O testemunho de uma jovem que está pegrinando junto com a Cruz

O testemunho de uma jovem que está pegrinando junto com a Cruz

Maristela

Tudo sobre os Bote Fés

Galeria de fotos da peregrinação

Peregrinação dos Símbolos da JMJ no Brasil completa um ano

Em 2010, quando o meu sonho e de alguns amigos de um dia ter a Jornada aqui no Brasil começou a se tornar realidade, passei a ajudar a CNBB no Setor Juventude. Foi criado uma delegação oficial, e também realizaríamos em Madri um grande show com bandas brasileiras. Foram momentos únicos de amor, entrega e dedicação à causa da juventude.

Mas em meu coração, a Jornada começou a ter um sentido ainda maior, foi em uma Missão Madalena que realizamos junto às prostitutas, três semanas antes de irmos para a Jornada de Madri. Em conversa com uma delas, ela disse que morou na Espanha por um tempo, e que conhecia a Jornada Mundial da Juventude, pois já tinha tocado na Cruz da Jornada!! E essa tinha sido uma das experiências mais fortes da vida dela. Aí me perguntei: Eu já estive em quatro Jornadas e nunca toquei na Cruz… e me confirmou no coração a passagem: “As prostitutas vos precederão no Reino do céu” Mt 21,32.

Desde então, quando fui a Madri para a JMJ e toquei na Cruz,foi um sentimento completamente diferente. Pude entender que tudo que vivi e ouvi das dioceses por onde ela tinha passado na Espanha a graça já tinha acontecido, que o Santo Padre, ao nos dar estes símbolos, tinha a intenção de fazer com que uma nova Igreja, uma unidade verdadeira acontecesse. E este é o sentimento que tenho indo aos eventos Bote Fés pelo Brasil afora.

São Paulo

BotefeSp6O primeiro foi aqui em São Paulo, em setembro de 2011. Assim que ela chegou no Liceu Coração de Jesus, Dom Eduardo Pinheiro, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude celebrou uma missa na pequena capela, onde estavam presentes Padre Sávio e Padre Toninho , assessores nacionais da juventude, e eu. Foi um momento único, não tínhamos a mínima ideia de o que iríamos ver em todo este país na peregrinação antes da JMJ no Rio. Logo após a missa, fiquei sozinha aproximadamente 1 hora com os símbolos. Entregando minha vida nestes dois anos que iriam se passar aqui no Brasil antes da vinda do Papa no Rio de Janeiro. Momento de entrega, oração, ansiedade, perguntas…sobre realmente qual seria meu papel neste tempo.. mas olhar nos olhos profundos de Maria e simplesmente dizer: Eis aqui a serva do Senhor, me conduza para a vontade de Deus!

Em São Paulo, foi o primeiro grande milagre da Cruz no Brasil. Ter um evento no Campo de Marte , com cerca de 80 mil pessoas , onde todos os movimentos, pastorais, associações, novas comunidades, músicos, artistas, clero e episcopado estavam presentes para receberem os símbolos da JMJ.

Na hora que eles entraram na missa, não pude conter o choro, ouvir a música Emanuel, aquela multidão de jovens querendo tocar na Cruz, e ao meu lado estava uma das pessoas que mais admiro: Eugenio Jorge, que canta a música “Ninguém te ama como eu”. Ele me perguntou do meu pai, que havia falecido oito meses antes, mas ele não sabia… Foi meu pai que sempre acreditou na Jornada e me ajudou financeiramente. Mas enfim, era um sonho realizado: A Jornada Mundial da Juventude tinha chegado no Brasil !

No dia seguinte ela veio até minha paróquia: Santuário São Judas Tadeu. Participamos do programa PHN da Canção Nova, com a presença do Dunga, e logo após saímos para a Missão Madalena com as prostitutas. A Cruz não foi conosco, mas eu acredito que existe nela uma graça que se irradia ao redor de onde ela está. Foi uma das missões mais fortes que fizemos, com conversas profundas e que nos levaram a acreditar que temos que cada vez mais ir onde o povo está…para que todos façam a experiência daquilo que está escrito na Cruz: Sinal de redenção para todos! Uma das garotas de programa me disse: “Faz 20 anos que estou na rua, e precisou vir a Cruz da Jornada aqui para que vocês viessem falar comigo sobre o amor de Deus”.

CruzSP1Os Símbolos da JMJ também passaram pela Cracolândia em São Paulo, e um dos moradores de rua tocou na Cruz e disse: “Eu sei que este cara que morreu na Cruz me ama, pois Ele morreu por mim”! Ele chorava muito e emocionou os presentes… Muitos dependentes de drogas vieram, tocaram na Cruz, choraram… foi um momento único também.

