Ser um jovem cristão na universidade

Ser um jovem cristão na universidade

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Dentro deste estado laico em que vivemos, cada vez mais as Universidades se limitam à mera transmissão dos conhecimentos, relegando ou criticando tudo aquilo que se refere à religião e à fé. Consequentemente, para muitos jovens, os anos de estudo na Universidade são fortes períodos de tentações em relegar a fé a um terceiro plano ou até ao total abandono. Em nome de Deus, os jovens cristãos universitários têm o grato dever de professar que “a Universidade não se pode limitar a uma simples transmissão do saber, mas deve completá-la com uma tarefa de valor insubstituível: a formação de uma personalidade inteiriça, inserida na órbita dessa ordem fundamental, dessa ordem humana e divina ao mesmo tempo, estabelecida por Cristo, em cujo serviço consiste a máxima grandeza da Universidade”. (São Josemaría Escrivá, “Discurso na aula magna da Universidade de Navarra em 28 de novembro de 1964”). Em nome de Deus, os jovens cristãos universitários têm o nobre compromisso missionário de dar testemunho do encontro pessoal com Cristo, Verdade que ilumina a vida e o caminho de todos os jovens. 

Ao ingressar em uma Universidade e nos anos que se seguem, os jovens não podem e não devem descuidar da vida espiritual, alegando que as inúmeras disciplinas preenchem todas as horas do seu dia, pois se na Universidade os jovens são mais questionados sobre as razões da fé, maior deve ser o tempo dedicado ao estudo da doutrina e das verdades cristãs. Um jovem cristão que se afastou da Igreja pode até alegar que foram os professores materialistas que o conduziram a essa decisão, mas na verdade foi o descompromisso para com o Evangelho que o conduziu à negação, ao abandono da religião. Um jovem cristão que é questionado sobre a sua fé deve sempre buscar ajuda e conselho na orientação espiritual, para que ele possa ser um fiel propagador dos valores cristãos, ajudando os outros jovens a fazer com que a comunhão com Jesus os leve a conhecer o mistério mais profundo dos jovens, do homem e da história.  Os jovens cristãos universitários não podem esquecer jamais de que vale muito pouco ter um curso superior nas áreas de exatas ou humanas se, por outro lado, há um desleixo no conhecimento das verdades sobrenaturais.  De que adianta ao jovem ser um bacharel em tantas áreas do conhecimento humano se ele ainda é um analfabeto em termos de fé? De que adianta ao jovem ter tantos conhecimentos sobre a história e a evolução do ser humano se ele ainda não aprendeu o valor da caridade e da fraternidade?

A universidade é um lugar de debates, de pluralidade de idéias que convergem para o ser humano. Mas, muitas vezes, as Universidades relegam a religiosidade e a vida espiritual a uma mera superficialidade, não reconhecendo o que está invisível e conduzindo estratégias acadêmicas que conduzem ao desprezo da fé e de tudo aquilo que se refere à religião.  Os jovens cristãos universitários devem crer que é imprescindível aprender a olhar além da superficialidade, reconhecendo que o real sentido de investigação que há no homem, explorando a realidade concreta dos mandamentos, dos sacramentos e das virtudes cristãs, buscando transmitir com diferentes formas de expressão as verdades que revigoram a unidade do ser humano, preparando os cidadãos do futuro para uma vida mais plena e uma atuação mais justa na sociedade. Explorar, aprofundar, desvendar e conhecer novas realidades do conhecimento humano sem perder a noção da fé, sem descuidar da vivência do Cristianismo e sem abandonar o entusiasmo pela construção de um mundo novo, faz pulsar nas veias dos jovens universitários a sua identidade de batizado, a sua identidade de filho adotivo de Deus. 

Da mais alta e digna cátedra de nossas Universidades, Cristo questiona a todos os jovens: Você tem se comprometido com a ação pastoral no campus desta Universidade? Por meio do seu testemunho, outros jovens estão se abrindo às verdades cristãs? Na biblioteca, nos laboratórios e nas salas de aula, você tem manifestado o valor teológico e espiritual da religião? Pelo seu testemunho missionário, o fermento e a levedura de uma sociedade vivificada pelo amor evangélico estão sendo implantados?

Os jovens cristãos que não se preocupam com a correspondência ao amor de Deus durante os anos da Universidade dificilmente serão pessoas comprometidas com a verdade, a justiça e a honestidade. Dificilmente serão profissionais que contemplam no desenvolvimento do trabalho um meio de servir ao próximo. Todo jovem cristão universitário deve reconhecer que a Universidade é também um fecundo campo onde a semente do Cristianismo deve ser lançada. Constitui uma missão irrenunciável do jovem universitário estar comprometido com a investigação científica, mas também deve estar sinceramente comprometido com uma vida cristã autêntica, sem reservas de expressões de santidade, superando as tentações de uma visão meramente materialista e superficial da nossa essência e da nossa história. 

Ao concluir, clamo aos jovens universitários que não se deixem levar pelo secularismo, pelo hedonismo e pelo niilismo e saibam expressar, sempre mais, a beleza e o fascínio do encontro pessoal com Cristo. Nas adversidades, jovens cristãos, recorram ao nosso Redentor, Eterna Sabedoria, bradando: “Brilhante é a sabedoria, e sua beleza é inalterável; os que a amam, descobrem-na facilmente; os que a buscam, encontram-na!” (Sb 6,12). Que Maria, Sede da Sabedoria, proteja todos os jovens universitários debaixo do seu aconchegante manto materno! Sede da Sabedoria, rogai por nós e por todos os jovens universitários!      

Aloísio Parreiras
(Membro do Movimento de Emaús – Brasília)

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