Na CNBB, em âmbito nacional, o Setor Juventude é o espaço que articula, convoca e propõe orientações para a Evangelização da Juventude, respeitando o protagonismo juvenil, a diversidade dos carismas, a organização e a espiritualidade para a unidade das forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns à luz do documento 85 “Evangelização da Juventude”, das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e Documento de Aparecida. Há um bispo e um assessor responsáveis pelo Setor que, contando com a colaboração de uma equipe colegiada de assessores, respondem pela evangelização da juventude.
O Setor Juventude é o espaço que articula, convoca e propõe orientações para a Evangelização da Juventude, respeitando o protagonismo juvenil, a diversidade dos carismas, a organização e a espiritualidade para a unidade das forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns à luz do documento 85 “Evangelização da Juventude”, das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e Documento de Aparecida. Saiba mais
Em geral, costuma haver hostilidade entre os diversos
segmentos de juventude de uma diocese, com resistências e
críticas mútuas às atividades realizadas, jeito de evangelizar,
organização, espiritualidade... A criação do Setor Juventude
pode favorecer o diálogo entre os segmentos, a partir de
reuniões conjuntas, reflexões comuns e algumas atividades
assumidas coletivamente, em especial os eventos com caráter
de massa.
É preciso cuidado para que o Setor não queira substituir a
organização própria de cada segmento, nem unificar a
metodologia, espiritualidade, história... Cada experiência de
evangelização juvenil, mesmo participando do Setor, mantém
sua organização e atividades próprias, com a novidade de
projetos e eventos assumidos e realizados coletivamente.
Inclusive a diversidade é considerada uma riqueza e precisa
cada vez mais ser conhecida, acolhida e valorizada.
Assim, seriam objetivos do Setor:
- Ser expressão eclesial e social da diversidade juvenil;
- Fortalecer e ampliar a ação evangelizadora da Igreja;
- Favorecer a integração e o diálogo entre os
segmentos juvenis da diocese;
- Propor algumas diretrizes, metas, prioridades e
atividades comuns para a evangelização, considerando
as necessidades de cada realidade diocesana e as
especificidades de cada segmento juvenil.
Objetivo Geral
Favorecer a integração e o diálogo, além de propor diretrizes comuns para a evangelização, considerando as realidades de cada expressão juvenil; além de atividades coletivamente.
Objetivos Específicos
-Propor algumas diretrizes, metas, prioridades e atividades comuns;
-Favorecer a integração e o diálogo entre os segmentos juvenis;
-Fortalecer e dinamizar a Pastoral Juvenil diocesana a partir de todas as forças presentes;
Metas:
-Missionarização das expressões juvenis
-Unidade das expressões juvenis
-Evangelização da Juventude
Atividades Permanentes:
-Formações diocesanas
-Retiro para a equipe de coordenação diocesana
-DNJ (Dia Nacional da Juventude)
-JDJ (Jornada Diocesana da Juventude)
-Missão Jovem
Para que o Setor seja expressão da pluralidade juvenil, é
necessário superar alguns limites e dificuldades:
a) Falta de clareza quanto à proposta. Mesmo entre as
pessoas que reconhecem a necessidade de articulação
do Setor, percebe-se dificuldade para entender como
isso se daria na prática... Aí se entende porque há tanta
procura por uma “receita” que funcione na diocese. A
clareza sobre o Setor virá como fruto da discussão
coletiva a partir da realidade diocesana, com a
contribuição dos responsáveis pelos diversos
segmentos juvenis, com as orientações do Documento
85, do Setor Juventude Nacional e outras da CNBB.
b) Ausência dos jovens na discussão sobre o Setor.
Em vários lugares, a discussão sobre o Setor Juventude
tem ficado restrita ao clero, religiosos e assessores
adultos. No entanto, a articulação terá sucesso
somente se contar com a contribuição dos jovens e
adultos envolvidos com as diversas experiências de
evangelização juvenil. A convocação para este processo
deve motivar os jovens a fazer parte do Setor, numa
postura dialógica de ouvir os jovens e considerar a
bagagem sobre evangelização juvenil que eles/as
trazem.
c) O Setor como tentativa de criar um “marco zero”
na evangelização juvenil da diocese. Algumas
dioceses têm discutido a criação do Setor Juventude
sem considerar a história local de evangelização da
juventude. Para tornar o Setor um espaço de comunhão,
o processo de criação precisa considerar o que já existe
de trabalho juvenil na diocese, sem buscar a
homogeneização das diversas experiências. Estas
experiências apresentam limites e problemas, mas sua
história e identidade devem ser respeitadas.
