Agosto/2019: Carta de Dom Vilsom Basso sobre o Sínodo 2018

Agosto/2019: Carta de Dom Vilsom Basso sobre o Sínodo 2018

O SÍNODO: OPORTUNIDADE DE VER, OU VIR E SAIR!

Em outubro de 2018, acontecerá, em Roma, o XV Sínodo Ordinário dos Bispos, convocado pelo Papa Francisco, com o tema: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional.

O Sínodo é uma bela oportunidade para ver e conhecer a realidade juvenil, ouvir seus clamores, dúvidas, sugestões, esperanças e, em conversão pastoral, oportunizar a juventude o “sair”, o “em saída”, para que sejam sal e luz.

VER

Assim se expressa o Papa Francisco: “Também a Igreja deseja colocar-se na escuta da vossa voz, da vossa sensibilidade, da vossa fé; até mesmo das vossas dúvidas e das vossas críticas… Fazei ouvir o vosso grito, deixa-o ressoar nas comunidades e fazei-o chegar aos pastores” (Regra de São Bento 3,3) – (Carta do Papa Francisco aos jovens por ocasião da apresentação do documento preparatório da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 13 de janeiro de 2017).

É imprescindível conhecer a realidade juvenil para poder encontrar respostas adequadas no serviço à juventude.

Um pouco da realidade juvenil

Nestes elementos da realidade transcrevemos alguns dados da síntese que a CNBB fez das respostas dos questionários enviados por dioceses do Brasil, em preparação ao sínodo dos bispos.

Número e percentagem de jovens (16-29 anos) no Brasil

R: 51,3 milhões de jovens (IBGE 2013).

Outros:

Número e porcentagem de jovens (16­-29 anos) no país

Grupos de idade Masculino Feminino
25 a 29 anos 8.460.995 8.643.419
20 a 24 anos 8.630.229 8.614.963
15 a 19 anos 8.558.868 8.432.004

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010 (http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2/bn_2015_v23.pdf)

A população brasileira atual é de 206,1 milhões de habitantes (Pnad 2016 – IBGE). Segundo as estimativas, no ano de 2025, a população brasileira deverá atingir 228 milhões de habitantes. A população brasileira distribui-se pelas regiões da seguinte forma: Sudeste (86,3 milhões), Nordeste (56,9 milhões), Sul (29,4 milhões), Norte (17,7 milhões) e Centro-Oeste (15,6 milhões). Taxa de natalidade (por mil habitantes): 20,40.

Os jovens ocupam, hoje, um quarto da população do País. Isso significa 51,3 milhões de jovens de 15 a 29 anos vivendo, atualmente, no Brasil, sendo 84,8 % nas cidades e 15,2 % no campo. Há aproximadamente 175 milhões de cristãos.

Um levantamento feito pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade) mostra que os jovens estão adiando a entrada no mercado de trabalho. A proporção de jovens com idade entre 16 e 24 anos que só estudam pulou de 6,8%, no biênio 1986-1987, para 15,4%, no período de 2012 e 2013. Já a taxa de participação no mercado de trabalho caiu de 79,6%, em 1986, para 74,2%, em 1999, e 72,9%, em 2013. A taxa de desemprego entre a população que está entrando no mercado de trabalho, de 18 a 24 anos, foi de 24,1% no primeiro trimestre de 2016. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) baseados na Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que o número de jovens de 15 a 29 anos que não estuda é de…

É importante nos perguntarmos: Qual a realidade juvenil no regional, na diocese, na paróquia, na comunidade onde vivemos?

Como acompanhar estes jovens em seu dia a dia, em seu discernimento vocacional, em seu projeto de vida?

Para isso, é preciso ouvir, conhecer os desafios do mundo juvenil e perguntar: quais as oportunidades que isto possibilita?

OUVIR

“O Senhor disse: ‘Eu vi, eu vi a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço os seus sofrimentos. E desci para livrá-lo da mão dos egípcios e fazê-lo subir do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mane leite e mel…” (Ex 3,7-8).

