No livro, Sílvia Fernandes procura responder a seguinte questão: “O que atrai, o que afasta e o que faz um rapaz ou moça permanecer em instituições guardiãs do sagrado? E como as novas gerações, marcadas pelos traços de uma modernidade cada vez mais individualizante, assumem projetos coletivos e abrem mão da individualidade quando depositam sua trajetória e seu destino na sombra de uma instituição religiosa com a história e o peso sociocultural da Igreja Católica?”
O livro aborda formas de religiosidade diferentes, como a Renovação Carismática Católica (RCC) e a Teologia da Libertação (TL) e fala de como os jovens se relacionam com elas. Trata ainda de questões como a forma com que os jovens encaram o celibato e a doutrina da Igreja.
Influência de irmãos levaram socióloga a estudar o assunto
A autora revela que sua motivação para pesquisar o tema sob a ótica da sociologia nasceu em ambiente familiar: “Meu irmão persistiu e atualmente é padre, já minha irmã, abandonou a vida religiosa em três anos, sem concluir as etapas formativas”, lembra. Para Sílvia, as desistências e permanências que observou a levaram a querer realizar não apenas uma análise institucional da Igreja Católica, como também daqueles que buscam a vida religiosa, um modelo milenar que pouco mudou ao longo dos séculos.
Segundo a socióloga, seu livro contribui para uma reflexão sobre escolhas juvenis em tempos de muitas ofertas e estilos de vida. “Acredito que pode ajudar a entender a juventude atual, que não é redutível a uma única vertente, ideologia ou comportamento”, afirma. “Os jovens são muito mais plurais do que imaginamos e o livro apresenta uma faceta desse pluralismo, que é também religioso; adentra as tensões das escolhas juvenis e da radicalidade de suas narrativas. Por outro lado, mostra jovens críticos e, quem sabe, capazes de promover mudanças importantes nas instituições”, conclui.
Atualmente a socióloga conta com o apoio da FAPERJ para o desenvolvimento de duas novas pesquisas: a primeira investiga jovens da Toca de Assis, um instituto religioso onde rapazes e moças vivem uma experiência radical de pobreza, castidade e obediência e questionam a sociedade moderna em alguns de seus valores, como o acesso ao conhecimento e a prática do consumo; a segunda pesquisa analisa os rumos do catolicismo no estado do Rio de Janeiro, a partir de dados censitários em alguns municípios. Esta última conta ainda com o apoio do CNPq.
Com informações de Vinícius Zepeda, da Faperj