Os milagres eucarísticos

Os milagres eucarísticos

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Em todo o mundo ocorrem os milagres eucarísticos

A revista “Jesus”, das Edições Paulinas de Roma, publicou uma matéria do escritor Antonio Gentili, em abril de 1983, pp. 64-67, na qual ele apresenta uma resenha de milagres eucarísticos. Há tempos, foi traçado um “Mapa Eucarístico”, que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade dos quais ocorridos na Itália. São muitíssimos esses fenômenos extraordinários no mundo todo. Por exemplo, Marthe Robin, uma francesa, milagre eucarístico vivo, alimentou-se durante mais de quarenta anos apenas de Eucaristia. Teresa Neumann, na Alemanha, durante mais de 36 anos também se alimentou somente do Corpo de Cristo.

1 – Lanciano – Itália – no ano 700
Em Lanciano, – séc. VIII, um monge da ordem de São Basílio estava celebrando na igreja dos santos Degonciano e Domiciano. Terminada a consagração que ele realizara, a hóstia transformou-se em carne e o vinho, em sangue, depositados dentro do cálice. O exame das relíquias, segundo critérios rigorosamente científicos, ocorrido pela última vez em 1970, levou aos seguintes resultados muito significativos:

1) A hóstia, que se transformou em carne humana, segundo a tradição, é realmente constituída por fibras musculares estriadas, pertencentes ao miocárdio. Acrescente-se que a massa sutil de carne humana, que foi retirada dos bordos, deixando amplo vazio no centro, é totalmente homogênea. Em outras palavras: não apresenta lesões, como as apresentaria se se tratasse de um pedaço de carne cortada com uma lâmina.

2) Quanto ao sangue, trata-se de genuíno sangue humano. Mais: o grupo sanguíneo “A”, ao qual pertencem os vestígios de sangue, o sangue contido na carne e o sangue do cálice revelam tratar-se sempre do mesmo sangue grupo “AB” (sangue comum aos judeus). Este é também o grupo sanguíneo que o professor Pierluigi Baima Bollone, da Universidade de Turim, identificou na Sagrada Mortalha (Santo Sudário).

3) Apesar de sua antiguidade, a carne e o sangue se apresentam com uma estrutura de base intacta e sem sinais de alterações substanciais; esse fenômeno se dá sem que tenham sido utilizadas substâncias ou outros fatores aptos a conservar a matéria humana, mas, ao contrário, ele ocorre apesar da ação dos mais variados agentes físicos, atmosféricos, ambientais e biológicos. A linguagem das relíquias de Lanciano é clara e fascinante: verdadeira carne e verdadeiro sangue humano, na sua inalterada composição que desafia os tempos; trata-se mesmo da carne do coração, daquele coração do qual, conforme a fé cristã, jorrou o Sangue, que dá a vida.

2 – Orvieto – Bolsena – Itália – 1263
Início da Festa de Corpus Christi. A festa do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao ano de 1208, quando uma monja, Santa Juliana de Mont-Cornillon (†1258), foi inspirada por Deus a constituí-la e a divulgá-la. O próprio Jesus tinha pedido à santa francesa a introdução da festa de “Corpus Domini” no calendário litúrgico da Igreja. Aconteceu que o padre Pedro de Praga, da Boêmia, ao celebrar uma Santa Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, foi surpreendido pelo milagre durante a consagração: da hóstia consagrada caíram gotas de Sangue sobre o corporal. Até hoje ele [sangue milagroso] está em exposição na belíssima Catedral de Orvieto. O Papa Urbano IV (1262-1264) residia em Orvieto e ordenou ao Bispo Giacomo levar as relíquias de Bolsena à cidade onde habitava. O Sumo Pontífice, então, emitiu a Bula “Transiturus de mundo”, em 11/08/1264, na qual prescreveu que, na quinta-feria após a oitava de Pentecostes, fosse celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor [Corpus Christi]. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Santo Padre para compor o ofício da celebração. Em 1290, foi construída a Catedral de Orvieto, chamada de “Lírio das Catedrais”.

3 – Ferrara – 28/03/1171
Aconteceu esse milagre na Basílica de Santa Maria in Vado, no século XII. Propagava-se, com perigo à fé católica, a heresia de Berengário de Tours (†1088), que negava a presença real de Cristo na Eucaristia. Aos 28 de março de 1171, padre Pedro de Verona e mais três sacerdotes concelebravam a Santa Missa de Páscoa. No momento de partir o Pão Consagrado, a Hóstia se transformou em Carne, da qual saiu um fluxo de Sangue que atingiu a parte superior do altar, cujas marcas são visíveis ainda hoje. Há documentos que narram o fato: um “Breve” do Cardeal Migliatori (1404) e a Bula de Eugênio IV (1442), cujo original foi encontrado em Roma em 1975. Mas a descoberta mais importante aconteceu em Londres, em 1981, quando foi encontrado um documento de 1197 narrando o fato.

