Levando o Mundo à Jornada Mundial da Juventude

Levando o Mundo à Jornada Mundial da Juventude

Na verdade, organizações da Igreja como a Caritas Australiana, Trabalhadores Jovens Cristãos e Conferências de São Vicente de Paulo, fizeram a mesma pergunta ao planejar a sua participação na JMJ e Sidney em 2008. Estas e muitas outras organizações chegaram à conclusão de que poderia ser uma oportunidade para evangelizar e consciencializar sobre a desigualdade.

Mas, como tudo neste mundo, a JMJ não é perfeita. Muitos peregrinos, inclusive animadores de grupos, nunca se fizeram essa pergunta.

Os que se interrogam enriquecem-se por eles mesmos

Durante os “Dias nas Dioceses”, em Sidney 2008, conheci Palácios Estigarribia, um rapaz de 19 anos natural de Bañado Sur, un subúrbio de Assunção, Paraguai.

Mário tinha sete irmãos e, ao terminar o colégio, não teve oportunidade de continuar a estudar. Na região de que ele é originário, só uma pessoa em cada dez tem emprego, de modo que não era de esperar um futuro muito promissor.

Apesar de tudo, Mário tinha uma fé profunda e estava envolvido na catequese para jovens do seu bairro. Por isso, ofereceram-lhe a oportunidade de ser um dos quatro representantes das escolas jesuítas do Paraguai em Magis, a participar no programa da Jornada da Juventude Jesuíta.

As suas três companheiras, Maria José, Nádia e Nancy, também eram alunas de colégios jesuítas, mas todos vinham de diferentes classes sociais. O padre que os acompanhava escolheu-os precisamente para contar com membros representativos de toda a sociedade paraguaia, dos mais ricos aos mais pobres.

“Mantive o contacto com os paraguaios e Mário confidenciou-me que, se pudesse estudar, gostaria de seguir jornalismo. Mandei alguns e-mails a colegas e amigos e, numa semana, tínhamos conseguido o dinheiro suficiente para que Mário se matriculasse em jornalismo durante seis meses.

Graças à JMJ, ao meu encontro com Mário e a outros que souberam da sua história, ele tem um futuro e um lugar na sociedade. Trabalhará como jornalista desafiando o status quo no seu país.

Continua a trabalhar com os jovens do seu bairro e colabora num movimento novo que ajuda as pessoas da sua comunidade a entender a sua situação e a sair dela”.

Só um de tantos

As JMJ não são férias para pessoas do Paraguai, Haiti, Sudão, Camboja. As JMJ são, antes, uma oportunidade de unir o mundo na fé de Jesus Cristo.

O esforço que desenvolvemos para conseguir fundos, e o reconhecimento do grande desafio que é vir de países economicamente desfavorecidos, torna-nos mais conscientes do esforço que faz a maioria da população mundial para sobreviver. Se realmente é uma Jornada Mundial da Juventude, os peregrinos terão a oportunidade de conhecer pessoas de todo o mundo mas, infelizmente, nem sempre é assim.

Participar na JMJ é um privilégio. Para a maioria do mundo supõe uma viagem proibitivamente cara. É irônico e triste que muitos críticos da JMJ a chamem de “Jornada de Juventude Branca ou Jornada da Juventude Ocidental ou Jornada da Juventude do Primeiro Mundo” simplesmente porque é muito mais acessível para os que procedem de países economicamente desenvolvidos.

Os países mais pobres não têm as infraestruturas necessárias para serem sede de uma Jornada Mundial da Juventude, ainda que contem com muitos mais católicos do que países como a Espanha, Austrália, Alemanha ou Canadá.

Para as pessoas que colocam estas questões talvez ajude pensar no exemplo de Jesus Cristo e dos santos, que viajaram grandes distâncias para proclamar o Evangelho.

Para alguns de nós, o grande desafio poderá ser o de ficar em casa e pagar por algum destes jovens que quer participar e não tem meios. Para outros, participar e viver a experiência pode supor uma mudança da mente e do coração e uma abertura à verdadeira universalidade da Igreja Católica.

A JMJ Madrid 2011 tem uma página na internet em espanhol e inglês através da qual podes contribuir para cobrir os custos de pessoas procedentes de países mais pobres que querem participar na jornada:www.muchasgracias.inf.

Por Beth Doherty, da conferência Episcopal Australiana. Publicado no site oficial da JMJ Madri 2011

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Email