Ao falarmos de desafios e possibilidades, transcrevemos alguns dados da síntese que a CNBB fez das respostas dos questionários enviados por dioceses do Brasil, em preparação ao Sínodo dos Bispos. – repete

Desafios

 Jovens de nosso país destacaram: ausência de referência, de modelos e líderes; crise de orientação; há uma grande diversidade de propostas, vozes, estímulos, solicitações e pouco discernimento; imediatismo, consumismo e hedonismo; violência, agressividade, alienação; crescimento do fenômeno do agnosticismo e ateísmo entre os jovens; vazio e niilismo, o sentimento de descrença nas instituições e o vazio existencial, falta de uma razão para viver.

Há uma educação tecnicista, sem visão de desenvolvimento integral com séria lacuna humana, moral e ética; no mundo das relações virtuais a perda ou esvaziamento do sentido das relações humanas; ruptura entre educação, formação profissional e emprego; pouca oportunidade para o trabalho; ditadura dos padrões preestabelecidos pela sociedade.

Falta sentido para a vida, projetos e prioridades: má orientação para o uso dos meios de comunicação; consumo de drogas ilícitas; falta de perspectiva de sonhos e futuro; dificuldade em ouvir, oportunidade de falar; inversão de valore e manipulação pelas ideologias; fragmentação, descontinuidade; mentalidade do “caminho mais fácil”, “jeitinho”, atalho, influxo da cultura a corrupção, dispersão psicológica, fuga das relações; há demanda com intensidades diferentes: escola, saúde, cultura, esportes, lazer, emprego; diversos contextos; viver em uma cultura anticristã; pressões e tentações sexuais/pureza; crise de identidade e baixa autoestima; a falta de esperança e de perspectiva de vida.

Há graves desigualdades sociais: crise econômica; dificuldade de inserção no mercado de trabalho; cultura de pouca valorização do capital humano; pobreza e falta de dignidade de vida básica para grande parte da juventude brasileira; pouca qualificação para o mercado de trabalho; falta mais investimento no desenvolvimento do jovem como ser humano, não somente técnico; a violência e o extermínio de jovens, especialmente dos mais pobres; ausência de seriedade no processo de efetivação das políticas públicas em relação aos adolescentes e jovens;

A desestruturação familiar atinge em cheio a juventude. O divórcio e as questões familiares; decisões em relação ao estado (negócios); figura de pai ausente; falta de disciplina; pouca ou quase nada da participação da juventude em processos decisórios; pais ausentes e/ou superprotetores que tornam os filhos mais frágeis e tendem a subestimar os riscos ou a ser obcecados pelo medo de cometer erros; a separação dos pais e as novas configurações de família; falta de harmonia e diálogo na família; menciona-se o medo de frustrar os pais.

A juventude vive um clima de incerteza, de falta de clareza por onde caminhar. A combinação entre a elevada complexidade do contexto social e sua rápida mudança, gera uma situação de fluidez e incertezas; a presença de diversas tradições religiosas que não dialogam entre si; adultos que tendem a subestimar as potencialidades dos jovens, evidenciando suas fragilidades e criando dificuldade de compreender as suas exigências.

Oportunidades

 Através das respostas ao questionário do sínodo, os jovens dizem que desejam aproveitar seu tempo livre em diferentes atividades: prática de esportes, passeios aos parques e aos shoppings, festas com danças e músicas, baladas. No entanto, aqueles que já tiveram ocasião de participar em algum trabalho de voluntariado, por exemplo, com seus colegas da escola, testemunham sentirem uma alegria mais profunda e duradoura, muito melhor do que a alegria natural das diversões habituais.

