Jovens deixam tudo e partem em missão para terras distantes

Jovens deixam tudo e partem em missão para terras distantes

(Matéria publicada originalmente em 18 de abril.)

Com o surgimento dos movimentos eclesiais e das novas comunidades, a experiência missionária, que antes era característica apenas das grandes ordens e congregações religiosas históricas, tem se tornado cada vez mais atraente para a juventude.

Mas a pergunta que não se cala é: o que de fato leva alguém em plena juventude a buscar lançar redes em águas mais profundas? Alguns desses missionários partilharam sua experiência com o site Jovens Conectados.

Desafios

Joicy Moreira Nazareth tem 30 anos e há 12 faz parte da Comunidade Católica Shalom, que depois de ser a primeira comunidade brasileira a receber o reconhecimento pontifício, em 2006, tem se expandido rapidamente pelo mundo. 

Natural de Ubá (MG), Joicy embarcou, em 2009, para Budapeste, com mais quatro irmãos de comunidade para iniciar um trabalho missionário na Hungria. Ela explicou que a primeira atividade para a implantação da comunidade no país é a inculturação. “Estamos estudando a língua local (húngaro) e conhecendo o máximo que podemos da cultura do país. Sabendo, também, que é preciso de muito tempo para isso, especialmente em países onde a  aprendizagem do idioma é mais difícil, como aqui na Hungria”, explicou. 

Quanto à juventude húngara, a jovem missionária recordou que o país deixou de ser comunista há apenas 20 anos e, por isso, as pessoas estão abertas a novidades e a comunicação. “Mas também é um grande desafio, porque os jovens querem conhecer tudo o que é novidade, inclusive o que  não é bom”, ressaltou. 

A missionária respondeu com convicção sobre o que leva um jovem a deixar tudo para anunciar o Evangelho num país distante. “É a intensidade, a força do chamado de Cristo”, garantiu, completando que “qualquer jovem que faz esta experiência deseja dar sua vida a Jesus através do testemunho de Cristo entre os povos”.

Multiculturalismo

“A experiência de fazer um trabalho de evangelização em outros países é muito gratificante, pois vou percebendo que independentemente da cultura, língua, costumes, idade, o coração de todo homem anseia pela felicidade. Um dos principais desafios que encontro é descobrir a via para anunciar a novidade que muda a vida do homem e o coloca no caminho da verdadeira felicidade: Jesus Cristo”. Foi o que testemunhou Murielle Brito, Missionária da Shalom há 15 anos, que hoje vive em Toronto, Canadá.

Ela destacou que Toronto é uma cidade muito marcada pelo multiculturalismo. “Encontro com jovens de todas as partes do mundo, com crenças diversificadas, mentalidades diversas, religiosidades distintas. O próprio multiculturalismo torna-se uma oportunidade para anunciar a Boa Nova”, garantiu.

A professora paulista Michele Rodrigues Lobo, de 28 anos, foi enviada pela Shalom para a cidade de Toulon, na França, em 2009. “Aprendi muito sobre a vivência comunitária da comunidade de vida, a conhecer o coração do povo francês, o quão delicado ele é”, relatou.

Nove meses depois, Michele foi designada para a cidade francesa de Avignon, onde está até hoje. “Temos um público ainda mais delicado nessa missão: jovens muçulmanos, mas que conversam conosco, interagem dentro de seus limites e aberturas e nos permitem até falarmos de fé de vez em quando.”

De acordo com Michele, falar de fé com os franceses, não é uma tarefa tão fácil. “Eu me deparei com um povo resistente, questionador a tudo e a toda iniciativa de nossa parte. Os jovens são em sua maioria ateus, pois já herdam de seus pais a descrença e o sentimento de que tudo possuem e não precisam de nada, nem de Deus”. Por outro lado, ela garante que aqueles que são católicos se engajam verdadeiramente na Igreja.

O Brasil continua a atrair missionários 

Da mesma forma que jovens deixam o Brasil para a missão em outros países, muitos estrangeiros sentem-se chamados a anunciar o Evangelho em terras brasileiras.

Benoit Tertrais, de 24 anos, é seminarista da Diocese de Lyon, França, e membro da Comunidade Emanuel. O francês está há quase um ano e meio em Salvador (BA). “Sou diretor do reforço escolar da paróquia, que acolhe umas 60 crianças carentes que têm entre 7 e 11 anos”, explicou Benoit, que também é professor de matemática no curso pré-vestibular da paróquia, além de acompanhar vários grupos e atividades pastorais da paróquia. 

O jovem francês foi enviado ao Brasil pela Fidesco, ONG de solidariedade internacional, ligada à Comunidade Emanuel, que recruta, forma e envia voluntários para os países, onde realizam projetos de desenvolvimento, na ajuda às populações locais ou em ações humanitárias.

Para Benoit, o que motiva os jovens a partirem em missão é a vontade de anunciar Jesus e fazê-Lo amado por todos. “Ele mudou a minha vida. Então não posso guardar para mim só este amor infinito”, relatou.

Jovialidade do catolicismo brasileiro é esperança para nova evangelização 

No ano passado, o arcebispo de Lyon, cardeal Philippe Barbarin, visitou o Brasil para conhecer de perto o trabalho de novas comunidades brasileiras com as quais teve contato na França, como as comunidades Palavra Viva, Shalom e Recado. Na ocasião ele recordou que o Papa Bento XVI havia criado recentemente o Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, ressaltando que “a Europa, que é uma velha terra cristã, precisa de uma nova evangelização”. 

O arcebispo também lembrou que existem raízes cristãs profundas na Europa, que evangelizaram o mundo no passado. “Mas hoje a Europa está cansada ou dormindo. Então, é a juventude que desperta. Eu acredito que a juventude da Igreja é o Cristo”, disse. 

“Quando nós decidimos vir ao Brasil, não viemos procurar um método. Nós queremos ver um povo que transmite essa juventude de Jesus. Não é para imitar o Brasil, mas para encontrar na evangelização brasileira uma nova fonte de alegria”, enfatiza o arcebispo, completando que deseja que os brasileiros possam ir à França, “para renovar a Igreja francesa, dando sua juventude e sua alegria, dar novamente o Cristo”.

E você, já pensou em anunciar Jesus Cristo em outro país? Conhece alguma experiência de missionariedade? Deixe o seu comentário.

Texto: Fernando Geronazzo

Fotos: arquivos pessoais

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