Foi criada então pelo Padre Sávio uma equipe nacional de organização dos Bote Fés em todo o Brasil, eu estou nesta equipe e desde então com mais quatro pessoas temos entrado em contato com os padres responsáveis da diocese, com as bandas nacionais e sempre estamos presentes para toda a organização do evento.

Recife

Voltei a encontrar a Cruz em janeiro de 2012, no Bote Fé em Recife. Lá tivemos show do Anjos de Resgate, Eliana Ribeiro e Diego Fernandes, além de bandas locais. Duas semanas antes do evento, o produtor de palco perdeu sua neta, o que deixou não somente ele, mas todos envolvidos na organização muito abalados. Mas como ele dizia: Tudo é possível com a Cruz! Em plena segunda-feira, foi o maior Bote Fé até hoje: cerca de 120 mil pessoas! Algo espetacular! Ver jovens, adultos, crianças louvando a Deus, querendo tocar na Cruz, olhar nos olhos de Maria… realmente único.

BotefENatal1O próximo Bote Fé que estive foi em Natal. Ali gravamos o DVD Bote Fé! Posso dizer que foi o maior evento da música católica do Brasil realizado até hoje. Todos os chamados “padres cantores” estavam lá: Pe. Fábio de Melo, Pe. Marcelo Rossi, Pe. Reginaldo Manzotti, Pe. Joãozinho, Pe. Zezinho, Pe. Antonio Maria e Pe. Robson. Uma das minhas responsabilidades era falar para eles que horas iriam entrar… que música cantariam… realmente me senti a menor de todas, mas sendo instrumento nas mãos de Deus. Fiz o mesmo com as bandas e cantores ali presentes. Eram mais de 30 atrações juntas. E o clima era o melhor possível… de muito amor.

Quando a Cruz entrou com o Ícone de Nossa Senhora e foram colocados no palco, era uma alegria impressionante. A única vontade que tinha era de pular, abraçar quem estivesse ao lado. Simplesmente lindo!

Fortaleza

A próxima etapa em que estive presente foi o Bote Fé de Fortaleza. Lá, foi marcante a presença das novas comunidades como Shalom, Recado, entre outras. Uma Igreja jovem com garra e vontade! Mas muitos imprevistos aconteceram em todo o percurso. Até dois dias antes do show, não havia a liberação para montar o palco na praia. Na hora da coletiva de imprensa, Dom José disse aos jornalistas: “Está tudo certo! São José providenciará tudo!” e assim o fez! Pe. Denis, organizador, me disse no final: “O que mais aprendi no Bote Fé é que devemos botar fé até o último minuto… mesmo que tudo ao redor pareça dar errado. O evento é de Deus”.

Caxias

Depois, fui para Caxias, no Maranhão. Tinha acabado de chegar da Terra Santa, e no dia seguinte, já embarquei para lá, mesmo muito cansada. Geralmente a Cruz é colocada de pé, e as pessoas vão e passam a mão, rezam. Ali aconteceu diferente: a Cruz ficou sendo segurada pelos jovens e as pessoas passavam debaixo dela…como se tivessem em uma chuva de graças. Era muito bonito ver a devoção, a vontade das pessoas de pedir graças na certeza que seriam atendidas. No dia seguinte, a Cruz visitou presídios, hospitais e escolas.

Palmas

Agora relatarei um dos momentos mais lindos da minha vida de cristã: Visita ao presídio feminino durante o Bote Fé em Palmas! Cheguei no dia anterior ao show, e a primeira capela que a Cruz e o Ícone visitaram na cidade foi a de São José. Ali, em uma conversa com o Diácono Marcos, disse que gostaria de ir ao presídio com a Cruz. Ele disse que sim e pediu para que eu pudesse falar com as presas, dar um testemunho.

No dia seguinte, fomos primeiro ao presídio masculino, infelizmente não podemos entrar, pois tinha acontecido uma rebelião no dia anterior. Então alguns presos de regime semi-interno vieram tocar na Cruz do lado de fora e o bispo deu uma bênção e rezamos com eles um pouco.

Mas aí fui com o diácono na prisão feminina para acertar a pres_femnossa entrada com a Cruz. Lá chegando, quis entrar na cela para conversar com elas. Minha única intenção era olhar em seus olhos e dizer que Cristo estava vindo visitá-las! Conversamos, partilhamos, elas fizeram muitas perguntas, foi muito bom. Duas delas me perguntavam sobre homossexualismo, casamentos de padres, castidade… Momentos de partilha como os Discípulos de Emaús. Jesus foi ao encontro delas, ouviu, e depois iluminou com sua palavra!

Como os símbolos não chegavam, eu pedi para que formássemos uma roda, para eu explicar o que era Jornada Mundial da Juventude e porque aqueles símbolos estavam peregrinando o Brasil.

