“Nosso objetivo foi ir ao encontro da situação do povo e da Igreja do Haiti para manifestarmos nossa preocupação, estabelecer comunhão e marcar presença para conhecer e prestar solidariedade com o espírito missionário”, relatou o diretor.
A “Visita Solidária” aconteceu em parceria com a presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), irmã Márian Ambrósio. Por meio do contato com o povo haitiano, padre Camilo percebeu a realidade do país após o terremoto do dia 12 de janeiro de 2010. Ele disse que conhecer o Haiti foi importante porque possibilitou o despertar do compromisso com a Igreja daquele país. “Como Igreja brasileira, conviver com a Igreja do Haiti foi importante porque favoreceu a sintonia, o sentimento de preocupação, de estar envolvido e promover o apoio concreto”, disse.
Nos oito dias no país caribenho, padre Camilo compreendeu a situação do país e os desafios que o povo ainda tem para superar após o terremoto. Ele relatou a situação de pobreza da população e de infraestrutura que ainda desafiam o país à superação. “Ruínas e escombros são visíveis; a energia funciona em vários lugares, mas de forma precária; as pessoas recordam as perdas das vidas que foram ceifadas e os vestígios de pessoas mutiladas de todas as idades, alguns presentes como mendigos nas ruas”.
O Palácio do Governo, catedral, seminários, igrejas, hotéis, escolas e mercados, continuam destruídos e cerca de 800 mil pessoas ainda vivem em barracas, segundo padre Camilo. O povo, porém, trabalha para se reconstruir aos poucos.
“O povo haitiano não é passivo. Ele trabalha para reerguer sua vida. Vi que a reconstrução vai acontecendo, não acelerada, mas com os meios que existem; há vários projetos de construção de casas populares, sejam de madeira ou de alvenaria, preparadas para não causarem tanto dano se acontecer outros tremores de terra; há também empresas brasileiras reconstruindo estradas, caminhões de areia, de cimento que andam nas ruas, pedreiros colocando blocos, serralherias funcionando, transportes de produtos que chegam do interior para ajudar o povo”, contou.
Apesar do sofrimento ainda presente na face do povo haitiano, padre Camilo relatou que percebeu esperança no país. “Os desafios são muitos, mas a solidariedade começou entre o povo haitiano buscando resgatar vidas, repartir o pouco que tem”.
Presença Missionária
Ainda durante a visita, padre Camilo visitou as Pontifícias Obras Missionárias do Haiti e conversou com o diretor nacional, padre Clarck de la Cruz, que descreveu o incentivo missionário que acontece lá. “Padre Clarck disse que tem incentivado os vários grupos de Infância e Adolescência Missionária a trabalharem para a solidariedade; eles desenvolvem atualmente uma campanha onde as crianças plantam árvores”, lembrou padre Camilo. A presença das seis irmãs enviadas em nome da Igreja no Brasil também tem criado bons frutos no Haiti.
“É uma presença bonita que tem incentivado o povo haitiano a superar os desafios e o estado de pobreza que se agravou com o terremoto”, disse o diretor. “Elas realizam pequenos projetos sociais: desenvolvem plantações de hortas comunitárias, ensinam a costurar, orientam mulheres grávidas e se esforçam para se comunicar com o povo. Elas são despojadas e vivem como o povo vive, andam nos transportes coletivos, partilham alimentos e a Palavra de Deus com o povo e procuram ser sinal de vida por meio das crianças e jovens”, completou Camilo. Ele conheceu ainda a experiência da Missão Belém. Trata-se de cinco jovens [três mulheres e dois homens] brasileiros consagrados que vivem no meio do povo e dão testemunho de vida próximo deles.
Os seminaristas maiores [estudantes de Filosofia e Teologia] também marcam presença no meio do povo. Eles são 300 jovens que vivem e estudam em barracas. O diretor das POM do Brasil conversou com eles sobre os estudos e a importância da solidariedade de buscar alternativas no apoio à situação que eles vivem.
Padre Camilo completou dizendo que a viagem foi seu primeiro contato com o povo haitiano. Ele sublinhou que deverá continuar em comunhão com o país para que o conhecimento desenvolva trabalhos em conjunto e mais aproximação. “Solidariedade requer aproximação e, com o tempo, poderemos desenvolver projetos juntos e ajudar o país e o seu povo”.
Da assessoria de imprensa das Pontifícias Obras Missionárias