Veja também: No Bote Fé Porto Velho, jovens se prontificam para a missão Jovens rezam o Ofício Divino da Juventude em Porto Velho |
A Cruz dos Jovens e o Ícone de Nossa Senhora, Símbolos da Jornada Mundial da Juventude, percorrem o estado no mês de agosto de 2012. Entre os dias 16 e 19, estiveram na capital, Porto Velho. E há uma coisa com a qual todos concordam: essa é uma terra de missão, que precisa muito da Igreja.
A história de Rondônia é marcada por sucessivas iniciativas econômicas que trouxeram progresso relativo – e questionável –, atraíram milhares de trabalhadores e tiveram custos altíssimos em termos de vidas humanas. No século XIX, o ciclo da borracha, depois a construção da ferrovia Madeira-Mamoré (marcada pelo dito “cada dormente, um morto”), a abertura de grandes rodovias e agora a construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio – ambas em Porto Velho, sendo que a última está localizada bem perto da cidade.
As obras de Jirau e Santo Antônio empregam aproximadamente 15 mil trabalhadores, muitos deles vindos de outras cidades e estados. As duras condições de trabalho e de segurança já geraram várias greves. Como costuma ocorrer nos locais onde trabalham grandes contingentes de homens afastados de suas famílias, a prostituição cresceu enormemente –e, com ela, as estatísticas da Aids.
Localizado na fronteira com a Bolívia, o estado de Rondônia é uma importante rota das drogas. Mas elas não entram apenas de passagem: também se tornaram um terrível flagelo que afeta sobretudo a juventude.
A posse da terra é outro flagelo. Rondônia tem grandes proprietários rurais que fazem valer sua vontade pelo poder política, e, às vezes, pela bala, e contingentes de sem terra que acabam engrossando as favelas, onde se repetem os problemas da prostituição, da Aids e das drogas.
A tudo isso se juntam as duras condições de vida da população. Escassez de emprego, educação e saúde de baixa qualidade.
A juventude, porém, não se deixa abater por todos esses problemas. A demonstração disso foi a alegria dos jovens ao acolher os Símbolos da JMJ, o seu empenho para organizar a peregrinação e a sua disponibilidade missionária. Muitos participam de missões nas cidades vizinhas.
Segundo Dom Moacyr Grechi, arcebispo emérito de Porto Velho, disse que o principal desafio é despertar a consciência política desses jovens.
– Do ponto de vista eclesial, o principal desafio é reuni-los em grupos para que eles próprios procurem ver a realidade como ela é, ver os empecilhos que os impedem de ter uma vida melhor. Amadurecer a juventude para ela saber reagir.
Por Moisés Nazário