Comecei então a falar que o nosso Deus é o Deus do impossível, contando o testemunho da mãe de um amigo, que tinha ido comigo para a Terra Santa no mês anterior, o que pra ela era impossível… e Deus realizou este sonho através de seu filho… logo após a viagem, dois dias depois, ela teve um infarto e faleceu.

Como tinha ali comigo na cela, uns quatro membros de uma comunidade, ensinamos as detentas a cantar: “Jesus, este nome tem poder…. O impossível Ele pode realizar!” Minha emoção era muito forte, vê-las levantando seus braços e cantando…

bote_fe_palmas_pres_femA Cruz e o Ícone de Nossa Senhora chegaram juntamente com os jovens e o bispo, mas tiveram que ficar do lado de fora da cela. As detentas então foram até as grades, tocaram a Cruz, choraram. Até que uma delas veio chorar comigo dizendo: “O impossível para mim seria sair daqui, tenho um filho lá fora de 4 anos, fui presa injustamente e quero muito ir ver me filho”.

“Então vá e toque a Cruz novamente, peça esse impossível, Ele vai te dar. Olhe também para os olhos do Ícone de Nossa Senhora, ela é Mãe como você e sabe o que é sofrer”, respondi. Assim ela fez, depois me abraçou e chorou muito. Eu rezava por ela e entregava seu sofrimento a Jesus e Maria.

As duas mulheres que me questionaram muito, também não saíram de perto da Cruz e não paravam de chorar. As outras também, cada uma de seu jeito teve um encontro com Cristo na Cruz e Ressuscitado!

À noite, enquanto acontecia o show do Bote Fé com Flavinho, Nelsinho Correa e Dominus, o Padre Camilo, responsável pelo evento, me disse que assim que saímos de lá, uma das mulheres tinha recebido o mandado de liberdade. Comecei a pular de alegria, querendo saber quem tinha sido. Fui descobrir, na semana seguinte, que realmente tinha sido aquela mulher que pediu este impossível pra Deus!

E uma outra conversão tinha acontecido: As duas mulheres que estavam se relacionando decidiram parar com a relação após a vista da Cruz e começaram a ir no grupo de oração que existe no presídio.

Milagre da Cruz e do olhar de Nossa Senhora sobre aquelas mulheres! Já cantava Pe. Zezinho: “Em cada mulher que a terra criou, um traço de Deus, Maria deixou”.

Brasília

Após o Bote Fé de Palmas, estive no Bote Fé de Brasilia. Como uma igreja bem plural, o padre organizador colocou muitas bandas locais para agradar a todos. Mas a estrutura do som era muito boa, e era emocionante estar ali em um evento na Esplanada dos Ministérios. Rezamos muito pelo governo brasileiro e todas as decisões que incluem a promoção da vida, da justiça e da fé!

Naquele fim de semana, em conversa com o Eraldo do Anjos de Resgate, ele me pediu que “escrevesse” todos estes eventos com a Cruz JMJ e o ícone com os meus olhos. Tirei muitas fotos dos jovens, mas infelizmente tive meu celular roubado e tive de silenciar e ouvir o que Deus queria dizer naquele momento. Viver mais com os outros ao redor, recomeçar no silêncio.

Campo Grande

Depois estive no Bote Fé em Campo Grande, diocese de Dom Eduardo. Tínhamos dois palcos enormes para os shows, mais de 500 voluntários que foram treinados e capacitados pela equipe organizadora por mais de oito meses. A formação exigiu a unidade de todas as expressões juvenis. Além do show com Adoração e Vida, Missionário Shalom e Olivia Ferreira, várias missões foram realizadas durante a presença dos símbolos: doação de sangue no Hemocentro, Visita ao lixão da cidade, onde mais de 100 famílias foram beneficiadas com alimentos, e acima de tudo, todos aqueles que vivem na miséria tocaram a Cruz! Ela também visitou universidades, Santa Casa e houve uma carreata com mais de 1000 carros.

Enfim….A Cruz tem sido levada como um sinal de amor a todo o nosso Brasil, abrindo portas, quebrando barreiras e mostrando que somente em uma entrega total a Cristo, com a intercessão e carinho de Nossa Senhora, poderemos encontrar a felicidade!

As pessoas me perguntam: O que será da tua vida, após a JMJ? Eu digo: eu tenho a certeza que Jesus me conduzirá após julho de 2013. Até lá, vamos Botar Fé no maior pique!!!

Que Nossa Senhora, nos faça cada vez mais servos e ouvintes da vontade de Deus! Beato João Paulo II, rogai por nós!

Por Maristela Ciarrocchi, da equipe de produção dos Bote Fés

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