Divido em três partes, 12 capítulos, 167 parágrafos e 60 páginas, o documento tem como fio condutor a passagem do Evangelho de Lucas sobre os discípulos de Emaús. “Caminhava com eles”, “Eles abriram os olhos” e “Partiram sem demora” são os títulos de cada uma das três partes do texto.
Para o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, que foi o relator geral do Sínodo, o texto é “o resultado de um verdadeiro trabalho de equipe” dos padres sinodais, juntamente com os outros participantes no Sínodo e “em modo particular os jovens.”
Na primeira parte do documento, intitulada “Caminhava com eles”, é apresentado o contexto no qual os jovens estão inseridos. Ressalta-se a Igreja em escuta, apontam-se “três juntas cruciais” e são abordadas questões como identidade e relacionamento, além do ser jovem hoje.
A segunda parte, “Eles abriram os olhos”, reforça o papel renovador da juventude na Igreja, “portadora de uma santa inquietude”. Acolhimento, respeito e acompanhamento ao dinamismo dos jovens são indicações deste trecho, que aborda o dom da juventude, o mistério da vocação, a missão do acompanhamento e a arte de discernir.
Por fim, em seu último título, “Partiram sem demora”, são pontuadas a sinodalidade missionária da Igreja, o caminhar juntos no cotidiano, o renovado ímpeto missionário e a formação integral. É desta parte do texto que sai o convite às Conferências Episcopais e às Igrejas particulares para prosseguir no processo de discernimento com o objetivo de elaborar soluções pastorais específicas à realidade juvenil.
Publicamos abaixo o texto do Documento Final e as Votações do Documento Final da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (3-28 de outubro de 2018) sobre o tema: “Os Jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
DOCUMENTO FINAL
OS JOVENS, A FÉ E O DISCERNIMENTO VOCACIONAL
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.
PROÉMIO.
I PARTE. «PÔS-SE COM ELES A CAMINHO»
Capítulo I. Uma Igreja à escuta.
Capítulo II. Três pontos cruciais.
Capítulo III. Identidade e relações.
Capítulo IV. Ser jovem hoje.
II PARTE. «OS SEUS OLHOS ABRIRAM-SE»
Um novo Pentecostes.
Capítulo I. O dom da juventude.
Capítulo II. O mistério da vocação.
Capítulo III. A missão de acompanhar.
Capítulo IV. A arte de discernir.
III PARTE. «VOLTARAM IMEDIATAMENTE»
Uma Igreja jovem.
Capítulo I. A sinodalidade missionária da Igreja.
Capítulo II. Caminhar juntos na vida diária.
Capítulo III. Um renovado impulso missionário.
Capítulo IV. Formação integral
Conclusão.
Votações de cada número do Documento final
INTRODUÇÃO
O evento sinodal que vivemos
1. «Derramarei o meu Espírito sobre toda a criatura; os vossos filhos e as vossas filhas hão de profetizar; os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos terão sonhos» (At 2, 17; cf. Jl 3, 1). Foi a experiência que fizemos neste Sínodo, caminhando juntos e colocando-nos à escuta da voz do Espírito. Ele surpreendeu-nos com a riqueza dos seus dons, cumulou-nos da sua coragem e da sua força para levar a esperança ao mundo.
Caminhamos juntos, com o sucessor de Pedro, que nos confirmou na fé e nos fortaleceu no entusiasmo da missão. Não obstante tenhamos vindo de contextos muito diferentes do ponto de vista cultural e eclesial, sentimos desde o início uma sintonia espiritual, um desejo de diálogo e uma verdadeira empatia. Trabalhamos juntos, compartilhando aquilo que era mais importante para nós, dando a conhecer as nossas preocupações, sem esconder as nossas dificuldades. Muitas intervenções geraram em nós emoção e compaixão evangélica: sentimo-nos um único corpo que sofre e rejubila. Queremos partilhar com todos a experiência de graça que vivemos e transmitir a alegria do Evangelho às nossas Igrejas e ao mundo inteiro.
A presença dos jovens representou uma novidade: através deles, no Sínodo ressoou a voz duma geração inteira. Caminhando com eles, peregrinos junto do túmulo de Pedro, experimentamos como a proximidade cria as condições para que a Igreja seja espaço de diálogo e testemunho de fraternidade que fascina. A força desta experiência ultrapassa qualquer dificuldade e fraqueza. O Senhor continua a repetir-nos: Não temais, Eu estou convosco!
