Entre os dias 16 e 17 de março aconteceu o Encontro nacional dos bispos e padres referenciais da juventude dos regionais da CNBB, em São Paulo. A programação contou com uma videoconferência sobre “juventude e sinodalidade” com o Padre João Chagas do Dicastério Família, Leigo e juventude, Roma; partilhas e formação sobre os principais problemas da juventude atual e o problema dos chamados “desingrejados”.
Na oportunidade os bispos escreveram uma carta:
São Paulo, 17 de março de 2023
Estimados irmãos no episcopado, sacerdotes, religiosos (as), assessores e lideranças juvenis!
A Comissão Episcopal para a Juventude, os bispos referenciais dos regionais da CNBB e os padres assessores estiveram reunidos de 15 a 17 de março de 2023, em São Paulo/SP. Foram dias de reflexão, intercâmbio de experiências pastorais, agradável convivência e estudo do novo Projeto da Pastoral Juvenil: “Ao seu lado”.
Em nome de toda a Igreja do Brasil, renovamos o nosso compromisso de estar ao lado dos jovens como amigos que escutam seus anseios, como educadores que estimulam o sentido da vida e como pastores sensíveis que desejam acompanhar os jovens em todas as circunstâncias de suas vidas.
O atual projeto de evangelização da juventude católica do Brasil nos convida a olhar com otimismo para frente e renovar o nosso entusiasmo, em meio aos desafios juvenis, estimulados pela esperança. Como nos diz o Papa Francisco: “Quando te sentires envelhecido pela tristeza, os rancores, os medos, as dúvidas ou os fracassos, Jesus estará ao teu lado para te devolver a força e a esperança” (CV, 2).
Nos últimos anos os problemas juvenis se tornaram mais evidentes e clamorosos devido às consequências da pandemia da COVID-19, entre as quais destacamos: o enfraquecimento do sentido da vida, o aumento do vazio existencial, a expansão dos vícios e do tráfico de entorpecentes, o crescimento do número de suicídios, o desemprego, a ineficiência das políticas públicas voltadas para os jovens, o processo crescente da indiferença religiosa no mundo juvenil e o afastamento de muitos jovens das nossas comunidades. Todas essas situações e tantas outras, mais do que levar-nos ao pessimismo, nos motivam a renovar a paixão pela evangelização dos jovens através de uma renovada Pastoral Juvenil (cf. CV, 208). Assim afirma o Papa Francisco na exortação apostólica Christus Vivit: “Devemos ter a coragem de ser diferentes, mostrar outros sonhos que este mundo não oferece” como “a luta pela justiça e o bem comum, do amor aos pobres e da amizade social” (36).
Muito nos alegra poder constatar que em nossas paróquias e dioceses contamos com uma expressiva presença de jovens animados, engajados em muitas atividades pastorais, testemunhas de um grande amor à Igreja e que trabalham de diversas formas para a promoção do Reino de Deus.
Qual é o perfil de pastoral juvenil que devemos promover em nossas comunidades? Uma Pastoral Juvenil que não se limite a eventos, mas promova processos de crescimento dos jovens; que privilegie o encontro com a pessoa de Jesus e os leve a conhecê-Lo como Amigo, Mestre e Salvador que dá sentido à vida; que expresse a alegria do serviço no cuidado e na compaixão com o outro; que incentive os jovens a conhecer, amar e a se engajarem na vida da Igreja; que seja profundamente marcada pela sensibilidade existencial, encarnada na condição juvenil, contribuindo com respostas para seus problemas e anseios.
A aplicabilidade da evangelização dos jovens também depende da promoção de uma pastoral juvenil ousada, capaz de ir ao encontro dos jovens na situação em que eles se encontram e cativá-los através da acolhida, do diálogo, da amizade e outras atividades. Adolescentes e jovens precisam de espaços de convivência onde possam encontrar-se como amigos com liberdade, confiança e segurança.
Queremos ressaltar ainda a necessidade de estimular o protagonismo juvenil, de modo que os jovens se tornem, cada vez mais, evangelizadores de outros jovens. Uma pastoral juvenil sinodal que se enriquece com a pluralidade de carismas, frutos do Espírito, sendo capaz de dar forma a um “caminhar juntos” e com o mesmo sentido de corresponsabilidade para com a missão da Igreja (cf. CV, 206).
Enfim, reconhecemos também como campo de preocupações da Pastoral Juvenil, os vastos horizontes dos compromissos de cidadania, uma vez que o objetivo dessa pastoral é a formação de “bons cristãos e honestos cidadãos,” como dizia São João Bosco, patrono da Juventude. Uma Pastoral Juvenil aberta aos desafios da sociedade pode dar uma grande contribuição para estimular, em todas as áreas, a civilização do amor.
Tudo isso só será possível se, em cada diocese, houver uma decidida opção pelos jovens – como nos pediu o Sínodo de 2018 – investindo tempo, formação e dinheiro na Pastoral Juvenil.
Queremos agradecer aos assessores e líderes juvenis que, em todo o Brasil, presentes nas mais variadas regiões, trabalham com alegria e entusiasmo alimentando a chama da fé dos jovens. Estamos, também, em profunda sintonia com os milhares de jovens brasileiros que se preparam para a Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, que terá como tema: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39). Será uma oportunidade para a revitalização da disponibilidade missionária dos jovens.
O Senhor nos conceda a graça de manter sempre a mente esclarecida, a sensibilidade missionária e um coração aberto e cheio de empatia para com as juventudes. Que Nossa Senhora, interceda junto a seu Filho, o eterno Jovem, para que nossa jovialidade seja sempre renovada através da força da oração (cf. CV, 298) e da abertura aos sinais dos tempos presentes no mundo juvenil (cf. CV, 39-40).
Cordialmente,
Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude.
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