Diferentes modelos de organização juvenil. Os
segmentos juvenis não adotam uma forma única de
se organizar; as instâncias de representação são
diversas. É necessário que o Setor não se torne uma
mega-estrutura organizativa, nem pretenda substituir
a organização própria das Pastorais da Juventude, da
Renovação Carismática, dos Vicentinos, dos
Focolarinos, dos Movimentos de Adolescentes... O
Setor Juventude Diocesano deve ser espaço de
representação, para favorecer a comunhão no trabalho
das diversas experiências juvenis.
d) Diferentes concepções de evangelização. Embora
haja consenso de que o papel de todo segmento
eclesial é evangelizar são concepções diversas que
fundamentam a prática: a experiência pessoal de Deus,
a espiritualidade, a presença cristã no mundo. O Setor
Juventude não deve existir para uniformizar as
experiências nem suprimir as diferenças; deve, sim,
reforçar que o essencial na evangelização é o
discipulado e seguimento de Jesus.
e) Pouco ou nenhum investimento na evangelização
da juventude. Muitas dioceses definem em
documento que a juventude é uma prioridade, mas,
na prática, não disponibilizam tempo, pessoas nem
recursos para o trabalho com jovens. A criação do
Setor não resolve todas as questões que envolvem a
juventude. Para que o Setor funcione é importante
que os segmentos juvenis estejam bem organizados,
que haja uma equipe de referência com clareza de
função e identidade e que esta equipe disponha dos
recursos necessários para caminhar junto as
juventudes.
f) Ausência de pessoas para acompanhar a
evangelização juvenil. É escasso o número de
pessoas dispostas a caminhar com os jovens e
capacitadas para acompanhá-los nos processos de
Educação na Fé. Para que o Setor caminhe é necessário
investir na formação de assessores que reconheçam a
diversidade juvenil como riqueza; tenham
disponibilidade para acompanhar os jovens e suas
organizações; demonstrem maturidade suficiente para,
se necessário, mediar conflitos; e estejam dispostos a
tornar o Setor um espaço que soma forças para a
evangelização juvenil na diocese.
A reflexão sobre o Setor Juventude possibilita que a Igreja
Diocesana avalie seu diálogo com os/as jovens, bem como a
visão de juventude que tem norteado a ação diocesana. Se as
lideranças têm uma visão negativa da juventude, se não acreditam
no potencial juvenil é pouco provável que as iniciativas sejam
bem sucedidas. Para uma boa ação evangelizadora com a
juventude, é fundamental reconhecer que Deus também fala ao
mundo e à Igreja através dos jovens. “A evangelização da Igreja
precisa mostrar aos jovens a beleza e a sacralidade da sua juventude, o
dinamismo que ela comporta, o compromisso que daqui emana, assim
como a ameaça do pecado, da tentação do egoísmo, do ter e do poder”
(doc. 85, 80). “O jovem é evangelizador privilegiado de outros jovens”
(doc. 85, 62) e, por isso, Jesus Cristo deve ser apresentado como
aquele que “caminha com o jovem, como caminhava com os discípulos
de Emaús, escutando, dialogando e orientando” (doc. 85, 54).
Segundo o Documento “Evangelização da juventude”, uma das
principais atribuições do Setor Juventude é estabelecer algumas
linhas pastorais comuns para os diversos segmentos juvenis
atuantes na diocese. “Tanto as pastorais como os movimentos, novas
comunidades e congregações religiosas precisam se conhecer
mutuamente e, juntos, encontrar seu lugar na Pastoral de Conjunto da
Igreja local, em comunhão com as orientações específicas do Bispo
Diocesano”(doc. 85, 195). O Setor Juventude Diocesano, nesta
perspectiva, não é uma “superorganização” para promover muitos
eventos e atividades, mas a unidade de todas as forças ao redor de
algumas metas e prioridades comuns para a evangelização juvenil.
Dito isto, cabe distinguir o que é essencial e o que é secundário
nas várias experiências de evangelização da juventude. Por
essencial entendemos os elementos constitutivos da
evangelização, aqueles que caracterizam a vida cristã; secundárias
são as opções que caracterizam o segmento e o diferenciam de
outras experiências. Na tradição latino-americana pós Medellín,
fundamental na evangelização é o seguimento de Jesus Cristo
em vista do Reino por ele anunciado. Para a Igreja do Brasil, o que
é essencial na evangelização está expresso no objetivo geral das
Diretrizes da Ação Evangelizadora (2008-2011):
EVANGELIZAR
a partir do encontro com Jesus Cristo,
como discípulos missionários,
à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres,
promovendo a dignidade da pessoa,
renovando a comunidade,
participando da construção de uma sociedade justa e solidária,
“para que todos tenham Vida e a tenham em abundância”
(Jo 10,10).
Para os bispos do Brasil, estas orientações expressam o que é
a ação evangelizadora. A metodologia para concretizá-la fica
em aberto, mas estão definidos todos os elementos essenciais
na evangelização: partir do encontro com Jesus Cristo como
discípulo missionário; à luz da evangélica opção preferencial
pelos pobres, tendo como foco a dignidade da pessoa, a
renovação da comunidade e a participação na construção de
uma sociedade justa e solidária para chegar ao fim que é a
garantia da vida em abundância para todos. Caberá ao Setor
Juventude da diocese definir suas diretrizes e ações comuns
a partir deste objetivo, contribuindo para que cada segmento
juvenil possa assumir as diretrizes da ação evangelizadora da
Igreja no Brasil.
O Documento de Aparecida, iluminando o processo de
formação dos discípulos missionários, traz cinco aspectos
que ajudam a entender como os jovens caminham no
discipulado eseguimento de Jesus: O Encontro com Jesus Cristo,
a Conversão, o Discipulado, a Comunhão e a Missão.