Dizem os jovens que as ações comunitárias são lugares de encontro e de formação cultural, de educação e de evangelização, de celebração e de serviço; experiências específicas para os jovens nos diversos ambientes como: centros juvenis, oratórios, universidades e escolas públicas e católicas; atividades sociais e voluntariado, associações e movimentos eclesiais, retiros, peregrinações, seminários e congressos;

Afirmam os jovens que a internet tem sido uma oportunidade de novas formas de aprendizado e apoio nos estudos; cursos gratuitos e mais acessíveis aos jovens de baixa renda; grandes oportunidades de escolhas e direcionamento de vida; tecnologia básica mais acessível;

No campo religioso existem mais oportunidades de inserção; experiência do protagonismo juvenil; discernimento e elaboração de projeto de vida; oportunidade de formação; diversidade de possibilidades de formação; Seminários, Grupos de Orações, Vida Religiosa; conectividade; trabalho em rede, expansão das possibilidades de evangelização; possibilidade formação, viagem e comunicação sem fronteiras; intercâmbio de ideias, bens, valores…

As oportunidades são muitas, como os muitos movimentos favoráveis a uma vida digna, os grupos de igreja, as boas companhias; educação gratuita cada vez mais acessível; oportunidades para qualificação profissional.

O padre João Batista Libânio, no livro ‘Para Onde Vai a Juventude’, 2ª Edição, Paulus, 2011, diz na Introdução: “A idade juvenil fascina pelo tremendo paradoxo da vulnerabilidade e da potencialidade. Na fragilidade da idade que deixa para trás a serenidade e a segurança da infância, mas ainda não atingiu a solidez da idade adulta, existe estupenda potencialidade. Precisamente porque ainda não aterissou na maturidade, dispõe do infinito do céu para voar”.

Assim, ao olharmos para todos estes desafios e possibilidades do mundo juvenil, diante dos desafios, queremos estender a mão ao jovem machucado, doente, desesperançado, e dizer como Jesus: “Jovem eu te ordeno, levanta-te” (Lc 7,14).

Aos jovens e suas muitas possibilidades cabe o desafio de Jesus: “Queres ser perfeito? Vai…” (Mateus 19,21).

Um jeito que nos é posto ao acompanhar a juventude em seu discernimento vocacional e em sua vida e missão é: Caminhar na frente para indicar caminhos, caminhar no meio para que descubram caminhos, caminhar atrás para que ninguém se perca no caminho.

Isto exige de nós conversão.

Conversão pessoal… conversão pastoral, para caminhar com os jovens, queremos estar abertos à conversão, à mudança de vida.

Assim falam os bispos da América Latina e Caribe na Conferência de Aparecida: “A conversão pessoal desperta a capacidade de submeter tudo a serviço da instauração do reino da vida. Os bispos, presbíteros, diáconos permanentes, consagrados e consagradas, leigos e leigas, são chamados a assumir uma atitude de permanente conversão pastoral, que envolve escutar com atenção e discernir “o que o Espírito está dizendo às Igrejas” (Ap 2,29) através dos sinais dos tempos nos quais Deus se manifesta” (DAp 366).

Sim, sair da mesmice, viver a conversão pastoral, reconhecer o protagonismo juvenil, os jovens como sal e luz: “A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária. Assim, será possível que “o único programa do Evangelho siga introduzindo-se na história de cada comunidade eclesial” com novo ardor missionário, fazendo com que a Igreja se manifeste como uma mãe que nos sai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola permanente de comunhão missionária” (DAp 370).

O Sínodo é oportunidade de conversão para todos nós, para toda a Igreja. Como fazer esta reflexão? Como provocar este debate? Quais as possibilidades e oportunidades que temos para escutar a juventude e dar-lhe espaços, voz e vez? Como favorecer o “em saída” para os jovens?

SAIR

O Sínodo nos pede para ouvir os jovens, seus gritos e esperanças, e ajudá-los a escutar a voz de Deus e da Igreja que os chama a sair, como a Abraão: “sai da tua terra” (Gn 12,1).

Como disse o Papa Francisco: “Confiantes no Senhor, cuja presença é fonte de vida em abundância, e sob o manto de Maria, vocês podem redescobrir a criatividade e a força para serem protagonistas de una cultura de aliança e assim gerar novos paradigmas que venham a pautar a vida do Brasil (cf. Mensagem à Assembleia do CELAM, 8/5/2017)” – (Carta de Papa Francisco aos jovens do Brasil, por ocasião do encerramento do Rota 300, em 3 de julho de 2017).

