Teologia do Corpo: “Não é bom que o homem esteja só”

Teologia do Corpo: “Não é bom que o homem esteja só”

formacao_o-que-e-a-teologia-do-corpo-940x500Este é o 5° artigo da série “Teologia do Corpo”

O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus. A partir desta perspectiva podemos constatar que, desde a sua origem, ou seja, na sua gênese, o homem não foi criado para viver só. O Pai, o Filho e o Espírito Santo compõem uma unidade perfeita, a Trindade, através da comunhão de amor que vivem. A partir dessa comunhão é que o homem foi criado e, como tal, nessa comunhão somos convidados a viver. Somos conduzidos a testemunhar a grandeza do amor. Não se faz comunhão sozinho, não se ama sozinho. Se não há alguém para amar, não existe amor, pois ele só existe em função do outro, da outra. Logo, já que fomos criados por uma comunhão de amor, nela devemos viver.

Assim, ao criar o homem, o próprio Deus percebeu que não era bom que ele estivesse só. Se permanecesse desta forma, não refletiria a Sua imagem. E, aqui já podemos perceber duas vertentes da solidão original do homem, pois é feita referência à solidão do “homem” enquanto criatura e, também, do “homem” enquanto ser masculino. A primeira diz respeito à própria natureza do homem, ou seja, à sua humanidade. O homem, então, se reconhece como pessoa através do autoconhecimento. Ao se perceber como ser humano, começa a enxergar que é único, que não há outra criatura que se assemelhe a ele, que é possuidor de capacidades e características não presentes nos demais seres. Percebe que, devido à sua superioridade em relação à toda a criação, o mundo pode ser dominado por ele. Isso o torna único, e, por isso mesmo o torna também só nessa condição.

E, a segunda vertente da solidão original deriva da relação homem-mulher. Deus cria a mulher distinta do homem, mas não diferente. O homem é diferente do restante da criação, pois é o único que possui a natureza humana. Homem e mulher possuem a mesma natureza, e se distinguem por algumas características particulares. A solidão do homem só é finalmente resolvida com a criação da mulher. Deus não faz menção a qualquer outra criatura, a não ser à mulher, como sendo o único ser capaz de tirar o homem de sua solidão original, ressaltando a complementariedade que existe entre eles. Complementariedade esta que faz o homem, enquanto criatura, voltar ao princípio, voltar às origens, e viver verdadeiramente uma comunhão de amor.

Ao se confrontar com o mundo, o homem, através de sua autoconsciência, percebe que é pessoa. Isto só é possível mediante o conhecimento do próprio corpo. É o corpo que o torna participante do mundo visível. O homem, com isso, é caracterizado. Não simplesmente por TER um corpo, – como já mencionamos no artigo anterior – mas por SER um corpo. E mais: pessoa que tem sua estrutura baseada na relação entre corpo e alma.

Por fim, o Criador coloca o homem diante do mistério da árvore do conhecimento do bem e do mal e dá uma ordem: “Poderás comer de todas as árvores do jardim. Mas, da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque se dela comer, morrerás…”. Aqui, o Papa João Paulo II nos convida à reflexão, questionando se o homem seria capaz de compreender o significado da morte, já que, até aquele momento, só experimentara a vida. A árvore do conhecimento lança ao homem uma nova dimensão da solidão original, aquela na qual a criatura se encontra só diante do Criador. Chegamos, assim, à proposta de um Deus-Amor que convida cada homem, cada mulher a viver na Sua companhia e a torná-Lo presente na nossa vida.

tati-ronaldo2Por Tatiana e Ronaldo de Melo assessores do Núcleo de Formação e Espiritualidade da Pastoral Familiar/Arquidiocese do Rio de Janeiro

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