Compreender a relação destes aspectos com a caminhada
de fé dos jovens é fundamental para que o Setor se torne um
suporte para a evangelização na diocese, ajudando os diversos
segmentos a ampliar sua ação evangelizadora e favorecer o
discipulado juvenil.
Considerando que os bispos da América Latina e Caribe,
reunidos em Aparecida, enfatizaram a importância da vida
comunitária o Setor Juventude Diocesano deve, então, atuar
num movimento de mão dupla: favorecer a integração dos
grupos juvenis à igreja/comunidade e, por outro lado, ajudar
a Igreja/comunidade a se tornar espaço acolhedor para os/as jovens. Também é necessário pensar como o Setor poderá
dialogar com os outros organismos eclesiais – Conselhos,
outras pastorais... – e se articular com organizações juvenis
de caráter não eclesial – ONG’s, grupos culturais... Essas
organizações podem contribuir para que a ação
evangelizadora contemple as várias dimensões da vida dos
jovens e responda à pluralidade e dinamismo da juventude.
A responsabilidade primeira de convocação dos segmentos
juvenis para articulação do Setor Juventude é do bispo,
juntamente com o Conselho Diocesano de Pastoral. A pessoa
de referência para a evangelização juvenil na diocese convoca,
coordena e anima a equipe responsável pela articulação do
Setor Juventude, em nome do bispo diocesano.
Reafirmando que não há receita, a CNBB sugere alguns passos
para ajudar a diocese a articular seu Setor Juventude:
a) Fazer levantamento de todos os segmentos juvenis
existentes na diocese, bem como das pessoas
diretamente responsáveis por cada um deles.
b) Convocar as lideranças engajadas na evangelização da
juventude a contribuir no processo de articulação.
c) Indicar e liberar pessoas para acompanhar o processo
até que o próprio grupo defina sua forma e espaços de
atuação como Setor Juventude .
d) Realizar reuniões e encontros com lideranças que
respondem por estes segmentos. Nestas reuniões ou
encontros:
- Criar espaços para que cada segmento
apresente sua identidade, metodologia de
trabalho, atividades realizadas, opções
pedagógico-pastorais, paróquias ou espaços
eclesiais onde está presente, jovens envolvidos
no trabalho, dificuldades enfrentadas, limites
percebidos... Estes espaços são privilegiados
para que os segmentos juvenis se conheçam
reciprocamente e superem os preconceitos e
estereótipos que nutrem em relação uns aos
outros.
- Propiciar tempo de estudo, reflexão e discussão
sobre o fenômeno juvenil e sobre as orientações
da CNBB para a evangelização, com assessoria
capacitada para abordar a pluralidade e
especificidade da juventude.
- Possibilitar a socialização e troca de subsídios,
material utilizado na formação, participação em
eventos promovidos pelos diversos segmentos.
- Discutir diretrizes comuns e estratégias para
superar limites e enfrentar desafios.
- Definir com o grupo a estrutura e papel do Setor
Juventude na diocese:
- Qual será a composição?
- Quantos representantes por segmento juvenil?
- Que organograma é mais adequado à realidade
diocesana?
- Quem coordena?
- Por quanto tempo?
- Qual a função de cada representante no Setor?
- Que metas e atividades podem ser assumidas
em comum?
- Qual seria um calendário mínimo de reuniões
e atividades?
f) Discutir os aspectos práticos do trabalho do Setor:
- Infra-estrutura: local, telefone, computador...?
- Pessoas de referência no Setor e para cada
organização de juventude?
- Recursos financeiros para material didático,
reuniões, outras atividades...?
- Definir a equipe de assessoria e acompanhamento
do Setor, com representantes indicados pelos
diferentes segmentos juvenis.
- Motivação, ao invés de imposição: a busca de
diálogo com os diversos segmentos, ao invés de impor
a criação do Setor. Tal atitude abre mais possibilidades
de sucesso na articulação e integração entre eles.
- Abertura à diferença: o pluralismo de carismas e
metodologias, vivido na unidade, fortalece a ação
evangelizadora. As diferenças entre as experiências
contribuem para o crescimento de cada uma.
- Respeito ao específico de cada experiência: os
carismas próprios de cada experiência devem ser
respeitados e considerados em suas riquezas e limites.
- Postura dialógica em todo o processo: para cumprir
seu objetivo de favorecer a comunhão e a unidade, o
Setor deve constituir-se como espaço de diálogo entre
jovens e adultos, leigos e clero, pastorais e movimentos.
- Protagonismo juvenil: o formato do Setor Juventude
deve ser dado pelos/as jovens, num processo que
considere a experiência evangelizadora deles/as e as
necessidades próprias da realidade diocesana.
- Eclesiologia de comunhão e participação: a
participação no Setor deve fortalecer o sentido de
pertença eclesial e de co-responsabilidade sobre a
missão evangelizadora da Igreja. Se os jovens se
reconhecem como fundamentais dentro desse
processo, sentemse motivados a ser protagonistas na
Igreja e no mundo.