Símbolos da JMJ levam esperança ao Morro do Bumba em Niterói

Símbolos da JMJ levam esperança ao Morro do Bumba em Niterói

Um sinal de esperança. Assim foi a passagem da Cruz Peregrina e do Ícone de Nossa Senhora pelo Morro do Bumba, em Niterói, na noite da segunda-feira, 20. O local, que há três anos foi cenário da tragédia que marcou centenas de famílias, foi palco de uma grande manifestação de fé e esperança. Cerca de 300 pessoas participaram da missa campal na praça da comunidade, presidida pelo arcebispo de Niterói, Dom José Francisco, numa demonstração de força e na capacidade de recomeçar apesar das dificuldades e dos desafios.

Para Bruno Lemos, ex-morador do Morro do Bumba, não é fácil retornar ao local da tragédia, aonde ele perdeu 12 parentes, entre tios e primos, além de amigos e conhecidos de infância. O local, hoje, é uma praça. Mas para ele, não deixa de ser um cemitério, já que muitas pessoas, que desapareceram no desmoronamento, acabaram ficando soterradas sob os escombros, como por exemplo, a tia dele. “Aqui era um morro, com muitas ruas, casas. Hoje é esse vazio e, por cima dos escombros, fizeram essa praça. Mas muitas pessoas, famílias inteiras, estão enterradas embaixo dessa praça”, afirmou.

Bruno guarda na memória as tristes lembranças da tragédia, quando socorreu diversas vítimas e, infelizmente, ajudou no resgate de muitos corpos. Ele afirmou que sempre evitou passar pela região. Mas, para Bruno, voltar ao lugar para acolher os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) devolve um novo olhar sobre o local.

“É um lugar triste, confesso, que eu não gosto de estar. Mas, hoje, a sensação de vir aqui é diferente, uma sensação de esperança. A visita do ícone de Nossa Senhora e da Cruz traz um novo alento, não só para mim, mas creio que para todos aqueles que perderam familiares, amigos, bens materiais. Parece que depois de tudo de ruim e triste que aconteceu, Cristo vem nos visitar e dar essa força para que a gente possa continuar a nossa caminhada, continuar a nossa vida e, sempre, na esperança. A esperança não decepciona nunca”, afirmou Bruno.

Para o arcebispo de Niterói, Dom José Francisco Rezende Dias, a visita da Cruz Peregrina e do ícone de Nossa Senhora é uma manifestação de solidariedade e comunhão com a população daquele local, um ato de fé e de compromisso na luta por condições dignas de vida.

“Esse momento é um sinal profético, pois esse local também passou a ser um local sagrado onde muitas pessoas doaram suas vidas naquela tragédia. A nossa presença aqui quer ser também essa presença de Igreja, presença de solidariedade e comunhão com o nosso povo. Que eles possam ter a certeza de que, mesmo que o momento venha com cruz, nós não estamos sozinhos, Deus está conosco. Como Arquidiocese, nós queremos caminhar junto com esse povo, manifestando solidariedade e comunhão, lutando para que eles possam, de fato, ter um local digno para morar, o que muitos ainda não conseguiram. Que essa passagem da Cruz e do ícone sejam também um momento de fé e de compromisso com a dignidade e a justiça para os irmãos”, afirmou Dom José.

Tragédia

Em abril 2010, o Morro do Bumba foi palco de uma das maiores tragédias da história de Niterói. Um deslizamento de terra atingiu a comunidade, erguida sobre um antigo lixão. Oficialmente, quarenta e sete pessoas morreram e mais de três mil ficaram desabrigadas. Para os moradores da região, esse número é bem maior. Três anos depois da tragédia, a Cruz e o Ícone visitam o local, em sinal de esperança e recomeço.

Por Rocélia Santos, da Arquidiocese do Rio de Janeiro

Fotos: Gustavo de Oliveira

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