Em missão: a juventude leva a Boa Nova ao mundo

Em missão: a juventude leva a Boa Nova ao mundo

“Estamos na terra para ser missão”, diz o Papa Francisco na mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano. Ser missionário não é algo de escolha mas resposta ao ser cristão, porque não se pode compreender o ser igreja sem o espírito missionário de levar “até os confins da terra”, a Boa Notícia. Por Cristo somos atraídos e por Cristo somos enviados. A propagação da fé acontece por atração, como diz o Papa Bento XVI, e expande o amor, para o qual não se pode colocar limites. Neste mês de outubro, dedicado às missões, trazemos alguns testemunhos e reflexões sobre o ser “Igreja em Saída” de jovens missionários pelo Brasil.

O Projeto “Ide”, da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, traz a missão como um dos seus principais eixos. O objetivo é que, iluminados pela encíclica Evangelii Gaudium do Papa Francisco, “continuar estimulando a mística e a atitude missionária nas juventudes do Brasil, de uma Igreja em saída, incentivando e partilhando experiências missionárias e em defesa da vida”. Clique aqui e acesse o site especial dedicado ao projeto.

Para Talita Gabriele Vilela Carvalho, de 25 anos, participar de missões é doar-se, evangelizar e ser evangelizado, receber amor. Ela participou da primeira Missão Jovem na Amazônia, em 2014, na cidade de Manaus e Parintins, tendo oportunidade de visitar comunidades ribeirinhas. Em 2015, participou da Missão Jovem no Tocantins, na cidade de Palmas e na tribo indígena da etnia Xerente. “Minha intenção era levar à uma terra desconhecida o Evangelho e o amor de Deus. Porém, eu que fui evangelizada e recebi amor. Agradeço a Deus por participar destas missões. Guardo na memória todas as lembranças e a certeza de que Deus me chama a ser missionária, não só na Amazônia ou em terras desconhecidas, mas em todos os lugares que eu passar”, conta.

Fraternidade sem fronteiras

Para Andre Fernandes de Oliveira, da Diocese de Dourados (MS), a missão é também reconhecer que para Jesus não há fronteiras. Ele mora na divisa com o Paraguai e muitas das missões que participa com seus amigos são com os irmãos paraguaios. A língua e as outras diferenças culturais não impedem a fraternidade e a evangelização. Eles percorrem cerca de cem quilômetros para chegar na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. “São inúmeros os testemunhos de nossas missões no Paraguai. Um dos principais problemas que vemos é a dependência química entre os jovens. Infelizmente o uso de drogas é muito forte e comum e uma das razões é ser um lugar de fronteira, então acaba que a lei menos dura quanto às drogas no país vizinho e ser uma rua apenas que separa a cidade brasileira de Ponta Porã do Paraguai, os dois lados têm acesso fácil”, conta o jovem que participa da Renovação Carismática Católica.

Por outro lado, André reforça que os jovens paraguaios têm uma grande fé, em especial uma devoção especial à Nossa Senhora de Caacupé, a padroeira, porém com muita carência de formação relativa à própria fé. “Os jovens têm uma grande piedade popular, podemos dizer, com reza do terço etc., mas não têm formação. São carentes e quando estamos em missão, ficam encantados e querem participar de tudo. Nossa missão com eles busca colaborar com esta questão também. A falta de formação acaba fazendo alguns jovens frequentarem ambientes religiosos não católicos, como Templos Espíritas”.

Neste ano, o Dia Nacional da Juventude (DNJ) na Diocese de Dourados foi realizado na cidade de fronteira para que a festa fosse da fraternidade entre os jovens brasileiros e paraguaios.

Uma Semana Missionária inesquecível – Rota 300

Em 2017, Marciana da Silva foi chamada por Deus para viver a Semana Missionária do projeto Rota 300, realizado pela Comissão da Juventude da CNBB como forma de celebração dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Junto a outros jovens, foi à Diocese de Mogi das Cruzes (SP). “Foi uma das mais lindas experiências da minha vida. Aprendi a amar o desconhecido e a enxergar Deus nos olhares, muitos de tristeza, mas com esperança e fé de que Deus está com eles a cada segundo. Aprendi a ser menor e deixar Cristo crescer em minhas palavras e atitudes”, testemunha.

Para a Marciana, ser jovem em missão nesses tempos é dizer que o amor de Deus nos sustenta por onde formos e a cada instante Ele bate insistentemente na porta de nosso coração para nele entrar e ensinar a sermos missionários.

Amar como Jesus amou…

“Partilho experiências vividas junto a pessoas simples que me ensinaram a olhar diferente, pensar diferente, cuidar de forma diferente. Sempre quando falo de experiências missionárias, do ser Igreja, e me remeto a música do padre Zezinho, penso: Será que perdemos a capacidade de amar como Jesus, sentir como Jesus, cuidar como Jesus? Será que hoje lemos tanto e não aprendemos com o mestre, esquecemos que a Eucaristia é o ponto de partida e de chegada da missão, e que comungar nos impõe doar a vida pelos outros?”, questiona o jovem missionário Lucas Ferro Brito.

Para o jovem, que coordenou a experiência da Missão Jovem na Amazônia – CNBB na Diocese de Parintins, e também as Missões Jovens com a Juventude Missionária da POM em Alagoas, o cotidiano corrido da faculdade, trabalho, família não pode impedir a atitude de “saída”, de ir ao encontro de alguém desconhecido, levando um sorriso, um abraço, a presença despretensiosa junto a tantos ao nosso redor, ensinam que precisamos “estar com” (com Jesus, com os irmãos), só assim reaprenderemos nossa essência.

Histórias para contar? São muitas! “Minha amiga Aline que foi acolhida por uma família bem simplesinha que só tinha o café purinho, mas a acolheu para passar os dias de experiência missionária com o carinho de Jesus, da Luane que comeu couro de boi enrolado com folhas (a ajuda foi o refrigerante que ajudou a descer), dos meninos de Senador Rui Palmeira que conseguiram comida para um pequeno de 8 anos que sonhava em ser médico e que havia ajudado no parto de sua irmãzinha, mas sobretudo a história de vida de cada jovem missionário que olhando para a realidade de tantas pessoas, chegaram em casa incomodados, mudando suas atitudes e buscando de fato praticar a solidariedade do cristão começando de coisas simples do cotidiano, assim doando também suas vidas em prol do outro”, conta Lucas, que viu a necessidade de ajudar o próximo também como um chamado na hora de escolher uma profissão e hoje estuda enfermagem.

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