Card. Parolin: espírito das bem-aventuranças para o 7 de setembro

Card. Parolin: espírito das bem-aventuranças para o 7 de setembro

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Em ocasião da Independência do Brasil, o 7 de setembro em Roma foi celebrado por brasileiros católicos com uma missa no Colégio Pio Brasileiro. O Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, foi quem presidiu a celebração a convite de Denis Fontes de Souza Pinto, embaixador brasileiro junto à Santa Sé. Neste ano, os dois Estados comemoram os 190 anos de relações diplomáticas.

“Celebremos a missa, pregando por justiça e concórdia, junto a um verdadeiro progresso na paz.” Na sua homilia, Parolin fez um apelo aos brasileiros para que vivam, em primeiro lugar, a paz, a justiça e o serviço ao homem. O cardeal lembrou que “o Papa foi, de fato, um dos primeiros a reconhecer a independência do Brasil, proclamada por Dom Pedro I” e, “para fazê-lo, esperou que fosse alcançada a separação consensual de Portugal, onde reinava o pai, Dom João VI. A Santa Sé, portanto, acompanhou do início e também nas passagens difíceis a história do país que o viu protagonista de um processo de crescimento social e econômico até assumir progressivamente um papel de relevância não somente em nível regional, mas também no cenário mundial”.

A Santa Sé, precisou o secretário de Estado, “quando entra em relações com uma entidade de Estado não se coloca em uma situação de estranheza em relação a ela, em modo especial, obviamente, quando naquela comunidade nacional vivem pessoas que foram batizadas”. E, “quando se trata de um país com maioria católica como o Brasil, onde o cristianismo influenciou profundamente a história e a cultura da nação, contribuindo enormemente a permear inclusive a alma, então, esse reconhecimento recíproco assume uma importância especial”.

Brasil e Santa Sé, a dupla cidadania
É propriamente “nessa ótica que corresponde aquela importante etapa de colaboração constituída do Acordo sobre o Estatuto Jurídico da Igreja no Brasil, assinado em 13 de novembro de 2008”. Já na apresentação é marcada a cooperação “pela edificação de uma sociedade mais justa, pacífica e fraterna” que deve fazer dos fiéis “parte ativa, contemporaneamente, da comunidade eclesial e aquela de Estado”.
O Cardeal Parolin explicou que para denotar plenamente “a importância dessa dupla cidadania dos cristãos nos ajuda o Concílio Vaticano II, na Gaudium et spes, no momento em que, fazendo referência à fusão entre cidade terrestre e cidade terrena, convida os fiéis ‘a saber distinguir e harmonizar a dupla situação dos membros da sociedade humana e aquela dos membros da Igreja’. Tais distinções e harmonia, acrescenta o documento, são necessárias com o objetivo de que ‘a missão da Igreja possa responder mais plenamente às condições especiais do mundo moderno’”.
As bem-aventuranças e o texto constitucional da fé
O convite é para se deixar “guiar pelo espírito do Evangelho”, voltando “à pagina crucial das bem-aventuranças”: verdadeira e própria “Carta Magna e texto constitucional da nossa fé”, porque nos fala “das orientações fundamentais da nossa existência, onde está o bem e a felicidade do homem de uma parte e a infelicidade da outra”.

O Card. Parolin disse que, “com o ensinamento das bem-aventuranças, Jesus retoma a escala dos valores do homem e anuncia o modo com o qual Deus salva. O Senhor nos adverte a não se iludir na saciedade, a não colocar a nossa consolação na riqueza, a não viver com superficialidade, a não procurar o consenso das multidões. Jesus quer nos proteger de uma existência dominada da ânsia do possesso, do domínio, escrava da violência. O Senhor indica um percurso com autêntica esperança, capaz de renovar a vida do homem, de curá-lo profundamente. As posturas que se opõem às bem-aventuranças, ao contrário, mantêm o homem ligado àquilo que é aparente, provisório, ilusório, fazendo-o perder o sentido de Deus e do próximo, degradando-o em relação à sua vocação”.

A nossa ação segue critérios da vida de Jesus
O purpurado insistiu que “buscar a vontade de Deus significa também assumir como critérios aqueles vividos em primeira pessoa por Jesus, ou seja, a sua solidariedade com os últimos, com quem chora, com quem é perseguido. Portanto, o critério da nossa ação não deve ser aquele do domínio, da busca pelo poder, da prepotência mas, sim, aquele do serviço e, sobretudo, da liberdade”. E “não foge a ninguém as recaídas, inclusive sobre a vida coletiva, de um certo ensinamento, na medida em que os cristãos e todos os homens de boa vontade estejam dispostos a ser o farol da sua existência. Tão preciosa é essa contribuição evangélica neste particular momento do país, em que o povo brasileiro tem necessidade de atingir os seus melhores recursos espirituais e reencontrar a estrada da concórdia e reconciliação”.

Progresso da nação e espírito das bem-aventuranças
Aos alunos do Colégio Pio Brasileiro, o cardeal convidou “a ter consciência da tarefa exigente” que os espera, ao final da formação em Roma: “como pastores vocês devem ajudar especialmente os fiéis leigos, chamados a animar as realidades terrenas, a crescer no empenho de viver o Evangelho na concretude da vida, em qualquer circunstância, inclusive rendendo-se ‘impopulares’ se necessário, não temendo de aparecer minoritários”.

E conclui relançando os conteúdos do Magnificat: “Vocês, padres, têm uma grande responsabilidade, porque são chamados, com o ensinamento de vocês, o cuidadeo pastoral e o exemplo da vida, a fazer com que a comunidade cristã contribua como fermento ao autêntico progresso da nação; e isso será possível na medida em que toda a inteira comunidade eclesial se deixar permear do espírito das bem-aventuranças e do modo evangélico de compreender a história e de se fazer parte ativa”.

Por Rádio Vaticano

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