O Espírito Franciscano

O Espírito Franciscano

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Nas cidades ou burgos, o povo se dedicava a afazeres como artesanatos, comércio, etc. Com a formação das cidades surge uma nova classe social, a “burguesia” integrada pelos artesãos vendedores e os grandes comerciantes. Estes últimos alcançaram uma grande prosperidade econômica e, ao final do século XII,  competiam com a nobreza em luxo e cultura. 
A época em que Francisco viveu foi o contexto de guerras entre as cidades italianas, no caso dele Assis contra Perugia, e no espírito das Cruzadas. As guerras e o contexto cultural da Itália no final do século XII marcaram profundamente a vida e o caráter desse jovem.

Ele não era um jovem diferente dos outros, gostava de festas, bebidas, diversões, etc. e tinha um grande desejo de se tornar um cavaleiro famoso. Então foi para a guerra e tendo sido preso, Deus revelou a ele outro caminho, outro modo de ser grande: seguir Jesus Cristo. Francisco ao ser libertado voltou para Assis e iniciou uma caminhada totalmente voltada para Deus. Deixou tudo que possuía: dinheiro, casa, família, prestígios, etc., e foi seguir o Senhor que lhe chamava. Passou a viver em pobreza absoluta, a ponto de ser considerado por todos um louco.
Seguidores espontâneos de São Francisco, conhecidos como franciscanos, transformavam suas vidas em verdadeiras cartas vivas do Evangelho. Em pouco tempo, homens e mulheres, ricos e pobres, camponeses e nobres se transformaram, permitindo que Cristo vivesse em cada um deles. Francisco foi chamado de “outro Cristo” e isso se deu pela sua vivência radical do Evangelho.

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São Francisco fundou três ordens: dos Frades Menores, (Ordem dos Frades Menores – OFM); das Clarissas (Ordem de Santa Clara – OSC) e dos leigos engajados (Ordem Franciscana Secular – OFS).
A primeira dessas ordens dividiu-se em três grandes famílias: a Ordem dos Frades Menores Conventuais; a Ordem dos Frades Menores Observantes (OFM Obs.), que mais tarde passam a chamarem-se apenas Frades Menores ou popularmente Franciscanos; e a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFM Cap.) A Segunda Ordem, a das Damas Pobres ou Clarissas (OSC), por sua vez também dividiu-se em outros ramos. Mas na essência todas seguem o espírito de Santa Clara de Assis. Apenas a terceira Ordem, não se dividiu. Eles continuaram desde sempre formando uma única ordem, a Ordem Franciscana Secular (OFS).

Vivência
Essa vida evangélica de Francisco de Assis chamou muita atenção na sua época e ainda hoje é um desafio. Os seus seguidores hoje tem uma missão especial. “Jesus Cristo precisa continuar anunciando sua mensagem libertadora e nós frades menores nos responsabilizamos por essa missão, sendo porta-vozes de Cristo, fazendo com que Sua Palavra se torne cada dia viva em nossa própria vida”, diz frei Fábio Inácio, ofm, O frei tem 31 anos, mora em Anápolis (GO) no Convento São Francisco pertencente à província do Santíssimo nome de Jesus do Brasil. 

O objetivo principal de quem quer ser Franciscano é ser irmão, não necessariamente padre. Dentro da Ordem, ele tem a escolha de abraçar ou não o sacerdócio. “Ser religioso é seguir a pessoa de Jesus Cristo, abraçando livremente os conselhos evangélicos de pobreza, obediência e castidade e, no nosso caso, também a clausura. Somos irmãs contemplativas e vivemos, em fraternidade, o santo Evangelho, como fizeram São Francisco e Santa Clara”,  explica a irmã Luzinete Ana Maria do menino jesus, OSC, do mosteiro Santo Clara em Anápolis (GO).

Para Patrícia de Sousa Barbosa (OFS), moradora de Goiânia, o religioso franciscano é aquele que assumiu viver o Evangelho de Cristo nas pegadas de São Francisco como servo do senhor no meio do povo. “Alguém que foi chamado a uma vocação bonita, especial e muito significante. A nós franciscanos seculares estes são nossos assistentes espirituais e nossos irmãos.”
Ela enfatizou que, mesmo os membros da Ordem Terceira ou Secular sendo fracos e imperfeitos, existe a referência de São Francisco como uma luz dentro na humanidade. “São Francisco é para todos um porto seguro, uma referência forte e significativa, para os seus seguidores. Isso faz com que busquem viver o evangelho como ele viveu”, diz Patrícia. 

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Irmã Luzinete lembra que o chamado de Deus a uma vocação é acompanhado de um distintivo singular, a identidade. “Nossa identidade é seguir Jesus Cristo pobre e humilde, em fraternidade. Através da vivência do Evangelho que iremos descobrir sempre mais a pessoa de Cristo e sermos lampejos dessa luz que tem ainda hoje, de uma forma esplêndida, força e sabedoria de apontar caminhos de vida em plenitude”, afirma irmã Luzinete.  

As pessoas que se sentem chamadas por Deus para serem missionárias, levando a palavra de Deus aos mais diversos lugares, países e continentes, são leigos e leigas, solteiros e casados, religiosos e religiosas, padres, pessoas que colocam suas vidas e suas profissões a serviço da evangelização dos pobres.

Essa santidade franciscana se encarna em vivência concreta: oração, serviço aos pobres, aos jovens, aos órfãos, anúncio da palavra de Deus, vivência do Evangelho, denuncia de todos os projetos geradores de opressão. “Somos colaboradores da Igreja em diversificadas frentes de trabalho. Estamos no serviço sacramental das paróquias, na assistência espiritual nos meios de comunicação, nos projetos sociais, nos campos longínquos de missão, nas escolas, nos hospitais, nas empresas, nos órgãos de preservação ambiental”, testemunha Frei Fábio.

Conheça a oração que o Beato João Paulo II fez endereçada a São Francisco de Assis:

Ó São Francisco, 
estigmatizado do Monte Alverne, 
o mundo tem saudades de ti,
qual imagem de Jesus crucificado.

Tem necessidade do teu coração 
aberto para Deus e para o homem, 
dos teus pés descalços e feridos, 
das tuas mãos trespassadas e implorantes.

Tem saudades da tua voz fraca, 
mas forte pelo poder do Evangelho.

Ajuda, Francisco, os homens de hoje 
a reconhecerem o mal do pecado 
e a procurarem a sua purificação na penitência. 
Ajuda-os a libertarem-se 
das próprias estruturas do pecado, 
que oprimem a sociedade de hoje.

Reaviva na consciência 
dos governantes a urgência 
da Paz nas Nações e entre os Povos.

Infunde nos jovens o teu vigor de vida, 
capaz de contrastar as insídias 
das múltiplas culturas da morte.

Aos ofendidos 
por toda espécie de maldade, 
comunica, Francisco, 
a tua alegria de saber perdoar.

A todos os crucificados 
pelo sofrimento,
pela fome e pela guerra, 
reabre as portas da esperança.

Por Jorlan Ribeiro, colaborador da Equipe Jovens Conectados

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