Não fostes vós que me escolhestes…

O tema do Sínodo dos bispos é: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. No Documento Preparatório para o XV Sínodo, Papa Francisco toma o texto de Jo 15,16-17 para falar de vocação: “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi e vos designei para dardes frutos e para que o vosso fruto permaneça…”. E diz mais: “Por meio do percurso deste Sínodo, a Igreja quer reiterar o próprio desejo de encontrar, acompanhar e cuidar de cada jovem, sem excessão”.

O Sínodo apresenta aos jovens estas aslternativas. Ao escutar a voz do mestre, de ficar com ele: “Vinde e vede” (Jo 1, 38-39), discernir e responder pela alegria do amor, no matrimônio, ou pela gratuidade, no seguimento na vida religiosa ou sacerdotal.

O que fica evidente é que o Papa acredita na juventude dizendo: “Um mundo melhor se constrói também graças a vós, à vossa vontade de mudança e à vossa generosidade”. – (Carta do Papa Francisco aos jovens por ocasião da apresentação do documento preparatório da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 13 de janeiro de 2017).

Um milhão…uma geração… O Papa continua: Mas, o meu sonho é maior: eu espero que um milhão de jovens, mais ainda, que uma geração inteira, seja, para os seus contemporâneos, uma Doutrina Social em movimento(Papa Francisco, Prefácio do DOCAT- Paulus 2016).

Sair do sofáÉ possível mudar… Sim. Papa Francisco insiste: “Em Cracóvia, na abertura da última Jornada Mundial da Juventude, pedi-vos muitas vezes: “As coisas podem mudar?”. E vós gritastes juntos um barulhento “sim”. Aquele grito nasce de vosso coração jovem que não suporta injustiça e não pode inclinar-se à cultrura do descarte, nem ceder à globalização da indiferença” – (Carta do Papa Francisco aos jovens por ocasião da apresentação do documento preparatório da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 13 de janeiro de 2017).

Como apresentar estas propostas e desafios que Papa Francisco faz? Que caminhos devemos trilhar e que portas podemos abrir para que os jovens exerçam este protagonismo?

Experiências de Missão Jovem

Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, diz: “Constituamo-nos em ‘estado permanente de missão’ em todas as regiões da terra” (n. 25). Francisco dá uma atenção especial à juventude: “A Pastoral Juvenil, tal como estávamos acostumados a desenvolvê-la, sofreu o impacto das mudanças sociais… A nós adultos custa-nos a ouví-los com paciência, compreender as suas preocupações ou as suas reinvindicações, e aprender a falar-lhes a linguagem que eles entendem” (n. 105). “Como é bom que os jovens sejam ‘caminheiros da fé’, felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra” (n. 106).

As experiências missionárias são um caminho antigo e novo de falar ao coração, à generosidade e ao desejo de solidariedade dos jovens. Espaço real de execerem o protagonismo, a liderança e de abrirem os olhos para as realidades mais sofridas, de dor e a exclusão, e se decidrem a sair so sofá e serem sal e luz, fermento na massa.

No Brasil, vamos encontrar diferentes experiências missionárias, que provocam cresimento humano e cristão aos jovens; que despertam vocações para o matrimônio, vida sacerdotal, vida religiosa e consagrada; que geram homens e mulheres mais conscientes e comprometidos com uma igreja em saída e uma sociedade mais justa.

A CNBB, através da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, organiza a Missão Jovem na Amazônia: a primeira aconteceu no Amazonas, a segunda em Palmas e a terceira em Caxias, no Maranhão, onde participaram jovens de diferentes regiões do país, numa bela experiência comunhão, partilha, aprendizado e crescimento pessoal e comuntário.

As experiências missionárias são caminho de formação integral, de conversão pessoal e pastoral. Sim. É hora de reler a vocação de Isaías com nossa juventude e acender o fogo missionário em seus corações: “Quem enviarei eu? E quem irá por nós? “Eis-me aqui” disse eu, “enviai-me”. Vai, pois dizer a esse povo” disse ele” (Is 6,8-9).

Como podemos estimular esse espírito missionário nos jovens de nossas realidades?

