O testemunho de Chiara é “um faro de luz que nos faz quase tocar com a mão a proximidade amável de Deus que é Pai”, disse na manhã desta sexta, dia 21 de setembro, o Cardeal Angelo De Donatis durante a celebração de abertura da fase diocesana do processo de beatificação e canonização da jovem italiana Chiara Corbella in Petrillo, que faleceu em 2012 aos 28 anos.
O rito aconteceu na Basílica de São João de Latrão, catedral de Roma, e contou com a presença dos pais da jovem, da irmã Elisa, do marido Enrico e de muitos amigos, parentes e tantos outros que não conheceram Chiara em vida mas sentiram-se tocados com sua história. O dia também é simbólico porque há 10 anos, em Assis, Chiara casou-se com Enrico.
Para o cardeal, “conhecendo a história de Chiara vemos que Maria na Igreja, por obra do Espírito Santo, continua a gerar filhos de Deus, ensinado-os como seguir a Palavra do Pai, como compreender a luz desta palavra, como deixar nas mãos de Jesus a própria vida para chegar onde ele nos acolhe, no amor”.
Segundo o postulador da causa, Padre Romano Gambalunga, “a fama de santidade é algo que procede do Espírito Santo. Há um desenho de Deus que nos indica esta pessoa, a sua vivência e o seu modo de enfrentar a vida como um possível modelo de inspiração para os fiéis. Do ponto de vista humano, podemos depois procurar entender porque acontece este interesse, esta simpatia e porque impacta a vida de tantas pessoas, também as que estão longe de nosso país. E isto acontece porque Chiara era uma jovem normal, cheia de interesses, amava viajar, tocava violino e piano. Tinha um noivo como tantas. Mas em tudo que ela viveu, desde pequena, graças a educação profundamente cristã, foi sustentado pela oração. Sua sua história pessoal resplandece a luz do Evangelho”, disse.
Quem foi Chiara?
Chiara Corbella nasceu em Roma (Itália) em 9 de janeiro de 1984. Ela cresceu em uma família católica e frequentou uma comunidade da Renovação Carismática.
Em uma peregrinação que realizou em 2002 a Medjugorje, Chiara conheceu Enrico Petrillo e pressentiu que ele era o seu futuro marido. Ao voltar a Roma, ambos iniciaram um namoro que duraria seis anos.
Chiara e Enrico se casaram em Assis em 21 de setembro de 2008. Quando voltaram da lua de mel, ela descobriu que estava grávida, mas o ultrassom revelou que o seu bebê nasceria com anencefalia. O casal decidiu continuar com a gravidez e, em 10 de junho de 2009, nasceu Maria Grazia Letizia, que viveu apenas meia hora.
Alguns meses depois, ela engravidou novamente e os médicos disseram que o seu filho nasceria sem pernas. Davide Giovanni nasceu em 24 de junho de 2010 e viveu poucas horas.
“No casamento, o Senhor quis nos dar crianças especiais: Maria Grazia Letizia e Davide Giovanni, mas nos pediu para acompanhá-los somente até os seus nascimentos, nos permitiu abraçá-los, batizá-los e colocá-los nas mãos do Pai com uma serenidade e alegria surpreendente”, escreveu Chiara.
Depois da morte do seu segundo filho, a jovem engravidou novamente e nesta ocasião o bebê estava completamente saudável. Entretanto, Chiara descobriu que estava com câncer na língua e, em março de 2011, foi submetida a uma cirurgia para extirpar o tumor. Os médicos disseram que deveria seguir um tratamento para se curar, mas ela recusou a fim de proteger a vida de seu filho que estava no seu ventre.
“Para a maioria dos médicos, Francesco era apenas um feto de sete meses e eu que deveria ser salva. Mas eu não tinha nenhuma intenção de arriscar a vida de Francesco com base em algumas estatísticas pouco seguras que pretendiam me demonstrar que deveria dar à luz o meu filho prematuro para que eu pudesse operar”, expressou esta mãe coragem em um de seus escritos.
Francesco Petrillo nasceu em 30 de maio do mesmo ano e Chiara decidiu continuar o seu tratamento. Entretanto, o câncer já havia se espalhado a um de seus pulmões, aos nódulos linfáticos, ao fígado e ao olho direito, o qual ela cobriria com um adesivo. Em maio de 2012, junto com o seu esposo e o seu filho, a jovem mãe encontrou o Papa Bento XVI na Praça de São Pedro.
O jornal vaticano L’Osservatore Romano (LOR) informou que o casal se aproximou do Pontífice “sorrindo, com tranquilidade, contaram a sua história de uma jovem família cristã que confia totalmente na providência e levou a sério o Evangelho, com o exemplo de João Paulo II”. “O Papa, visivelmente comovido, os acariciou ternamente”, acrescentou Lo jornal.
Chiara passou os últimos momentos da sua vida na casa da sua família, perto do mar, com o seu esposo e o seu filho. Seu diretor espiritual, Pe. Vito, lhe administrava os sacramentos diariamente.
Ela faleceu em 13 de junho de 2012 e seu funeral foi celebrado três dias depois em Roma, na igreja Santa Francesca Romana.
(com informações do site da Diocese de Roma/ Biografia da Chiara por acidigital.com)