4 – Offida – Itália 1273
Ricciarella Stasio – devota imprudente, realizava práticas supersticiosas com a Eucaristia; em uma dessas profanações, a Hóstia se transformou em Carne e Sangue. Estes foram entregues ao padre Giacomo Diattollevi e são conservadas até hoje. Há muitos testemunhos históricos sobre esse fenômeno extraordinário.

5 – Sena – Cáscia – Itália – 1330
Hoje, esse milagre é celebrado em Cássia, terra de Santa Rita de Cássia. Em 1330, um sacerdote foi levar o viático a um enfermo e colocou indevidamente, de maneira apressada e irreverente, uma Hóstia Consagrada dentro do seu breviário para levá-la a um doente em estado grave. No momento da comunhão, abriu o livro e viu que a Hóstia se liquefez e, quase reduzida a Sangue, molhou as páginas do livro. Então o religioso negligente apressou-se a entregar o livro e a Hóstia a um frade agostiniano de Sena, o qual levou para Perúgia a página manchada de Sangue e para Cássia a outra página onde a Hóstia ficara presa. A primeira página perdeu-se em 1866, mas a relíquia chamada de “Corpus Domini” é atualmente venerada na basílica de Santa Rita.

6 – Turim – Itália – 1453
Na Alta Itália, ocorria uma guerra furiosa pelo ducado de Milão. Os piemonteses saquearam a cidade; ao chegarem à igreja, forçaram o tabernáculo. Tiraram o ostensório de prata, no qual se guardava o Corpo de Cristo, ocultando-no dentro de uma carruagem, juntamente com os outros objetos roubados e dirigiram-se para Turim. Crônicas antigas relatam que, na altura da igreja de São Silvestre, o cavalo parou bruscamente a carruagem, – o que ocasionou a queda, por terra, do ostensório, e– este se levantou nos ares”com grande esplendor e com raios que pareciam os do sol”. Os espectadores chamaram o bispo da cidade na época, Ludovico Romagnano, que foi prontamente ao local do prodígio. Quando chegou, “o ostensório caiu por terra, ficando o Corpo de Cristo nos ares a emitir raios refulgentes”. O bispo, diante dos fatos, pediu que lhe levassem um cálice. Dentro deste desceu a Hóstia, que foi levada para a catedral com grande solenidade. Era o dia 9 de junho de 1453. Existem testemunhos contemporâneos do acontecimento (“Atti Capitolari” de 1454 a 1456). A igreja de “Corpus Domini” (1609) até hoje atesta o fato milagroso.

7 – Sena – Itália – 1730
Na Basília de São Francisco, em Sena, pátria de Santa Catarina de Sena, durante a noite de 14 para 15 de março de 1730, foram jogadas no chão 223 Hóstias Consagradas por ladrões que roubaram o cibório de prata onde elas estavam. Dois dias depois, as Hóstias foram achadas em caixa de esmolas misturas com dinheiro. Elas foram higienizadas e guardadas na Basílica de São Francisco; ninguém as consumiu; e logo o milagre aconteceu, visto que, com o passar do tempo, elas não estragaram, o que é um grande milagre. A partir de 1914, foram feitos exames químicos que comprovaram pão em perfeito estado de conservação.

8 – Milagre Eucarístico de Santarém – Portugal (1247)
Aconteceu, no dia 16 de fevereiro de 1247, em Santarém, a 65 km ao norte de Lisboa. Euvira, casada com Pero Moniz, sofrendo com a infidelidade do marido, decidiu consultar uma bruxa judia que morava perto da igreja da Graça. Esta prometeu-lhe resolver o problema se como pagamento recebesse uma Hóstia Consagrada. Para obtê-ta, a mulher fingiu-se de doente e enganou o padre da igreja de S. Estevão, que lhe deu a sagrada comunhão num dia de semana. Ela recebeu a Hóstia, colocou-a nas dobras do seu véu. De imediato esta [Hóstia] começou a sangrar. Assustada, a mulher correu para casa na Rua das Esteiras, perto da igreja, e escondeu o véu e a Hóstia numa arca de cedro onde guardava os linhos lavados. À noite, o casal foi acordado com uma visão espetacular de anjos em adoração à sagrada Hóstia sangrando. O casal, arrependido e convertido, de madrugada, chamou o pároco e, acompanhados de inúmeros clérigos e leigos, levaram a Hóstia de volta para a igreja de S. Estevão, onde continuou a sangrar durante três dias. Enfim, a sagrada comunhão foi depositada em um relicário, feito de cera de abelhas derretida, onde permaneceu num cálice até 1340, quando se afirma ter havido um outro milagre – foi descoberto que ficou encerrada numa âmbula de cristal. As manchas cristalizadas de Sangue se solidificaram na cera e constituíram-se nas Relíquias do Preciosíssimo Sangue, como se pode ver ainda hoje, intactas. Próximo da Igreja está a Ermida (casa do casal).

