Vamos começar nossa matéria com o pé direito, ou melhor a partir da falta do mesmo…
Adenilson Pereira da Silva, 24 anos, é artesão e natural de Itapecuru, cidade pertencente a diocese de Coroatá no estado do Maranhão. O jovem está na Diocese de Caxias no mês de dezembro vivenciando a sétima missão. Ele teve sua mobilidade reduzida desde 2012 quando foi vítima de um atropelamento, a mutilação segundo Adenilson mudou também sua história de vida.
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Adenilson com as missionárias Ilzeane e Daiane em Caxias – MA
A falta da perna direita transformou a forma de pensar e ver o mundo: antes ele se intitulava egoísta, e a partir do momento do acidente se tornou mais humilde, pois “vi que não estava sozinho no mundo e que o outro podia ensinar e ajudar muito”, acrescenta o jovem.
A mutilação também trouxe novos sonhos e objetivos de vida, um deles é ser um futuro atleta paraolímpico do ciclismo, mas por falta de patrocínio e uma bike adequada está distante, o outro já está realizando: ser missionário.
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Adenilson na Missão Jovem Amazônia 2017, em Caxias – MA
A partir da deficiência Adenilson dá um exemplo ao ser missionário, dos mais de 30 jovens na Missão Amazônia ele é o único que possui alguma mobilidade reduzida, representando os mais de 24% da população brasileira que tem alguma deficiência (segundo IBGE 2012), mas vale ressaltar que em momento algum a ausência da perna direita o fez diferente dos outros em Caxias -MA.
Ele é um exemplo que nós Jovens Conectados queremos dar voz e vez, pois muitas vezes testemunhamos que não se vê a pessoa com deficiência, pois a mídia reporta a deficiência na pessoa, ou seja o diferente se sobressai ao ser humano, à pessoa cristã, esquecendo-se da sua essência primeira. E assim, falamos de capacitismo, para quem não sabe: é uma forma de discriminação para pessoas com deficiência quando elas são consideradas naturalmente incapazes, e isso passa pelo padrão de um corpo normativo.
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Missão nas casas dos moradores da comunidade Nossa Senhora das Dores em Caxias – MA
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Momento de descanso após o almoço missionário
É capacitismo quando você sente pena e não respeito. Muitos se esquecem, mas o maior cantor do Brasil, Roberto Carlos não tem a perna direita, é considerado Rei, e sua “mutilação/deficiência” nunca interferiu no seu trabalho, no seu canto…
“A capacidade não está nos membros que a pessoa tem e sim no coração que carrega”, ensina Adenilson.
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Momento de descontração e partilha durante visita em missão
O coração e a fé do jovem mostrou o caminho a seguir, ele é vocacionado e está em processo de discernimento há dois anos. Adenilson se intitula um missionário que gosta de ouvir, que prefere os gestos às palavras, mas que quando necessário sabe utilizá-las, e muito bem diga-se de passagem… enquanto repórter, confesso que o vídeo que gravei a seguir vai lhe ensinar:
https://www.youtube.com/watch?v=JBIqnXGKcMI&feature=youtu.be
Ao ser questionado Adenilson afirma que não gosta de ser intitulado super herói, afinal “super heróis somos todos nós todos os dias, nós somos humanos, é um instinto de sobrevivência vencer diariamente”. Muito ainda poderíamos aprofundar sobre o exemplo de homem, de ser humano, cristão e missionário que o jovem nos dá. Com seu testemunho de fé e vida ele saiu de uma depressão após a mutilação e já conseguiu levar 6 missionários e formar 9 grupos de jovens por onde passou.
A fé não tem que buscar a cura pro deficiente e sim seu bem estar, Adenilson afirmou que “alegria ele tinha no mundo, mas felicidade verdadeira encontrei com Deus e é essa felicidade que levo nas missões”. Ele não quer ser visto como um missionário excepcional, mas sim como um cristão, que busca seus direitos e pode fazer qualquer coisa e quer sim fazer a diferença.
O jovem quer ser reconhecido como o homem Adenilson, quer fundar uma Pastoral do Deficiente em sua Diocese, quer ser medalhista brasileiro. E é assim que nós vamos interceder por ele e sua missão de anunciar a Boa Nova, o evangelho.
Por Maria Emília Duarte dos Jovens Conectados correspondente da Missão Jovem