Ecologia: quanto menos, tanto mais….

Outro lugar para ‘sair’, ao qual a juventude é sensível é a ecologia, o cuidado da Casa Comum ou à falta dele.

Na Encíclica Laudato Si, sobre o cuidado com a casa comum, o Papa Francisco, falando de educar para a aliança entre humanidade e o ambiente, afirma: “Os jovens têm uma nova sensibilidade ecológica e espírito generoso, e alguns deles lutam admiravelmente pela defesa do meio ambiente” (n. 209). “Trata-se da convicção de que ‘quanto menos, tanto mais’… A espiritualidade cristã propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco” (n. 222). “A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora” (n. 223).

As novas gerações podem e devem ser tocadas por este desafio do “quanto menos, tanto mais”, fazendo frente ao mundanismo, ao consumismo, descarte e consequente destruição da natureza, da casa comum.

Nas mãos da juventude está, também, o desafio de cuidar do presente e do futuro do planeta. E uma das maneiras são os chamados 4 R’s. Este é um dos caminhos que a juventude pode trilhar e ser moldada a viver e divulgar: a redução do consumo de energia, de matérias-primas e recursos naturais é significativa com a aplicação da política dos 4 R’s: Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Reparar.

Reduzir – o primeiro passo é reduzir os resíduos produzidos, ou seja, controlar o peso e o volume dos resíduos, evitar consumos supérfluos e desperdícios como o uso excessivo de água, luz e gás.

Reutilizar – a reutilização consiste em utilizar um produto mais do que uma vez para o mesmo fim, evitando assim o seu lançamento ao balde do lixo. Este processo permite minimizar a poluição.

Reciclar – a reciclagem é um processo que permite transformar materiais já utilizados em outros para nova utilização. Os materiais mais comuns no processo de reciclagem são o vidro, o papel, papelão, o plástico e os metais.

Reparar – é um processo que consiste na recuperação de certos materiais, que ainda estejam em condições para serem recuperados e posteriormente utilizados, como os móveis, brinquedos e eletrônicos.

São caminhos simples, concretos e possíveis de serem trilhados pelos jovens nos diferentes grupos juvenis, de diferentes realidades socioculturais e regiões geográficas. Ações concretas e atividades que ajudem a conscientizar os outros, a formar novas gerações cuidadoras da Mãe Terra.

O Sínodo extraordinário para a Pan-amazônia é outro estímulo e oportunidade para pensar, junto com as juventudes, quais as preocupações e oportunidades de cuidar da Casa Comum.

Disse o Papa Francisco: “Atendendo o desejo de algumas Conferências Episcopais da América Latina, assim como ouvindo a voz de muitos pastores e fiéis de várias partes do mundo, decidi convocar uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-amazônica” (Rádio Vaticano, 15/10/2017).

O Sínodo acontecerá em Roma, em outubro de 2019, tem como objetivo principal identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus e também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta.

No Brasil, como poderemos envolver os jovens na preparação deste Sínodo, especialmente os que vivem na Amazônia Legal?

Não tenham medo de arriscar-se e comprometer-se… 

Outro lugar para jovens ‘em saída’ é o espaço das políticas públicas. O Papa Francisco diz: “Assim integrados nas suas comunidades, não tenham medo de arriscar-se e comprometer-se na construção de uma nova sociedade, permeando com a força do Evangelho os ambientes sociais, políticos, econômicos e universitários! Não tenham medo de lutar contra a corrupção e não se deixem seduzir por ela!” – (Carta de Papa Francisco aos jovens do Brasil, por ocasião do encerramento do Rota 300, em 3 de julho de 2017).

E as juventudes são chamadas a mostrar e viver um caminho de comunhão, de respeito e diálogo neste “IDE” que Jesus disse: “Ide e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16,15) e do Papa que disse na JMJ do Rio de Janeiro: “Ide, sem medo, para servir”.