Várias investigações eclesiásticas foram feitas durante 750 anos. As realizadas em 1340 e 1612 provaram a sua autenticidade. Em 5 de abril de 1997, por decreto de D. Antonio Francisco Marques, Bispo de Santarém, a igreja de S. Estevão, onde está a relíquia, foi elevada a Santuário Eucarístico do Santíssimo Sangue.

A Igreja celebra a Festa de Corpus Christi  solenemente a instituição do Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Foto: Wesley Almeida/Canção Nova.

A Igreja celebra a Festa de Corpus Christi  solenemente a instituição do Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Foto: Wesley Almeida/Canção Nova.

Conheça também a origem da festa de Corpus Christi

Podemos encontrar vários testemunhos da crença da real presença de Jesus no Pão e no Vinho consagrados na Santa Missa desde os primórdios da Igreja.

Mas, certa vez, no século VIII, na freguesia de Lanciano (Itália), um dos monges de São Basílio foi tomado de grande descrença e duvidou da presença de Cristo na Eucaristia. Para seu espanto, e para benefício de toda a humanidade, na mesma hora a Hóstia consagrada transformou-se em Carne e o Vinho consagrado transformou-se em Sangue. Esse milagre tornou-se objeto de muitas pesquisas e estudos nos séculos seguintes, mas o estudo mais sério foi feito em nossa era, entre 1970/71, e revelou ao mundo resultados impressionantes:

A Carne e o Sangue continuam frescos e incorruptos, como se tivessem sido recolhidos no presente dia, apesar dos doze séculos transcorridos. O Sangue encontra-se coagulado externamente em cinco partes; internamente ele continua líquido. Cada porção coagulada de sangue possui tamanhos diferentes, mas todas possuem exatamente o mesmo peso, não importando se pesadas juntas, combinadas ou separadas. São Carne e Sangue humanos, ambos do grupo sanguíneo AB, raro na população do mundo, mas característico de 95% dos judeus. Todas as células e glóbulos continuam vivos. A Carne pertence ao miocárdio, que se encontra no coração (e este órgão sempre foi símbolo de amor!).

Mesmo com esse milagre, entre os séculos IX e XIII surgiram grandes controvérsias sobre a presença real de Cristo na Eucaristia. Alguns afirmavam que a ceia se tratava apenas de um memorial que simbolizava a presença de Cristo. Foi somente em junho de 1246 que a festa de Corpus Christi foi instituída, após vários apelos de Santa Juliana, cujas visões solicitavam a instituição de uma festa em honra ao Santíssimo Sacramento. Em outubro de 1264 o Papa Urbano IV estendeu a solenidade para toda a Igreja. Nessa celebração religiosa, o maior dos sacramentos deixados à Igreja mostra a sua realidade: a Redenção.

A Eucaristia é o memorial sempre novo e sempre vivo dos sofrimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo por nós. Mesmo separando Seu Corpo e Seu Sangue, Jesus se conserva por inteiro em cada uma das espécies. É pela Eucaristia, especialmente pelo Pão, sinal do alimento que fortifica a alma, que tomamos parte na vida divina, nos unindo a Cristo e, por Ele, ao Pai, no amor do Espírito Santo. Essa antecipação da vida divina aqui, na Terra, mostra-nos claramente a vida que receberemos no Céu, quando nos for apresentado, sem véus, o banquete da eternidade.

O centro da Celebração Eucarística será sempre a Eucaristia e, por ela, o melhor e o mais eficaz meio de participação no divino ofício. Aumentando a nossa devoção ao Corpo e Sangue de Jesus, como Ele próprio estabeleceu, alcançaremos mais facilmente os frutos da Redenção!

Por Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Email