O carinho de Deus em perdoar os pecados de seus filhos foi o centro da homilia do o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude,, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Vilson Basso, durante a celebração da missa nessa quarta-feira (28), durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Cracóvia, na Polônia.
O Evangelho descreve o encontro de Jesus com uma mulher adúltera que seria apedrejada, segundo, as leis judaicas. Segundo dom Vilson, a atitude de Jesus, em ter um olhar de misericórdia para aquela mulher, revela que o perdão de Deus, ultrapassa a rigidez e a frieza da lei acariciando as feridas de nossos pecados.
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Confira na íntegra a homilia:
Jesus vai além da lei e perdoa, acariciando as feridas de nossos pecados. Deus não se cansa de cuidar de nós, carreguemos nossa vida no amor incondicional de Dele por nós.
O adultério, como a blasfêmia e a idolatria, era considerado um pecado muito grave e era punido com a pena de morte por apedrejamento.
Na passagem da mulher adúltera, encontramos Jesus ali sentado, em meio a tanta gente, como catequista a ensinar. Como nós aqui hoje na JMJ.
Os escribas e fariseus não se importavam com a mulher, não se importavam com os adúlteros. Aliás pode ser que até alguns deles fossem adúlteros.
Jesus disse que queria ficar a sós com a mulher e lhe falar ao coração.
Quem de vós não tem pecado, atire a primeira pedra. E o povo foi embora lentamente, a começar pelos mais velhos.
E aparece o Jesus confessor: olha para ele e pergunta: Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou? Estamos sozinhos eu e você. Você diante de Deus. Sem acusações, sem palavras inúteis: você e Deus.
A mulher não se proclama vítima de uma falsa acusação. Ela reconhece o seu pecado: Ninguém, Senhor, me condenou.
Nem eu te condeno. Vá, e de agora em diante, não torne a pecar.
Jesus perdoa.
Mas existe aqui mais do que o simples perdão. Jesus vai além da lei. Não diz a ele que o adultério não é pecado, mas não a condena com a lei. É exatamente este o mistério da misericórdia de Jesus.
Para fazer misericórdia, Jesus ultrapassa a lei que condenava ao apedrejamento. Tanto que diz: vai em paz.
A misericórdia é algo difícil de entender; não apaga pecados. Mas a misericórdia é a maneira com a qual Deus perdoa.
Jesus podia dizer: eu te perdoo, vai. Como dissera ao paralítico: os teus pecados estão perdoados.
Neste caso, Jesus vai além e aconselha a mulher a nunca mais pecar.
Aqui se vê a atitude misericordiosa de Jesus: defende o pecador de seus inimigos, defende o pecador de uma condenação justa.
Isto também é válido para nós: Quantos de nós talvez merecêssemos uma condenação. E seria inclusive justa. Mas Ele perdoa. Como? Com a misericórdia, que não apaga o pecado: é apenas o perdão de Deus que o apaga, enquanto a misericórdia vai além.
É como o céu: contemplamos o firmamento com tantas estrelas, mas quando nasce o sol, com toda a sua luz, as estrelas não podem mais ser vistas.
Assim é a misericórdia de Deus: uma grande luz de amor e de ternura, porque Deus não perdoa com decreto, mas com uma carícia.
Deus perdoa acariciando nossas feridas de pecado, porque Ele é todo perdão, comprometido com a nossa salvação. (O nome de Deus é misericórdia – Papa Francisco pag.19-24)
Lembram da mãe amamentando a criança logo depois do acidente de moto: ela não está preocupada de quem foi a culpa do acidente, quem fez isso ou aquilo, não julga e nem condena. Ela se preocupa com a carícia, cuidar, dar de mamar para que a criança se sinta serena e segura nas mãos da mãe, ao lado do Pai.
É grande a misericórdia de Deus, é grande a misericórdia de Jesus: perdoa nos acariciando.
Vivamos, experimentemos estas carícias de Deus em nossa vida e missão. Assim seja.
Por Maria Amélia Saad, de Cracóvia