Ida ao Chaco finaliza peregrinação da Cruz e Ícone pelo Paraguai

Ida ao Chaco finaliza peregrinação da Cruz e Ícone pelo Paraguai

O Chaco paraguaio é dividido pastoralmente em três grandes áreas. A mais próxima da capital Assunção é a diocese de Benjamin-Aceval; mais ao norte está o Vicariato Apostólico de Pilcomayo; e no extremo noroeste o Vicariato Apostólico do Chaco. A Cruz e o Ícone foram para os dois primeiros pontos, já que o último tem dificuldades de infraestrutura (não existem rodovias na região, o transporte é apenas por rios) e a pastoral juvenil não está bem articulada.

Quanto mais afastado da capital, mais aparecem os sinais de pobreza, falta de infraestrutura e vegetação esparsa. O Chaco, em especial o Alto Chaco, é a terra da maior parte dos indígenas paraguaios, guaranis e de outras etnias, que vivem em suas comunidades e onde muitos buscam a demarcação de suas terras.

chaco2Dom Lúcio Alfert, bispo do vicariato de Pilcomayo e presidente da Pastoral Indígena do Paraguai, está nas terras do Chaco há mais de 30 anos. Os missionários vieram à região quando a área ainda fazia parte da Bolívia, antes da Guerra do Chaco de 1932 a 1935 que definiu as atuais fronteiras entre os países. Ele celebrou uma missa para acolher a Cruz da JMJ e o Ícone de Maria demorou mais de duas horas para começar.

“Advento é tempo de espera e nós vivenciamos isso hoje”, disse em sua homilia. Muitos dos trabalhadores das fazendas da região, dedicadas à pecuária, tiveram que ir embora sem participar da celebração. A estrada esburacada em quase todo o percurso fez com que as caminhonetes que transportaram os símbolos andassem em média 40 km/h.

Muitos jovens
A coordenadora da pastoral juvenil de Pilcomayo, Natalia Vidallet, é um retrato da juventude da região. Com 15 anos é a mais nova coordenadora diocesana de pastoral. A maior parte dos jovens do Chaco migram próximo aos 18 anos para a capital ou para outras cidades maiores ao sul para continuar seus estudos ou conseguir melhores opções de trabalho que as fazendas de criação de gado.

“Como coordenadora da pastoral juvenil tive a experiência que, em um grupo de adultos, às vezes falta alguém com espírito de criança e visão mais jovem e inovadora, mais baseada na realidade”, afirmou. Ela disse que a peregrinação reanimou os jovens do vicariato “que tanto sofre” a continuar buscando melhorias para a comunidade e a seguir com a evangelização.

Pa’i Puku
Para enfrentar a falta de estrutura para educação de crianças jovens, o antigo bispo de Pilcomayo construiu um centro de ensino em regime de internato, para que a educação fosse garantida enquanto os pais trabalham em fazendas a quilômetros de distância. O centro Maria Medianeira é conhecido como Pa’i Puku, pai alto em guarani, em referência à altura do bispo alemão com mais de dois metros.

Todo o centro, com capela e salas de aula, foi feito com madeira de Karanday, abundante na região. Ele foi o local escolhido para a entrega dos símbolos do Vicariato de Pilcomayo para a Diocese de Benjamin-Aceval

chaco3Na última diocese da peregrinação pelo Paraguai, os símbolos da Jornada foram a uma delegacia de polícia, ao hospital regional, além de várias paróquias e capelas. “Não pudemos entrar com a Cruz dentro do hospital, mas o Ícone foi de quarto em quarto”, disse o coordenador da pastoral da juventude na diocese, Pedro Samudio.
Segundo ele, a peregrinação teve uma resposta inesperada para um dia de semana com pessoas de diferentes idades, de crianças a idosos, e de várias pastorais participando do evento. Pedro afirmou que a maior dificuldade em trabalhar a pastoral juvenil local é o baixo nível de educação escolar de boa parte dos jovens o que dificulta o trabalho com os subsídios da pastoral juvenil.

Despedida
Na quinta-feira (6) pela manhã jovens da arquidiocese de Assunção levaram a Cruz e o Ícone de Maria para uma despedida final na Nunciatura Apostólica, a embaixada do Vaticano no Paraguai. Dali os símbolos seguiram em viagem para o Uruguai. A peregrinação em Montevidéu, capital uruguaia, começou hoje (7).

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