Aparecida 300 anos: A história da Mãe dos Brasileiros

Aparecida 300 anos: A história da Mãe dos Brasileiros

A Romaria da Juventude se aproxima! Jovens de todos os lugares do Brasil estarão celebrando os 300 anos da aparição da Imagem da padroeira de nosso País, A Imaculada Conceição Aparecida. E para que você entenda ainda mais sobre esta belíssima devoção, o Jovens Conectados traz uma série com três artigos, falando sobre a história da “Mãe dos brasileiros”. Os textos são de autoria da jovem historiadora Jéssica Rabello, devota apaixonada de Nossa Senhora, que escolheu o tema de Aparecida 300 anos para sua pesquisa. 

De cor negra. Católica. Manto azul com a bandeira do Brasil. Coroa e proclamada Padroeira do Brasil. A imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida é conhecida por todos nós, que carinhosamente a chamamos de “Mãe dos brasileiros”. Podemos encontrar uma imagem de Nossa Senhora Aparecida em diversos lugares, além de nossas casas e de nossas paróquias, mas uma pergunta sempre me vem a cabeça: “Será que as pessoas conhecem a história dela?”. Agora, eu pergunto a você que está lendo, conhece a história dela? Até pouco tempo atrás eu não conhecia. Acho que, na verdade, a deixava um pouco de lado. A paróquia da qual frequento é mariana, dedicada a Nossa Senhora de Fátima e por mais que tenhamos uma imagem de Nossa Senhora Aparecida sua história e devoção ficavam apagadas diante das origens portuguesas da comunidade. Após a indicação de leitura de um professor na faculdade que comentava sobre Aparecida, tomei coragem e fui procurar conhecer quem era realmente a Padroeira do Brasil. Por isso, estou aqui com vocês para compartilhar o que aprendi e, como neste ano comemoramos os 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora, é importante conhecer mais sobre a história desse grande presente dado por Deus a nós.

A história de Aparecida começa em 1717, em uma pequena vila de Guaratinguetá, interior de São Paulo. Devido à visita do novo governador da capitania, Pedro de Almeida Portugal mais conhecido como Conde de Assumar, foi organizada uma grande recepção e por isso todos os pescadores da região foram convocados para levar peixes à Câmara Municipal. Entre os pescadores que foram chamados estavam Felipe Pedroso, João Alves e Domingos Garcia. Os três lançaram insistentemente suas redes no Rio Paraíba, mas não conseguiram pescar nada. Sem desistir, João Alves, ao jogar novamente a sua rede, teria sentido um peso ao puxá-la. Ao retirá-la da água, os pescadores perceberam um objeto escuro que seria o corpo de uma imagem de Nossa Senhora, porém, sem a cabeça. Eles guardaram a imagem no barco e logo após jogaram a rede de novo no rio. Ao puxarem a rede novamente, teriam encontrado a cabeça da imagem. Então, quando voltaram para a pesca, tiveram grande sucesso, a ponto de encherem o barco e ficarem com medo de afundar.

Após a pesca milagrosa, a imagem encontrada foi identificada como sendo de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Um dos pescadores, Felipe Pedroso, ficou com a imagem e construiu um altar e um oratório para ela em sua casa. A família de Pedroso realizou diversas reuniões com a comunidade em torno da imagem para rezar o terço. Foi neste período, quanso a comunidade se reunia em torno de Nossa Senhora Aparecida para rezar o terço, que aconteceu o primeiro milagre! Em um sábado à noite, quando todos estavam reunidos em torno da imagem rezando, as velas que estavam próximas a Aparecida se apagaram sem motivo algum, pois contam que a noite estavam tranquila e sem vento. Quando uma jovem se aproximou para acendê-las, as velas reacenderam sozinhas e, todos espantados, começaram a gritar “Milagre! Milagre! Milagre!”. O Milagre das Velas, como é chamado, tocou muito a população, que passou a frequentar cada vez mais a Capela de Nossa Senhora Aparecida. Durante o governo paroquial do padre José Alves Vilela, pároco da Paróquia Santo Antônio de Guaratinguetá, a devoção a Nossa Senhora de Conceição Aparecida foi crescendo por causa da sua proximidade com a família dos pescadores e do apego popular à santa. Em 1743, o padre José Vilela pediu ao Bispo do Rio de Janeiro[1], Dom João Cruz, a oficialização da devoção, que foi concedido no mesmo ano. Uma curiosidade é que o nome “Aparecida” foi acrescentando pela devoção popular ao nome da santa por ela ter aparecido no Rio Paraíba.

Outro milagre famoso dedicado a Nossa Senhora Aparecida é sobre um escravo que havia fugido e estava sendo reconduzido a fazenda pelo seu senhor. Ao passarem pela capela, o escravo pediu para entrar e fazer uma oração. Enquanto ele orava, repentinamente, suas correntes caíram, deixando intacto o colar que pendia de seu pescoço. Esse milagre teria acontecido no século XIX, mas não temos a data precisa. A corrente usada pelo escravo encontra-se até hoje pendurada na parede da Basílica Velha, sendo que a igreja foi inaugurada apenas em 1888. O Santuário que hoje conhecemos começou a ser construído em 1951, levando 29 anos para ficar pronto.

De toda a história da aparição da imagem que contei para vocês, o que mais chama a minha atenção é a atitude dos pescadores. Depois de horas de trabalho no Rio Paraíba, ao encontrarem as duas partes da imagem eles fizeram uma escolha que é inacreditável. Talvez a reação de outros seria jogar os pedaços de novo no rio e desistir da pesca. Mas eles fizeram outra escolha, guardaram a imagem e continuaram firmes e esperançosos para pescar. Diante desta cena, não tem como não comparar ao convite de Jesus feito a Pedro, que mesmo depois de uma noite inteira de pesca sem sucesso, volta ao barco e escuta o seu mestre. Os três pescadores confiaram na intercessão de Nossa Senhora por eles e, em agradecimento, construíram uma capela para ela e com a oração constante do terço.

Essa pequena reflexão nos leva à pergunta: como tem andado a sua devoção à Mãe que nos foi dada? Por meio da oração do terço grande graças já foram e são constantemente alcançadas. Somado a isso, nos mostra que o melhor caminho para chegar até Cristo passa pela sua Mãe, que carinhosamente chamamos de Aparecida. Que Deus conceda a cada um de nós a mesma perseverança e confiança tiveram os pescadores Felipe Pedroso, João Alves e Domingos Garcia. E que, neste Ano Mariano e de comemoração dos 300 anos de Aparecida seja uma oportunidade para você conhecer mais sobre Maria e a sua importância para a Igreja.

No próximo texto, falaremos sobre personagens importantes que escreveram, visitaram e se admiraram com Nossa Senhora Aparecida! Até lá, compartilhe esse texto e a página dos Jovens Conectados com seus amigos!

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[1] Mesmo a região de Guaratinguetá do Norte fazendo parte de São Paulo, o Bispo do Rio de Janeiro que era responsável pela sua administração.

Por Jessica Rabello, Historiadora e Mestranda da Universidade Federal Fluminense
Arquidiocese do Rio – Vicariato Jacarepaguá – Paróquia Nossa Senhora de Fátima

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