Sínodo dos Bispos: Os Jovens, a fé e o discernimento vocacional I

Sínodo dos Bispos: Os Jovens, a fé e o discernimento vocacional I

 No momento em que o mundo passa por diversas transformações (guerras, terrorismo, extermínio, suicídios, fundamentalismos etc.), o Papa Francisco convoca o episcopado para olhar mais de perto essa realidade.  

O sínodo quer ser uma resposta ou uma motivação para que os jovens continuem em pé. Para que os jovens tenham a coragem do Profeta Jeremias, que escutou a voz de Deus: “Não tenhas medo […] pois estou contigo para defender-te”(Jr 1,8). Também o sínodo quer motivar os bispos a olharem com carinho para essa porção da Igreja.

Uma preocupação importante que o sínodo nos provoca é a perspectiva do acompanhamento, pois sabemos que  esse é o maior grito dessa geração que é bombardeada de tantas ofertas. Não se pode pensar em um projeto de vida se não há acompanhamento.

Que temáticas serão tratadas? 

Os temas centrais que serão discutidos no próximo Sínodo dos Bispos são: Os jovens e o mundo de hoje; Fé, discernimento, vocação; e Ação pastoral. Cada tema tem os seus desdobramentos. Quando se fala de um mundo que muda rapidamente, pretende-se chamar a atenção da Igreja para essa realidade na qual os jovens são protagonistas da mudança, mas também vítimas. Muitos jovens não encontram sentido na vida e não têm prazer, nem vontade, de pertencer a grupos que lutam por liberdade, fraternidade e igualdade. Os pontos de referência pessoal e institucional parecem não funcionar mais para essa geração (hiper) conectada, que usa uma linguagem que os adultos desconhecem e com a qual não conseguem interagir. Outra preocupação do sínodo são as escolhas que os jovens fazem, na sua maioria não acertadas, por causa da fuidez das propostas e ao mesmo tempo da insegurança nos processos de escolha.

No segundo tema – Fé, discernimento e vocação – o Papa apresenta refexões importantes para entender o fenômeno juvenil no mundo atual. O Papa emérito Bento XVI lançou o ano da Fé (2012-2013), pois percebeu que a chama está se apagando. Agora, neste sínodo, o Papa Francisco percebe que o mundo contemporâneo exclui a fé e alimenta o ateísmo e o secularismo. Quando se fala de discernimento, o Papa Francisco aponta “três nascimentos”: o nascimento natural (como homem ou como mulher) em um mundo capaz de escolher e sustentar a vida; o nascimento do batismo, quando alguém se torna filho de Deus por graça; e o nascimento de quando acontece a passagem “do modo de vida corporal para o espiritual”, que abre o exercício maduro da liberdade. O grande desafio para a juventude é perceber esses três processos no cotidiano da vida.

No que toca à Vocação, o Papa agrega a dimensão da missão, pois todo processo de discernimento vocacional implica acolher a missão que Deus confia a cada um. O tempo é fundamental para uma tomada de decisão e a Bíblia é a fonte primeira que deve iluminar e fundamentar o chamado. É claro que estamos falando dos cristãos que buscam ouvir a voz do Senhor para serem discípulos missionários autênticos. Na sociedade do barulho, onde os jovens estão imersos, torna-se difícil ouvir a voz do Senhor, pois são inúmeras vozes e propostas que ofuscam a fé dos jovens e danifcam o discernimento.

Aqui se faz necessário o acompanhamento. Aqui também o Papa apresenta três convicções. A primeira é a de que o Espírito de Deus age no coração de cada ser humano. A segunda é a de que o coração humano, por causa da fragilidade e do pecado, se apresenta sempre dividido. A terceira convicção é que no percurso da vida o indivíduo precisa decidir, fazer escolhas, não pode permanecer indiferente. A terceira temática fundamental do Sínodo dos Bispos – Ação pastoral – será tratada com maior profundidade no próximo artigo.

Por Padre Antonio Ramos do Prado, SDB e Paola Itagiba

(Padre Toninho) é assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). 

*Artigo publicado no Boletim Salesiano

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