Igreja “em saída” é tema de formação missionária para seminaristas do Nordeste

Igreja “em saída” é tema de formação missionária para seminaristas do Nordeste

seminaristas
O seminário arquidiocesano São Pedro em Natal (RN), foi sede do 7º Encontro de Formação Missionária de Seminaristas (7º Formise) do Nordeste. A formação reuniu, nos dias 30 de junho a 4 de julho, 65 seminaristas pertencentes a 28 dioceses do Rio Grande do Norte, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Ceará.

A programação incluiu, partilhas em grupos, celebrações, testemunhos e o estudo do tema do 2º Congresso Missionário Nacional de Seminaristas: “O missionário presbítero para uma Igreja em saída”. Os trabalhos foram assessorados pelo padre Jaime Carlos Patias, IMC, secretário nacional da Pontifícia União Missionária.

Segundo o padre Jaime, este tipo de evento vem para contribuir com a formação dos seminaristas, para que eles tenham a consciência da importância de seguir esta experiência da Igreja em saída, que é um pedido do papa Francisco. “Um dos desafios enfrentados pela Igreja, hoje, é a verdadeira conversão para uma Igreja missionária, então, essas atividades visam reforçar e criar este espírito nos futuros presbíteros. Agora, nos dias 9 a 12 de julho, em Belo Horizonte (MG), teremos o 2º Congresso Missionário Nacional de Seminaristas e, nesta perspectiva, queremos contribuir para uma autêntica espiritualidade missionária”, frisa.

Padre Jaime recordou ainda que, “o horizonte de cada Igreja local é a missão universal. E se a universalidade faz parte da essência de cada Igreja particular, apesar dela ser pobre deve olhar para longe, não somente dentro da sua casa: é a sua mesma natureza que a impulsiona a ir além dos muros. Por isso, para o Concílio Vaticano II, é a essência mesma do sacerdócio ministerial que o consagra e habilita para uma missão mundial. Os presbíteros são preparados pela própria ordenação não para uma missão limitada e restrita, mas para uma missão amplíssima e universal… até os confins da terra” (PO 10). A Igreja no Brasil conta com mais de 24 mil padres e, apesar das necessidades, poderia enviar mais além-fronteiras.

 Durante o encontro, as discussões se concentraram na necessidade da criação e articulação dos Conselhos Missionários de Seminaristas (Comise) em todos os seminários e casas de formação religiosas. Em alguns estados, os Comises já se encontram inseridos no processo formativo. Em outros, este instrumento ainda não foi criado.

Demonstrando apoio à iniciativa, o arcebispo de Natal, dom Jaime Vieira Rocha, celebrou missa e falou aos seminaristas. “Vocês estão se formando presbíteros para uma Igreja forjada no Vaticano II, nas conferências de Medelín, Puebla, Santo Domingo, Aparecida e agora, mais ainda, do papa Francisco. No meu tempo de seminarista havia um entusiasmo muito forte com esses acontecimentos eclesiais de referência. Precisamos estudar os documentos e seguir essas orientações”, afirmou. Ao analisar a realidade atual, dom Jaime vê hoje na Igreja, os efeitos da mudança de época rápida e profunda, radicalmente plural e secularizada. “Se nós não nos dermos conta disso, corremos o risco de sermos apenas uma Igreja da sacristia e voltada para as nossas próprias seguranças, para o autoritarismo, a imposição, o clericalismo num distanciamento da realidade, da vida do povo. O papa Francisco já nos chamou a atenção sobre isso. Nesse panorama percebemos as tendências que vão se manifestando”. Por isso, afirmou o bispo, “pastoralmente temos de nos organizar a partir da realidade interna e da realidade externa da Igreja, na sociedade”. Em sua opinião, essa posição vai nos ajudar avançar na perspectiva de uma Igreja em saída para servir sem medo.

O secretário nacional da Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária (IAM), padre André Luiz de Negreiros também esteve em Natal e apresentou a história, o carisma e a metodologia das Pontifícias Obras Missionárias (POM). Ao destacar algumas atividades das POM, padre André ressaltou a importância do envolvimento dos seminaristas na animação missionária nas paróquias e comunidades. “Cooperar com os organismos e instituições missionárias atuantes na diocese, favorecer a criação dos Conselhos Missionários Paroquiais (Comipas); apoiar os grupos de Infância e Adolescência Missionária (IAM), Juventude Missionária (JM), Famílias Missionárias (FM), Idosos e Enfermos Missionários; dinamizar a Campanha Missionária do mês de outubro, com a Novena e a coleta do Dia Mundial das Missões”.

Um dos coordenadores do encontro, o seminarista Jecione da Silva que cursa o 4º ano de teologia na arquidiocese de Natal, revelou que a iniciativa mexeu com os participantes. “Em comunhão e preparação ao 2º Congresso Nacional de Seminaristas refletimos sobre as palavras do papa Francisco que insiste em uma Igreja mais missionária, capaz de se lançar na graça de Deus movida pelo Espírito Santo para sairmos do nosso comodismo estrutural e irmos ao encontro da Igreja povo de Deus. Ou seja, daqueles que se encontram nas periferias existenciais da sociedade”.

Jecione destacou ainda a interação entre os seminaristas vindos de diferentes realidades “Todos entusiasmados e com vontade de crescer na ação missionária em suas dioceses e criar os Comises em seus seminários”. Com isso, segundo ele, o Formise atingiu seus objetivos.

A programação abriu espaço também, para momentos culturais e uma visita aos principais pontos turísticos da capital potiguar, conhecida com a Terra do Sol.

A cidade de Crato no Ceará foi escolhida para sediar o 8º Formise do Nordeste, em julho de 2016.

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