Francisco convida os jovens a realizar esta missionariedade, em rede: “Por isso, convido a que vocês também deixem que seus corações sejam transformados pelo encontro com Nossa Mãe Aparecida. Que Ela transforme as “redes” da vida de vocês – redes de amigos, redes sociais, redes materiais e virtuais – realidades que tantas vezes se encontram dividas, em algo mais significativo: que se convertam numa comunidade! Comunidades missionárias “em saída”! Comunidades que são luz e fermento de uma sociedade mais justa e fraterna – (Carta de Papa Francisco aos jovens do Brasil, por ocasião do encerramento do Rota 300, em 3 de julho de 2017).

Como viver o “IDE”, em comunhão, formando redes de amigos, de comprometimento e solidariedade; onde as diferenças são fonte de enriquecimento mútuo, de aprendizado e crescimento. Todos unidos pela vida, especialmente dos jovens e dos empobrecidos?

CLIQUE AQUI e acesse o Instrumentum Laboris: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional

O mundo digital e suas possibilidades no mundo juvenil

O Papa Francisco asim se expressa sobre o mundo digital, no documento preparatório para o Sínodo: “As jovens gerações são hoje caracterizadas pela relação com as modernas tecnologias da comunicação e com aquele que vem normalmente chamado de “mundo virtual”, mas que também tem efeitos muito reais”.

Muitas frases se ouve, quando se reflete sobre o mundo digital, frases como estas: ‘Sabemos que as novas tecnologias podem ser usadas para o bem ou para o mal… Devemos animar os jovens sobre o uso inteligente e prudente da internet… A internet poderia ser utilizada mais amplamente para… Importante para o desenvolvimento do trabalho com os jovens… Uma inovação que possui dois pólos… Em parte é bom o desenvolvimento digital… Pode ser considerada uma revolução e não apenas mudança… Hoje é um grande desafio prescindir da virtualidade em favor da realidade…

Diante dos desafios e possibilidades que o Sínodo nos traz, como fazer do mundo digital e virtual uma ferramenta para que os jovens falem, se manifestem e sejam ouvidos em suas dúvidas, expectativas, críticas e sugestões, como deseja o Papa Francisco?

Como utilizar destes meios digitais para a formação integral dos jovens, para estimular experiências missionárias, de discernimento vocacional, de cuidado pela Casa Comum e no empenho por políticas públicas para as juventudes?

Eis um campo fértil, desafiador e cheio de possibilidades para cuidar da juventude, como bons pastores, e um lugar para despertar consciencia cristã, consciência crítica, criar laços, redes de amizade, solidariedade e comprometimento.

CONCLUINDO…

 Disse Papa Francisco: “Possa o Senhor, pela intercessão da Virgem Aparecida, renovar em cada um de vocês a esperança e o espírito missionário” – (Carta de Papa Francisco aos jovens do Brasil, por ocasião do encerramento do Rota 300, em 3 de julho de 2017).

Com o Sínodo dos Bispos: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, a Igreja que escutar os jovens. Que eles se encontrem com Jesus Cristo, fiquem com Ele (Jo 1, 38-39), e, ouvindo o chamado e discernindo na fé, digam: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me” (Is 6, 6-8).

O Papa disse ainda: “Vocês são a esperança do Brasil e do mundo. E a novidade, da qual vocês são portadores, já começa a construir-se hoje” – (Carta de Papa Francisco aos jovens do Brasil, por ocasião do encerramento do Rota 300, em 3 de julho de 2017).

Para a Igreja do Brasil, neste Ano do Laicato, a preparação para o sínodo é uma bela oportunidade para que os jovens, cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade, sejam sal da tera e luz do mundo (Mt 5, 13-14).

O Sínodo dos Bispos é um kairós, um tempo de graça, para a juventude e para toda a Igreja Católica. O Sínodo: oportunidade de ver, ouvir e sair!

A juventude é “janela do futuro”, enxerga mais longe, antecipa mudanças. Este Sínodo é uma oportunidade para escutar, aprender e crescer com a juventude, pois, como diz São Bento: “Muitas vezes é exatamente aos mais jovens que o Senhor revela a melhor solução” (Regra de São Bento, 3,3).


Dom Vilsom Basso, SCJ
Bispo de Imperatriz – Maranhão
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB.

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