Na “cracolândia” do deserto

Na “cracolândia” do deserto

 

O estudo identificou consumo e circulação de crack em 98% dos municípios brasileiros. Dados que explica o porquê do surgimento em diversas cidades, das chamadas, “cracolândias”, (local frequentado por seres humanos dependentes, onde acontecem intenso consumo, e tráfico de drogas).

Segundo informações extraídas do site “Enfrentando o Crack” criado pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (SNPD), questões psicológicas e sociais, como influência do meio, curiosidade pela experiência, são situações que podem levar ao consumo do crack.

“O inicio do consumo do crack pode estar associado a fatores externos, como disponibilidade da droga no momento do uso e influência do tráfico. Traficante costuma esgotar as reservas de outras drogas nos pontos de distribuição e disponibilizar apenas o crack, como forma de aumentar os lucros”.

Visualizando “cracolândias”, pensando, e (refletindo) na pessoa de Jesus, quando foi enviando pelo Espírito Santo, ao deserto, para ser tentado, penso, que o traficante tanto em um “deserto imaginário”, ou na vida real, assume na analogia, a forma concreta de inimigo da vida, (inimigo de Deus).

“O tentador aproximou-se de Jesus e lhe disse: se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se transformem em pães”. (Mt 4-3)

Pedras de Crack, “papelotes”, “bocas de fumo” Brasil afora, “alimentam” de forma ilusória, destrutiva, seres humanos de todas as classes sociais, que pelos mais variados motivos do corre-corre da vida, caem em tentação, se afastando de familiares, e amigos, seduzidos pelo tráfico se tornam “noiados”, e entregam suas vidas literalmente ao traficante.

Quantos jovens “tombaram”? Quantos vão “tombar”? Quantas famílias desesperadas? Como cuidar de tantos seres humanos dependentes de crack e outras drogas?

A última pesquisa divulgada pelo escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNDOC) aponta que o Brasil tem cerca de 900 mil usuários de cocaína, o país é a principal rota das Américas no trânsito de drogas ilícitas com destino à Europa.

Imaginemos então o filho de Maria de Nazaré, e de José o carpinteiro, sendo tentado por aquele que dá intensa inspiração, ao maldito comércio ilegal das “bocas de fumo”. Em nossa analogia substituímos a palavra “tentador” originalmente contida no texto bíblico, por “traficante”.

“Jesus respondeu ao ‘traficante’ dizendo: está escrito, não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. (Cf. Mt 4-4)

Foi perguntado ao consultor e pesquisador da SNPD, professor José Manoel, “qual é o segredo, a chave do sucesso para uma superação real contra o crack?”

Respondeu o professor: “a vontade de se afastar e permanecer afastado da droga, o apoio social (da família e dos amigos) e um bom sistema sócio-sanitário, que responda às reais necessidades do dependente”.

Não é uma missão fácil abandonar o vicio, e dizer com todas as forças: “retira-te ‘Traficante’!”(Cf. Mt 4, 8-10). Com muita fé, determinação, inspirando-se em Jesus, na sua caminhada pelo deserto, somados a muita resistência, e “orAÇÃO”, será possível superar os efeito, desejos, estragos, causados pela dependência.

Disse dom Hélder Câmara: “É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas a graça das graças é não desistir nunca”.

Algumas ações importantes vêm sendo realizadas pelas autoridades. Mas diante da dimensão do problema, precisamos rápido de políticas públicas (concretas e eficazes) para combater os estragos causados pelo crack, e outras drogas.

Todos (sociedade e Estado) temos papeis importante na luta contra as “tentações” causadas pelo tráfico, sendo o estado o principal responsável em oferecer ferramentas para que possamos fazer (em parceria) o enfrentamento, com leis e ações, cada vez mais rigorosas para punir traficantes.

É necessário, cada vez mais, incentivar a criação de canais para denúncia, dando proteção ao denunciante, e garantindo tratamento público de qualidade aos dependentes.

Podemos (como Igreja) cada qual com seu dom particular, no exercício da (cidadania) contribuir para que seres humanos (em especial os jovens) sejam mais resistentes (sábios), se por ventura, vivenciarem situação semelhante à vivida por Jesus na “cracolândia” do deserto.

“Portanto submetei-vos a Deus; mais resisti ao ‘traficante’ e ele fugirá para longe de vós: aproximai-vos de Deus e ele se aproximará de vós”. (Cf. Tg 4, 7-8)

Deixo minha singela contribuição em forma de referências, onde poderemos extrair abundantes, e seguras, informações de ajuda, prevenção e combate ao crack.

“Pela estrada foi trilhando a ilusão, num lamaçal de erros já se encontrou, mas sinceramente você é capaz de enfrentar a vida sem se drogar”. (Extraído da música “Coragem”, composição de Walmir Alencar).

Referências:

www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack (Enfrentando o Crack).

www.cracknempensar.com.br (Crack Nem Pensar).

www.cnm.org.br/crack (Observatório do Crack).

www.acasacaiu.org (Vídeos de prevenção da Pastoral Carcerária da Bahia)

Telefone: 0800 510 0015 (Viva Voz, Orientação Sobre Drogas).

 

Por Dado Galvão – documentarista, coordenador do projeto “A Casa Caiu! O Alerta que Vem do Cárcere”, da Pastoral Carcerária da Bahia.

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