Homilia do cardeal Stanislaw Rylko na missa de 1 de dezembro de 2012

Homilia do cardeal Stanislaw Rylko na missa de 1 de dezembro de 2012

Card. Stanisław Ryłko

Presidente

Pontifício Conselho para os Leigos

Cidade do Vaticano

 

 

Encontro Nacional de Assessores da Pastoral Juvenil
em preparação à JMJ 2013

 

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

Brasília, 1 de dezembro de 2012

 

HOMILIA

 

Nestes dias estais aqui reunidos, em Brasília, como assessores da Pastoral Juvenil de todo o país, para refletir sobre o tema “A Juventude no Ano da Fé” e programar esta etapa final de preparação da Jornada Mundial da Juventude que se realizará no Rio de Janeiro em julho do próximo ano. Saúdo de coração Sua Eminência, o Cardeal Raimundo Damasceno, presidente da Conferência Episcopal brasileira, o Núncio Apostólico, Dom Giovanni D’Aniello, Dom Eduardo Pinheiro e a todos vós, caríssimos amigos.

Como bem sabeis, o Santo Padre, em sua Mensagem aos Jovens por ocasião da próxima JMJ, toca um tema que é o coração de cada Jornada Mundial da Juventude: a evangelização. “Ide e fazei discípulos entre as nações” (Mt 28,19) é o texto bíblico sobre o qual os jovens são chamados a refletir, a fim de responder com entusiasmo ao apelo do Senhor para que se tornem seus discípulos e missionários. Como escrevia o Beato João Paulo II: “a Igreja tem muitas coisas a dizer aos jovens e os jovens têm tantas coisas a dizer à Igreja” (Christifidelis laici, n. 46). Nestes quase trinta anos de caminhada as JMJs tornaram-se um instrumento de extraordinária eficácia deste importante diálogo.

Na exortação apostólica Verbum Domini, o Papa Bento XVI escreve: “Os jovens já são membros ativos da Igreja e representam o seu futuro. Muitas vezes encontramos neles uma abertura espontânea à escuta da Palavra de Deus e um desejo sincero de conhecer Jesus. De fato, na idade da juventude, surgem de modo irreprimível e sincero as questões sobre o sentido da própria vida e sobre a direção que se deve dar à própria existência. A estas questões, só Deus sabe dar verdadeira resposta…”. Logo depois de ter delineado o quadro geral do mundo dos jovens, o Papa dá algumas indicações muito concretas a todos os operadores da pastoral juvenil: “Esta solicitude pelo mundo juvenil implica a coragem de um anúncio claro; devemos ajudar os jovens a ganharem confidência e familiaridade com a Sagrada Escritura, para que seja como uma bússola que indica a estrada a seguir. Para isso, precisam de testemunhas e mestres, que caminhem com eles e os orientem para amarem e por sua vez comunicarem o Evangelho sobretudo aos da sua idade, tornando-se eles mesmos arautos autênticos e credíveis” (n. 104). Eis o grande desafio que nos é continuamente lançado em cada nova edição da Jornada Mundial da Juventude.

Na primeira leitura, tirada do livro do Apocalipse, S. João narra a belíssima visão que o anjo do Senhor lhe mostra (Cfr. Ap 22, 1-5). O “rio de água viva”, do qual o apóstolo nos fala, remete às águas do Batismo, sacramento que somos chamados a redescobrir de modo particular nesse Ano da Fé. O trabalho pastoral que fazemos com os jovens não é outra coisa senão uma verdadeira e própria iniciação cristã, uma redescoberta do Batismo. Como já dizia o Papa Bento XVI, com o Batismo inicia-se a “aventura jubilosa e exaltante do discípulo. (…). É o Batismo que ilumina com a luz de Cristo, que abre os olhos ao seu esplendor e introduz no mistério de Deus através da luz divina da fé”[1].

Na homilia da Missa de conclusão do Sínodo sobre a Nova Evangelização, o Santo Padre apresentava o cego Bartimeu como imagem do homem de hoje, daqueles que necessitam da luz da fé para conhecer verdadeiramente a realidade e caminhar pela estrada da vida. Bartimeu não é um cego de nascença, mas perdeu a vista e, no encontro com Cristo, readquire a luz que havia perdido e, com ela, a plenitude da sua própria dignidade.

Queridos amigos, quantos jovens do nosso tempo, como Bartimeu, perderam a luz e caminham nas trevas, buscando muitas vezes refúgio em mundos paralelos, como por exemplo o mundo das drogas de todo o tipo, de uma sexualidade mal vivida, ou de um consumismo fácil. Entram assim em um caminho de ilusão, aparência e mentira[2]. Estes jovens têm necessidade de tantos bons samaritanos, que os levem ao encontro com Cristo, o único capaz de curar a cegueira do homem e mudar a sua vida. Necessitam urgentemente de guias espirituais, amigos e seguros, que os conduzam a esta experiência com Jesus, Caminho, Verdade e Vida. Eis a grande missão que a Igreja confia a todos vós, que sois empenhados na pastoral com os jovens e na preparação da próxima JMJ do Rio em 2013.

Mas também nós, que operamos no campo da pastoral juvenil, necessitamos de cura. E a doença mais grave que nos pode ameaçar é o desânimo, o cansaço, a rotina… Talvez não raramente o Espírito Santo nos exorte com as palavras dirigidas ao anjo da Igreja de Éfeso, no Apocalipse: “Mas tenho contra ti que arrefeceste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, donde caíste. Arrepende-te e retorna às tuas primeiras obras” (Ap 2,4-5). Precisamos manter acesa a chama do amor de Deus que arde em nossos corações! É necessário conservar sempre uma santa paixão e uma santa inquietação, que nos impulsionem a buscar incansavelmente vias sempre novas, para que o anúncio do Evangelho alcance os jovens de hoje.

Aqui estamos reunidos, queridos amigos, nesta celebração eucarística, exatamente porque queremos beber desta água viva, que nos vem pela Palavra de Deus e que torna fecunda toda obra de evangelização. Confiemos a Maria, Estrela da nova evangelização, esta última etapa de preparação da Jornada Mundial da Juventude do Rio em 2013.


[1] Bento XVI, Homilia na Festa do Batismo do Senhor, 10 de janeiro de 2010.

[2] Cfr. Bento XVI, Encontro com os jovens libaneses, 15 de setembro de 2012.

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