O processo de preparação
2. Recebemos grandes benefícios das contribuições dos Episcopados e da colaboração de pastores, religiosos, leigos, peritos, educadores e muitos outros. Desde o início, os jovens foram envolvidos no processo sinodal: o Questionário online, numerosos contributos pessoais e sobretudo a Reunião pré-sinodal são o sinal eloquente disto. A sua colaboração foi essencial, como na narração dos pães e dos peixes: Jesus conseguiu fazer o milagre graças à disponibilidade dum jovem, que ofereceu com generosidade aquilo de que dispunha (cf. Jo 6, 8-11).
Todas as contribuições foram resumidas no Instrumentum laboris, que constituiu a sólida base do debate durante as semanas da Assembleia. Agora, o Documento final reúne o resultado deste processo, relançando-o para o futuro: exprime aquilo que os Padres sinodais reconheceram, interpretaram e decidiram, à luz da Palavra de Deus.
O Documento final da Assembleia sinodal
3. É importante elucidar a relação entre o Instrumentum laboris e o Documento final. O primeiro é o quadro de referência unitário e sintético que sobressaiu depois de dois anos de escuta; o segundo é o fruto do discernimento realizado e contém os núcleos temáticos generativos, sobre os quais os Padres sinodais se concentraram com particular intensidade e paixão. Portanto, reconhecemos a diversidade e a complementaridade destes dois textos.
Este Documento é oferecido ao Santo Padre (cf. Francisco, Episcopalis communio, n. 18; Instrução, art. 35 § 5) e também à Igreja inteira como fruto deste Sínodo. Dado que o percurso sinodal ainda não terminou, prevendo-se uma fase de aplicação (cf. Episcopalis communio, nn. 19-21), o Documento final será um roteiro para orientar os próximos passos que a Igreja é chamada a dar.
* No presente documento, com o termo “Sínodo” entende-se, segundo o contexto, ora todo o processo sinodal em curso, ora a Assembleia geral que teve lugar de 3 a 28 de outubro de 2018.
PROÉMIO
Jesus caminha com os discípulos de Emaús
4. Reconhecemos, no episódio dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35), um texto paradigmático para compreender a missão eclesial relativamente às jovens gerações. Esta página exprime bem aquilo que experimentamos no Sínodo e o que gostaríamos que cada uma das nossas Igrejas particulares pudesse viver na sua relação com os jovens. Jesus caminha com os dois discípulos que, incapazes de entender o sentido do que Lhe acontecera, se retiram de Jerusalém e da comunidade. Para estar em sua companhia, percorre o caminho com eles. Interroga-os e escuta com paciência a sua versão dos acontecimentos, para os ajudar a reconhecer aquilo que estão a viver. Depois, com afeto e energia, anuncia-lhes a Palavra, levando-os a interpretar à luz das Escrituras os factos que viveram. Aceita o convite para ficar com eles ao anoitecer: entra na noite deles. Enquanto O escutam, os seus corações abrasam-se e as suas mentes iluminam-se; na fração do pão, abrem-se os seus olhos. São eles mesmos que decidem retomar sem demora o caminho na direção oposta, para regressar à comunidade e compartilhar a experiência do encontro com o Ressuscitado.
Em continuidade com o Instrumentum laboris, o Documento final divide-se em três partes, cadenciadas por este episódio. A primeira intitula-se «Pôs-Se com eles a caminho» (Lc 24, 15) e procura esclarecer aquilo que os Padres sinodais reconheceram do contexto onde os jovens estão inseridos, evidenciando os seus fundamentos e desafios. A segunda, «Os seus olhos abriram-se» (Lc 24, 31), é interpretativa, fornecendo algumas chaves de leitura fundamentais do tema sinodal. E a terceira, intitulada «Voltaram imediatamente» (Lc 24, 33), contém as decisões para uma conversão espiritual, pastoral e missionária.
I PARTE
«PÔS-SE COM ELES A CAMINHO»
5. «Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-Se deles o próprio Jesus e pôs-Se com eles a caminho» (Lc 24, 13-15).
Neste trecho, o evangelista mostra a necessidade que os dois viandantes tinham de procurar um sentido para os acontecimentos que viveram. Ressalta-se a atitude de Jesus, que Se põe a caminho com eles. O Ressuscitado deseja percorrer o caminho com cada jovem, acolhendo as suas expetativas, mesmo que sejam desiludidas, e as suas esperanças, ainda que sejam inadequadas. Jesus caminha, escuta, compartilha.
BAIXE AQUI NA ÍNTEGRA: Documento Final do Sínodo dos Bispos
Fonte: www.synod2018.va