Os jovens encarcerados também são “a juventude do Papa”

Os jovens encarcerados também são “a juventude do Papa”

 

Misericórdia, conversão e alegria são as chaves para compreender a visita do Papa Francisco ontem, dia 25, ao Centro de Reabilitação de Menores “Las Garzas” em Pacora, região metropolitana da Cidade do Panamá. É a primeira vez que um ato de liturgia penitencial de uma Jornada Mundial da Juventude acontece dentro de um centro de detenção. Sempre em suas viagens apostólicos, Francisco busca fazer um gesto concreto de misericórdia, como visita a enfermos, crianças órfãs entre outros. No Centro de Reabilitação, o Papa presidiu a liturgia penitencial partindo da citação evangélica: “Haverá alegria no céu por um só pecador que se converte”. Durante o ato, 12 jovens se confessaram, sendo cinco deles com o Papa Francisco.

O centro de reclusão, inaugurado em 2002, acolhe 192 menores infratores e é considerado um modelo para o país, oferecendo aos jovens um percurso de integração social integral, mediante um caminho educativo familiar, sanitário e de formação profissional com a ajuda de uma equipe de assistentes sociais, psicólogos e professores.

Papa Francisco foi acolhido com um o canto “A oração do pobre”, e ouviu o testemunho de um dos jovens. A partir da citação escolhida sobre a conversão do pecador, o Santo Padre refletiu que como Jesus foi questionado e houve muito falatório por estar junto e comer com pecadores – que significava um escândalo para os fariseus e escribas -, ainda hoje nossa sociedade não aceita com bons olhos estar junto aos marginalizados.

Contudo, enquanto os fariseus e escribas se limitam a murmurar e ficar indignados, sem a possibilidade de qualquer mudança, Jesus se aproxima, se compromete, colocando em risco a sua reputação e convida sempre a uma renovação da vida e da história.

Para Francisco, “Jesus não tem medo de Se aproximar daqueles que, por inúmeras razões, carregavam o peso do ódio social, como no caso dos publicanos – lembremo-nos que os publicanos se enriqueciam roubando o seu próprio povo, provocando muita, mas muita indignação – ou o peso das suas culpas, erros e enganos, como no caso daqueles que eram conhecidos por pecadores. Fá-lo porque sabe que, no Céu, há mais alegria por um só pecador convertido do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão (cf. Lc 15, 7)”.

“Uma sociedade adoece quando não é capaz de fazer festa pela transformação dos seus filhos, uma comunidade adoece quando vive a murmuração que esmaga e condena, sem sensibilidade. Uma sociedade é fecunda quando consegue gerar dinâmicas capazes de incluir e integrar, assumir e lutar para criar oportunidades e alternativas que deem novas possibilidades aos seus filhos, quando se preocupa por criar futuro com comunidade, instrução e trabalho. E embora possa experimentar a impotência de não saber como, nem por isso se arrende, mas tenta de novo. Todos nos devemos ajudar para aprender, em comunidade, a encontrar estes caminhos”, disse o papa.

 

Segundo a Diretoria Nacional do Instituto de Estudos Interdisciplinares, Emma Alba de Tejada, o ânimo da visita do Santo Padre foi evoluindo conforme se preparavam. “No início acreditaram que o Papa viria apenas para falar com os católicos, mas com a graça de Deus pudemos demonstrar aos jovens que o pontífice viria transmitir sua mensagem de amor e esperança a todos eles”, contou.

Ao final do encontro, o Ministério de Governo do Panamá anunciou em seu Twitter que um juiz concedeu a liberdade condicional a nove jovens, sete deles do Centro de “Las Garzas”, uma medida que tornou o dia “ainda mais especial”.

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