Maio/2014: Acolher o jovem com a maternidade da Igreja

Maio/2014: Acolher o jovem com a maternidade da Igreja

dom eduardo_cf

 

 

Brasília, 01 de Maio de 2014.

Caros párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.

“(Maria) entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.”

(Lc 1, 40)

 

 

O amor faz “partir apressadamente”, como Maria! A busca é premiada com o encontro! E no encontro, a alegria do Amor partilhado!

A História da Salvação é um bonito poema do dom da “acolhida”. O Criador acolhe a criatura que é chamada a acolhê-lo! Deus acolhe Maria e esta se abre ao seu chamado! Maria acolhe o Divino e o Divino acolhe nossa humanidade! Maria saúda Isabel que lhe retribui com uma acolhedora exclamação de alegria: “Bem aventurada aquela que acreditou”… na força do amor que só pode ser entendido no gesto da acolhida!

Maio: mês da celebração da maternidade que gera a vida e dá sentido a ela. Vida que só tem gosto, beleza e fertilidade quando inundada de sentimentos profundos de acolhida gratuita e oblativa! Por isso, Deus como fonte de vida é sempre e permanentemente materno!

A agradável lembrança desta realidade maternal de Deus e da presença das mães que ele semeou em nossa história nos faz recordar que, pelo batismo e como Igreja, somos todos e todas convocados a gerar, cuidar, defender, promover a vida, acolhendo-a na sua realidade sagrada e frágil, portadora de fecundidade e de paz existencial.

A identidade maternal da Igreja imprime em nós, seus filhos, esta marca que nos enobrece e nos compromete. Saber-se acolhido e amado por Deus e pela Igreja nos anima e nos capacita na vivência de um amor acolhedor do próximo. Nossa vocação missionária encontra aqui, não somente sua fundamentação, mas sua inspiração, modelo, alegria. Não dá para ser discípulo de Jesus Cristo se não formos missionários! Não dá para ser missionários se não estivermos repletos de amor acolhedor capaz de transformar a vida!

Estamos vivendo, nestes últimos anos, um tempo fecundo de reconhecimento, de anúncio e de iniciativas referentes à dimensão missionária da Igreja. O Documento conclusivo da Conferência Episcopal de Aparecida (2007), o Documento da CNBB sobre a Evangelização da Juventude (2007), a voz e o testemunho proféticos de nosso Papa Francisco vem nos sacudir na perspectiva da cultura da acolhida.

Neste clima eclesial e no contexto de pós Jornada Mundial da Juventude no Brasil, o Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil no Brasil, acontecido em dezembro passado, destacou  a 4ª. Linha de Ação – DISCÍPULOS/AS PARA A MISSÃO – como uma de suas urgências pastorais. E definiu, assim, para os próximos anos, as duas PISTAS DE AÇÃO que valem para todos:

 

1º.    Organizar, dinamizar e acompanhar o discipulado missionário em todas as instâncias juvenis, partindo ao encontro do outro, em comunhão com as diversas realidades eclesiais.

2º.    Despertar e assumir uma postura missionária, natureza de todo cristão, e que garanta a promoção e a defesa da vida em sua plenitude.

 

A primeira pista destaca a urgência de favorecer iniciativas missionárias juvenis que tenham como princípio o sair de si para acolher o outro, como o próprio Papa Francisco havia pedido: “Empurremos os jovens para que saiam. […] Pensemos com decisão na pastoral desde a periferia, começando pelos que estão mais afastados, os que não costumam frequentar a paróquia. Eles são os convidados VIP. Vão buscá-los nos cruzamentos dos caminhos!”(Homilia, 27/07/2013). E a segunda pista recorda a dimensão social da missionariedade, pois “levar o Evangelho é levar a força de Deus, para extirpar e destruir o mal e a violência; para devastar e derrubar as barreiras do egoísmo, da intolerância e do ódio; para construir um mundo novo” (Homilia, 28/07/2013).

 

As novas gerações que estão sob nossos cuidados pastorais têm recebido motivação, orientação e oportunidades para desenvolverem gradativamente sua vocação missionária? Quantas coisas ainda podemos fazer neste sentido! Vejamos algumas delas:

 

  1. Fazer um levantamento paroquial sobre suas periferias geográficas e existenciais que estão gritando por socorro a nós: “estudantes, universitários, ribeirinhos, negros, indígenas, quilombolas, agricultores, empobrecidos, das periferias das grandes cidades, dependentes químicos, envolvidos no mundo da violência e das gangues e outros segmentos juvenis” (Doc. 85, n. 180).
  2. Promover palestras e debates em torno de temas relacionados à missionariedade: vocação batismal, discípulo missionário, realidades carentes, perfil e compromisso do missionário, desafios e alegrias, cidadania, voluntariado etc.
  3. Promover na paróquia um painel de experiências missionárias juvenis que acontecem na diocese e/ou no regional.
  4. Motivar os jovens para que descubram as obras sociais e as práticas missionárias que já existem no âmbito paroquial, com suas pastorais e serviços.
  5. Descobrir na redondeza alguns missionários/as vindos de fora e convidá-los para falar de sua vocação e responder às curiosidades dos jovens.
  6. Descobrir as experiências e personagens bíblicas que mais se destacam no aspecto missionário, explorando, principalmente a figura e o trabalho do Apóstolo Paulo.
  7. Definir um conjunto de experiências missionárias a serem trabalhadas, na teoria e na prática, com os adolescentes e jovens da catequese de crisma.
  8. Oferecer aos jovens das escolas e universidades presentes no território paroquial, experiências missionárias, inclusive ecumênicas, coordenadas pelos próprios jovens e assessoradas pelos adultos.
  9. Desafiar a criação nas redes sociais de espaços de debates e socialização de experiências missionárias, a partir dos próprios jovens, pois “o jovem, como apóstolo de outros jovens, tem um poder de comunicação e de convencimento peculiar.” (Doc. 85, n. 176).
  10. Fazer um levantamento de filmes, vídeos, livros e outros subsídios com teor missionário que possam ser adquiridos pela paróquia e disponibilizados às expressões juvenis locais: grupos, encontros, retiros, movimentos, catequese etc.

 

“O segredo para atingir os jovens que ainda não foram evangelizados é mobilizar os jovens que já aderiram a Jesus Cristo” (Doc. 85, n. 176). Vamos dar asas a esta verdade revolucionária! E continuar solicitando a Maria, em sua fecunda maternidade, a graça da nossa eterna alegria em sair, em encontrar-se com os outros, em acolher e servir quem mais precisa, como ela fez com Isabel!

Que a ternura acolhedora da Mãe do Senhor nos abrace existencialmente e nos capacite ainda mais na acolhida tanto dos jovens que transitam em nossas estradas quanto aqueles que estão a sua margem. Viva Maria, a feliz jovem acolhedora do projeto de Deus!

Viva São João Paulo II, patrono da Jornada Mundial da Juventude! Pela sua intercessão e a seu exemplo, tenhamos cada vez mais um coração apaixonado pelos jovens.
 

Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Email