Papa fala a professores universitários

Papa fala a professores universitários

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Em seu discurso na Basílica San Lorenzo del Escorial aos professores universitários peregrinos da Jornada Mundial da Juventude Madrid 2011 e alguns participantes do Congresso Mundial de Universidades Católicas realizado recentemente em Ávila (Espanha), o Papa recordou suas épocas de professor universitário na cidade alemã de Bonn.

Depois de descrever a experiência que viveu na pós-guerra, o Papa disse que os jovens enfrentam uma maneira de pensar que considera que “a missão dum professor universitário seja hoje, exclusivamente, a de formar profissionais competentes e eficientes que satisfaçam as exigências laborais de cada período concreto”. 

“Como se sabe, quando a mera utilidade e o pragmatismo imediato se erigem como critério principal, os danos podem ser dramáticos: desde os abusos duma ciência que não reconhece limites para além de si mesma, até ao totalitarismo político que se reanima facilmente quando é eliminada toda a referência superior ao mero cálculo de poder”.

“Ao invés, a genuína ideia de universidade é que nos preserva precisamente desta visão reducionista e distorcida do humano. Com efeito, a universidade foi, e deve continuar sendo, a casa onde se busca a verdade própria da pessoa humana”, afirmou.

“Por isso, não é uma casualidade que tenha sido precisamente a Igreja quem promoveu a instituição universitária; é que a fé cristã nos fala de Cristo como o Logos por Quem tudo foi feito e do ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Esta boa nova divisa uma racionalidade em toda a criação e contempla o homem como uma criatura que compartilha e pode chegar a reconhecer esta racionalidade”.

“Deste modo, a universidade encarna um ideal que não deve ser desvirtuado por ideologias fechadas ao diálogo racional, nem por servilismos a um lógica utilitarista de simples mercado, que olha para o homem como mero consumidor”.

Bento XVI disse logo aos professores universitários: “Aqui está a vossa importante e vital missão. Sois vós que tendes a honra e a responsabilidade de transmitir este ideal universitário: um ideal que recebestes dos vossos mais velhos, muitos deles humildes seguidores do Evangelho e que, como tais, se converteram em gigantes do espírito”.

O Santo Padre afirmou então que “para fazê-lo, não basta ensiná-lo, é preciso vivê-lo, encarná-lo, à semelhança do Logos que também encarnou para colocar a sua morada entre nós. Neste sentido, os jovens precisam de mestres autênticos: pessoas abertas à verdade total nos diversos ramos do saber, capazes de escutar e viver dentro de si mesmos este diálogo interdisciplinar; pessoas convencidas sobretudo da capacidade humana de avançar a caminho da verdade”.

O Papa animou também a não perder a sensibilidade pela busca da verdade, exortando a seus alunos recordando que “o caminho para a verdade completa empenha o ser humano na sua integralidade: é um caminho da inteligência e do amor, da razão e da fé”.

“Não podemos avançar no conhecimento de algo, se não nos mover o amor; nem tampouco amar uma coisa em que não vemos racionalidade; porque «não aparece a inteligência e depois o amor: há o amor rico de inteligência e a inteligência cheia de amor». Se estão unidos a verdade e o bem, estão-no igualmente o conhecimento e o amor. Desta unidade deriva a coerência de vida e pensamento, a exemplaridade que se exige de todo o bom educador”.

Em segundo lugar, prosseguiu o Pontífice, “terá que considerar que a verdade mesma sempre vai estar além de nosso alcance. Podemos procurá-la e nos aproximar dela, mas não podemos possui-la de tudo: mas bem, é ela a que nos possui e a que nos motiva. No exercício intelectual e docente, a humildade é deste modo uma virtude indispensável, que protege da vaidade que fecha o acesso à verdade”.

“Não devemos atrair os estudantes para nós mesmos, mas encaminhá-los para essa verdade que todos procuramos. Nisto vos ajudará o Senhor, que vos propõe ser simples e eficazes como o sal, ou como a lâmpada que dá luz sem fazer ruído”.

Deste modo, continuou o Papa Bento XVI, “Tudo isto nos convida a voltar incessantemente o olhar para Cristo, em cujo rosto resplandece a Verdade que nos ilumina; mas que é também o Caminho que leva à plenitude sem fim, fazendo-Se caminhante connosco e sustentando-nos com o seu amor”.

“Radicados n’Ele, sereis bons guias dos nossos jovens. Com esta esperança, coloco-vos sob o amparo da Virgem Maria, Trono da Sabedoria, para que Ele vos faça colaboradores do seu Filho com uma vida repleta de sentido para vós mesmos, e fecunda de frutos, tanto de conhecimento como de fé, para vossos alunos”, concluiu.

 

Por ACI Digital

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