criador, o homem deixou-se seduzir pelos enganos do inimigo. Quando se dirigiu ao homem e à mulher, no paraíso, o inimigo de Deus utiliza-se de outra estratégia também muito comum no seu agir: implantar a dúvida no coração humano. Não à toa que Cristo o chamará, mais tarde, no Novo Testamento de “pai da mentira” (cf. Jo 8, 44). Não bastasse a desfaçatez em manipular as situações, as palavras, as intenções, utilizou-se de artifícios geradores de confusão sobre a realidade das coisas. O mal nunca se mostra como ele realmente é, pois se assim fosse nós não cairíamos em suas armadilhas, mas como ele vem dissimulado, somos levados aos seus enganos.

Para não nos distanciarmos do objeto das reflexões apresentadas, tomaremos como exemplo de nossa fundamentação, o emblemático mal do adultério que, como o próprio Cristo afirma, tem mais graves consequências quando corrompe nosso coração. E, quando falamos em adultério não estamos nos limitando à traição de um homem ou mulher casados em relação aos seus cônjuges, mas expandimos ao nível de olhar uma outra pessoa como objeto de desejo e de posse, como ser subordinado ao próprio prazer, à própria busca de auto-realização (TDC, XXV).

Assim, esse desvio se coloca diante de nós como algo agradável, às vezes, até desejável. Olhemos para filmes e novelas, por exemplo. Quantas vezes não nos pegamos postos em xeque ao estarmos “na torcida” para que um relacionamento se desfizesse em face da descoberta de um “novo e verdadeiro amor”, de algum ideal românticos e sensual? Quem poderia enxergar um mal quando uma moça paquerasse um homem ou quando um rapaz se insinuasse para uma mulher exibindo um corpo atlético e musculoso? O perigo e a reprovação destas atitudes fortíssimos quando aquele homem e aquela mulher forem casados, comprometidos. Completando este cenário de desvios, chega o momento da dúvida que o mal sempre traz consigo: será que a moça não poderia paquerar o homem e ser feliz? E o rapaz, ele não é livre para buscar sua satisfação pessoal? Essas são algumas das dúvidas que podem ser sugestionadas para justificar as atitudes.

Neste momento, se confere à pessoa uma dimensão diversa: ela se torna um objeto de desejo aos olhos, de domínio, determinado pelo sexo, pelo uso, verdadeiro objeto de satisfação. Desfaz-se a integralidade existente entre corpo e alma, aquilo que identifica a pessoa humana na sua inteireza. Ao se raciocinar nesta direção, quebra-se a essência do ser humano: ser um corpo. De fato, nós não temos um corpo, mas somos um corpo. Quem possui algo, pode dispor do que tem, mas quem é não pode dispor de si mesmo.

A cultura reinante nos nossos tempos vai na onda da ideologia de que o corpo seja considerado somente como produto estético, em detrimento do seu intencional aspecto ético. E, neste ponto, somos convidados a romper com o pensamento vigente que destrói e separa, e chamados a viver o “ethos” da redenção, ou seja, de perceber o verdadeiro valor que cada pessoa tem na sua integralidade.

tati-ronaldo2Por Tatiana e Ronaldo de Melo assessores do Núcleo de Formação e Espiritualidade da Pastoral Familiar/Arquidiocese do Rio de Janeiro

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